Mais de 60 presos do regime fechado já foram qualificados, disponibilizando profissionais ao mercado de Ariquemes.Uma iniciativa do Conselho de Direito da Comunidade visando à reinserção social de presos em Ariquemes tem sido desenvolvida através de parceria entre o Tribunal de Justiça de Rondônia e o Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai). Mais de 60 detentos do regime fechado do presídio local já foram qualificados.
“Além da possibilidade de qualificar as pessoas para que tenham uma profissão e oportunidades ao voltarem à liberdade, queremos gradativamente atingir também a família deles”, fala o juiz da 2ª vara criminal e de execuções penais, Arlen José Silva de Souza.
O projeto teve início em março de 2008 com cursos de qualificação profissional na área de construção civil. Foram formados pedreiros, pintores de obras e assentadores de cerâmica. Também foram oferecidos cursos nas áreas de solda, fabricação de pequenos objetos de madeira e corte e costura industrial.
Na última quinta-feira, 29 de janeiro, teve início uma nova turma, agora no curso de eletricidade predial, com 16 alunos. Em 15 de fevereiro inicia outra turma de corte e costura industrial. Ainda neste mês também está previsto o início do curso de marcenaria.
As aulas são ministradas por instrutores da Escola SENAI de Ariquemes dentro do presídio. Uma escola de formação será inaugurada no local em março, construída pelos próprios alunos. São duas salas de aula e dois laboratórios (informática e corte e costura).
Inserção social
“Somos uma sociedade do trabalho. As únicas coisas que podem salvar uma pessoa são a educação e o trabalho”, diz o instrutor Zaqueu Ferreira. “Muitos alunos comentam ao ver as paredes levantadas das salas: ‘rapaz, eu nunca pensei que fosse capaz de fazer uma coisa dessas’”, continua Zaqueu.
Os requisitos para freqüentar as aulas são bom comportamento e proximidade de progressão de regime no cumprimento da pena. “Você sai de lá como se tivesse uma tarja preta, a sociedade exclui. Com o curso você fica capacitado, só volta para o crime se quiser”, fala Sandro Rogério, que fez os cursos de pedreiro, pintor e assentador de cerâmica.
Construindo a liberdade
Sandro realiza alguns serviços no Fórum de Ariquemes através do projeto “Construindo a liberdade”, um convênio entre o TJ e a Prefeitura Municipal de Ariquemes. Os melhores profissionais formados nos cursos do Senai são selecionados e recebem 75% do valor do salário mínimo, e outros 25% vão para o Fundo Penitenciário, uma espécie de contrapartida para custear as despesas dos presos.