Política em Três Tempos - Por Paulo Queiroz

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Foto: Divulgação

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1 – ANÍBAL E CASARA Atende pelo nome de José Aníbal Peres Pontes o demiurgo protetor do ex-deputado federal Hamilton Casara, a cujos superpoderes deve ser creditada a façanha de impedir que a secção rondoniense do PSDB fosse tomada de assalto por tropas comandadas supostamente pelo governador Ivo Cassol (PPS) e evitar que o ex-parlamentar fosse apeado da presidência do Diretório Regional da agremiação. Na verdade, Peres Ponte vem a ser o deputado federal José Aníbal (PSDB-SP), mas não imagine o leitor que seja um congressista qualquer e que o sobrenatural tenha, de fato, algo a ver com a robusteza política que andou exibindo por aqui - nesta sexta-feira (21) em Porto Velho e Guajará Mirim e no sábado em Ji-Paraná -, aonde veio para, entre outras coisas, recepcionar a filiação do deputado estadual Euclides Maciel (ex-PSL) às fileiras tucanas. Não é qualquer coisa e nem é para qualquer um. Pelo tamanho da proeza, torna-se irresistível comparar o poder do representante paulista junto ao alto cardinalato tucano ao do xará histórico, o general cartaginês no auge do prestígio militar conferido pelas seguidas vitórias sobre os romanos na primeira guerra púnica. Pois para segurar Hamilton Casara na presidência do PSDB rondoniense, leitor, o Aníbal local foi capaz de resistir, conter e desmobilizar o ataque declarado de um senador e de cinco deputados estaduais, afora possíveis forças amoitadas na retaguarda integradas hipoteticamente por um deputado federal e, a essa altura claro, um governador. A coluna está em condições de informar que, não fora a intervenção de José Aníbal, neste momento estariam filiados - ou se filiando até o final do mês – ao PSDB o senador Expedito Júnior (PR) mais os deputados estaduais Alexandre Brito (PSDC), Ezequiel Neiva (PPS), Luiz Cláudio (PTN), Valdivino Tucura (PRP) e Tiziu Jidalias (PMDB) – este já taxidermicamente emplumado para ser empoleirado no galho de Casara. Repare o leitor que o deputado Euclides Maciel não havia sido perfilado nessa tropa. 2 – ALTA PLUMAGEM Conquanto tenha tomado a providência de desmentir energicamente e de imediato, a identificação do deputado federal Moreira Mendes (PPS) com o Palácio Presidente Vargas mantém serelepe a suspeição de que a sua filiação ao PSDB tenha, em algum momento, existido como possibilidade. Movimentando todos os cordéis o tempo todo estaria, por supuesto, Ivo Cassol, que retornaria ao partido pelo qual obteve o primeiro mandato de governador, de onde teria saído para não ser expulso e a bordo do qual comandaria a sucessão, reservando para si a marcha triunfal rumo ao Senado. E olhe que, nesse particular, não vai aí qualquer gabolice governamental, porquanto apenas os adversários mais recalcitrantes duvidam que Cassol seja, hoje, capaz de se eleger a qualquer cargo que a lei permitir nestas brenhas. E na pisada em que vai, chega a 2010 ainda mais fortalecido – se é que isso é possível (voltaremos especificamente a esse assunto na próxima coluna). Não há, leitor, na crônica da política partidária nacional um caso em que um governador deu com os burros n’água ao tentar ocupar um partido para desalojar da sua direção um político sem mandato, ainda mais após ter-se juntado nessa empreitada a um senador, a um deputado federal e a sete deputados estaduais - observe o considerado que o deputado Maurinho Silva, único tucano do pedaço saído das urnas com mandato em 2006 e desde então postulante ao cargo de Casara, ainda não havia sido mencionado. Difícil conceber. Mas, como se disse, José Aníbal é o que se pode chamar de tucano de alta plumagem. No partido há 17 anos, foi secretário de Estado (Ciência e Tecnologia) no governo Mario Covas (Geraldo Alckmin), além de presidente nacional da sigla por dois anos e meio a partir de 2001. Membro nato do Diretório Nacional da legenda e no exercício do quarto mandato na Câmara, seu nome é variável graúda e obrigatória em qualquer equação política objetivando todo e qualquer projeto de poder do partido de São Paulo para cima. 3 – CAVALO DE TRÓIA Quem não conhece o detalhe a essa altura estará se perguntando por que raios um dirigente partidário desse tope, nas circunstâncias descritas, decide assumir a defesa de um ex-parlamentar em luta tão renhida? Entre outras coisas, leitor, tanto quanto Hamilton Casara, o deputado José Aníbal é natural de Guajará Mirim, de onde saiu aos 10 anos para se tornar o que é. Claro que razões telúricas seriam insuficientes não fora Casara um profissional e quadro partidário para lá de qualificado, no caso, algo bastante valorizado pelo conterrâneo, de resto, notabilizado pelos padrões de decência que o fizeram o vereador mais votado do país em 2004 (166 mil votos na capital paulista). Convém informar que, além de dirigente partidário de elevado prestígio, José Aníbal é um intelectual sofisticado, tendo estudado no Chile e na França (onde se abrigou durante a ditadura) e, ao retornar, integrado a coordenação da campanha das diretas-já ao lado de gente como Ulysses Guimarães, Franco Montoro, Mario Covas, Fernando Henrique e José Serra. À coluna, na breve entrevista dada na sede do Diretório do PSDB na sexta-feira, confirmou a informação do repórter acerca das propostas de filiação dos políticos citados anteriormente e foi claro: para entrar no PSDB rondoniense só por intermédio de Hamilton Casara. Por cima, nem o trem. Político, mais do que elegante, não confirmou a história segundo a qual o partido terminaria por expulsar Cassol caso o governador não tivesse saído. Quanto a um possível retorno do governador aos quadros da agremiação, nada obsta, mas é a Casara que devem ser encaminhadas as propostas de filiação e é o presidente regional da sigla quem vai conduzir as eventuais negociações. Detalhe: o único tucano saído das urnas com mandato em 2006, deputado Maurinho Silva, não participou do encontro. Acerca da hipótese levantada pelo jornalista Carlos Sperança, de que a filiação de Euclides Maciel faria parte de uma operação batizada pelo articulista de “Cavalo de Tróia”, destinada materializar pela ocupação lenta e gradual do partido pelos “cassolistas” o que não foi possível fazer no tranco, o próprio deputado estadual – único político com mandato rondoniense presente - jurou fidelidade e subordinação incondicionais ao presidente Hamilton Casara, requisitos que disse ter comunicado a ninguém menos do que ao governador Cassol. Quer dizer, se não tem algo a ver, parece.
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