A brutal cena de violência ocorrida na Praça Jonathas Pedrosa, no cento da capital, quando um grupo camelôs agrediu um acadêmico de comunicação da Uniron, com socos e pontapés, no momento em que o estudante preparava um trabalho sobre o mundo sombrio da pirataria, projeta uma situação para a qual as autoridades, sobretudo municipais, precisam voltar suas vistas.
Não é de agora, que o centro comercial de Porto Velho virou terra de ninguém, com camelôs impondo regras de conduta e ameaçando os que insistem em cruzar seu caminho, especialmente as autoridades municipais, que, na ausência de ações coercitivas, vivem sempre ameaçando suscitar medidas destinadas a conter o espraiar sempre crescente das mesas de bugigangas pelas principais ruas da cidade.
É um absurdo a desorganização existente no centro da capital. Essa é uma situação que, deixada a correr como está, tende a piorar cada vez mais, criando para as futuras administrações um problema de solução até mesmo dramática.
Ontem, foi um fiscal da prefeitura. Hoje, um universitário. E a manhã, quem será a próxima vítima de ambulantes, que armam as suas bancas e barracas por todo o centro da cidade, onde comercializam produtos pirateados, como DVDs, CDs, óculos, relógios, tênis e perfumes?
O problema da pirataria, no Brasil, é tão escandaloso que o Ministério da Justiça criou o Conselho Nacional de Combate à Pirataria (CNCP), presidido por Luiz Paulo Barreto, secretário-executivo do Ministério.
Além de praticar concorrência desleal com os comerciantes que pagam um cipoal de impostos, taxas e contribuições, a camelotagem constitui uma afronta inominável à lei e às autoridades constituídas.
O dever primordial do administrador público é com o bem-estar da coletividade, ainda que isso signifique contrariar privilégios de terceiros, de grupos políticos, empresariais ou à própria vaidade. O interesse social precisa estar sempre em primeiro plano, acima de quaisquer outras prerrogativas.
Pensar o contrário, permitindo a alteração da ordem e deixando que a perturbação tome conta do centro comercial da capital, representa um desserviço prestado ao município e, principalmente, à sociedade.