O tratamento de combate ao vício do fumo envolve, além da dependência química, a psicológica. Quem fuma está condicionado a responder estímulos externos, agindo de forma impulsiva e irrefletida. A psicologia, por meio de técnicas comportamentais e terapias, dá condições para que o fumante supere o vício do fumo de forma definitiva. O trabalho de acompanhamento psicológico é realizado conforme as necessidades da pessoa. Neste processo, o psicólogo irá trabalhar no fumante as causas psicológicas do fumo e lhe fornecer condições de enfrentar o vício.
Segundo a psicóloga Elgislane Demétrio de Araújo, fumar, para o psicanalista Freud, está relacionado com a fixação que a pessoa tem na região da boca devido. Quando a fase oral, que ocorre na infância, não é superada, ocorre fixação na estrutura sensorial da boca. Mania de roer as unhas, mexer a boca e até o vício do cigarro, são evidências disso.
Em um momento de insegurança, ansiedade ou até alegria, a pessoa ligada na estrutura oral, manifesta reações bucais. Por meio destas manifestações, ela busca sentir prazer oral, liberação de adrenalina, êxtase.
Na terapia, o psicólogo irá buscar outra fonte de satisfação, direcionar essa fixação oral que resulta no fumo, para outro objeto, ou até gerar uma forma diferente de sentir prazer.
A psicóloga Elgislane diz que não há uma fórmula mágica para o abandono do fumo, nem um tratamento infalível. O processo envolve um conjunto de fatores, como o tratamento médico, a motivação da pessoa, o apoio familiar e, inclusive, o apoio psicológico.
A chefe do Setor de Psicologia, Silvia Cury Ismael, do HCor – Hospital do Coração de São Paulo, realizou uma pesquisa sobre o tratamento ao vício do fumo. A conclusão é que há um aumento de 20% no sucesso do tratamento quando há apoio psicológico. “Isto mostra que o fumante não pode ser apenas tratado do ponto de vista físico, mas também do psicológico, diz Silvia”.