“IMBECILIDADE RELIGIOSA” – UMA CRÍTICA - Por Francisco Campos

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Foto: Divulgação

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Foi sem surpresa que li o artigo do prof. Antônio Queiroz (O Estadão, 8 e 9 de março, pág. 2, 1º caderno), intitulado “Imbecilidade religiosa”, sobre a postura de Dom José Cardoso, arcebispo de Olinda e Recife, a respeito do caso da menina de Lagoinha/PE, que, estuprada pelo padrasto, ficou grávida de gêmeos, os quais foram abortados. O texto acusa o bispo católico de ser insignificante, arrogante, prepotente, imbecil. Não bastasse isso, o articulista desanca a Igreja Católica, agitando os espantalhos de sempre: Inquisição, escândalos de pedofilia e aquelas lendas negras que qualquer historiador mais sério rejeita. Ou seja, usa o manjado argumentum ad hominem, para justificar o seu posicionamento. Segundo Queiroz, a Igreja, na voz de Dom José, não teria moral para excomungar quem “praticou o bem para uma criança”. No arremate, o nobre articulista afirma: “sou católico apostólico romano e Jesus Cristo é meu grande amigo”. Triste para a Igreja Católica ter católicos assim: que desconhecem as coisas mais básicas do Catolicismo. Triste para o jornalismo ter profissionais assim: que agem movidos por paixões e discursos inflamados.

Que o jornalista tem direito de discordar da posição da Igreja, é um fato. Mas, em nome da correta informação, e da honestidade intelectual, ele tem a obrigação de embasar o seu posicionamento. O que lemos no texto citado não é o ponto de vista organizado e lógico de um articulista, mas uma agressão. Dom José Cardoso é pintado como se fosse o maior vilão dessa história. Ou seja, o jornalista faz aquilo que sugere no primeiro período do seu artigo: cala a voz do Arcebispo e o acusa de maneira violenta, arrogante e prepotente.

O que Dom José Cardoso fez não foi um disparate; foi um ato de coragem, pois é visível em setores “ideologizados” da imprensa e nas “universidades” um profundo anticatolicismo. Para muitos, católico bom é o católico calado. Afinal se pede tolerância para todas as crenças, menos para a católica, ainda mais se for de linha conservadora. Como católico, o prof. Queiroz deveria saber, pois está no Catecismo, que “a vida humana é sagrada porque desde a sua origem ela encerra a ação criadora de Deus e permanece para sempre numa relação especial com o Criador, seu único fim”. Apesar de serem frutos de um ato perverso, os gêmeos eram, sim, criaturas de Deus. E diz mais o Catecismo: “só Deus é o dono da vida, do começo ao fim; ninguém, em nenhuma circunstância, pode reivindicar para si o direito de destruir diretamente um ser humano inocente”. O Estado, por meio de uma lei, autorizou o aborto dos gêmeos, mas a pergunta continua: isso é de acordo com a Lei de Deus, que diz: “Antes mesmo de te formares no ventre materno, eu te conheci; antes que saísses do seio, eu te consagrei” (Jeremias 1,5)?

Essas regras da Igreja sobre o aborto não são de hoje. No séc. I da Era Cristã, a Didaqué já dizia: “não matarás o embrião por aborto e não farás perecer o recém-nascido”. Ao excomungar os médicos e a mãe da menina (a menina não foi excomungada), a Igreja quer manifestar “a gravidade do crime cometido, o prejuízo irreparável causado ao inocente morto, a seus pais e a toda a sociedade”. Não é Dom José Cardoso quem excomunga. No caso do aborto, um crime quase sempre cometido na clandestinidade, a excomunhão é latae sententiae, isto é, ocorre sem a necessidade de alguma autoridade eclesiástica se pronunciar. Porém, a Igreja permanece de portas abertas para aquele que se arrepender verdadeiramente. Em caso de não-arrependimento, o abortista vai se ver com Jesus Cristo, pois é Ele o maior Juiz. Tudo muito simples. Qualquer católico bem catequizado sabe disso.

E também é forçoso lembrar que a própria Constituição preceitua o direito à vida aos cidadãos brasileiros. E o que a menina levava no seu ventre não era lama, ou um tumor, lixo: eram duas pessoas, dois cidadãos, com os mesmos direitos de todos nós.

Dizem que não há pena de morte no Brasil. Balela! Um crime foi cometido: uma menina foi estuprada seguidamente por três anos. O criminoso vai passar uma temporada na cadeia. Depois, se tiver bom comportamento, volta para o seio da sociedade. Já os gêmeos, gerados e ao aguardo da luz, foram assassinados, sem discussão, sem direito à defesa. Os supostos erros de Dom José Cardoso, quais foram? Defender essas vidas. Revelar aos homens entorpecidos pelo relativismo de hoje que a Lei de Deus é imutável. E mostrar que uma vida, por mínima que seja, vale a pena. E que é preciso lutar por ela.

Há uma outra questão. Os médicos que cometeram o abortamento alegam que havia risco de morte para a menina. Não discordo disso: realmente é um peso imerecido para uma criança tão frágil. Mas será que a Medicina não teria a capacidade de garantir o bem-estar das três vítimas do caso? Não vi ninguém cogitar tal idéia na imprensa. Agora mesmo, no Rio Grande do Sul, um caso similar está ocorrendo, com uma menina de onze anos. Mas lá, ao que parece, a gestação não foi e nem será interrompida.

Como se vê, Dom José Cardoso não foi arrogante e muito menos insignificante, uma vez que o articulista se deu ao trabalho de criticá-lo violenta e injustamente. O Arcebispo defendeu apenas um ponto de fé caro à Igreja Católica e, creio eu, à grande maioria das igrejas protestantes, ao Espiritismo e até (sem contradição alguma) a muitos ateus. Em uma época em que a liberdade de expressão é exaltada, não é justo vilanizar o Arcebispo por ter uma posição embasada no mais castiço Catolicismo. E como diz a sabedoria popular: “um erro não corrige o outro”. Matar os gêmeos, sem que se tentasse um outro caminho, foi um erro abissal e sem volta.
, católico.
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