*A Campanha da Fraternidade de 2007 convida os brasileiros a voltar seus olhos para a Amazônia. Com o tema
“Fraternidade e Amazônia” e o lema
“Vida e missão neste chão”, Dom Moacyr Grechi abriu a Campanha na Arquidiocese de Porto Velho, nesta Quarta-feira de Cinzas, dia 21 de fevereiro, no Auditório do Centro de Pastoral.
*A Quaresma no Brasil traz uma temática importante para ser refletida, não só para os cristãos, mas para o conjunto da sociedade brasileira. Dessa vez é a Amazônia. Essa Campanha vem exatamente no momento em que o aquecimento global é apontado como o maior de todos os predadores da grande floresta.* Fala-se abertamente na sua savanização, isto é, redução a uma mata rala e sem grande biodiversidade. Ela ainda iria queimar com mais facilidade, emitir mais gás carbônico, intensificando o efeito estufa. Perderia também sua capacidade de fixar CO2, portanto, de purificar o ar do planeta. Perderia grande parte de suas águas pela evapotranspiração. Em poucas décadas não seria mais que uma trágica memória do que ainda é. Some-se ao aquecimento global a derrubada da floresta para venda da madeira, depois plantio de capim para pastagem, depois cultivo de soja, até a degradação rápida dos solos.
*Com esse conjunto de ações vem a apropriação das terras das comunidades tradicionais e indígenas, o trabalho escravo, a violência contra ambientalistas, religiosos e defensores dos direitos humanos. Portanto, essa CAMPANHA DA FRATERNIDADE insere-se no horizonte da crise global que atravessa a humanidade e diante do qual tudo o mais parece perder relevância. É uma Campanha que convida cada brasileiro, principalmente em comunidade, a olhar para seu próprio bioma. Assim, estaremos olhando para a Amazônia, mas também para o Cerrado, a Caatinga, o Pantanal, a Mata Atlântica e os Pampas. Estaremos refletindo sobre o que fazemos com a criação que Deus nos deu.
*Mas a Amazônia também faz pensar em situações humanas e questões sociais preocupantes: indígenas perturbados em seu espaço e agredidos em suas culturas; esvaziamento do território, já tão pouco povoado, crescimento caótico dos grandes centros urbanos, conflitos sociais por causa da disputa pela posse das terras, iniciativas econômicas inadequadas ao ambiente. O impacto da globalização econômica e cultural sobre as populações originárias e tradicionais gera migrações e desenraizamento social, cultural e religioso.
*No coração da Amazônia constatam-se problemas sociais típicos de áreas metropolitanas e industriais do centro-sul do País: falta de estruturas e de serviços públicos nas extensas áreas suburbanas, desemprego, degradação dos costumes, desagregação familiar e muita violência. Na Amazônia está acontecendo um grave transtorno de fundo antropológico, com a perda irreparável de inestimáveis riquezas humanas e culturais das populações locais.
*Hoje, novos e grandes desafios são postos à ação evangelizadora da Igreja: milhares de migrantes de todas as partes do Brasil entraram nas novas áreas de povoamento e necessitam de assistência religiosa e pastoral, além de estruturas para a assistência social e a vida eclesial. Os recursos humanos e materiais são escassos para a imensidade da missão. Muitas vezes, a Igreja precisa mediar conflitos ou defender as populações expostas à ganância do poder econômico. Com freqüência, é ao abrigo de suas capelas e comunidades eclesiais que o povo pobre encontra espaço para o reconhecimento e a afirmação de sua dignidade.
*A prática da solidariedade pode expressar-se em duas direções nesta CF: a) em iniciativas solidárias em favor dos povos da Amazônia, apoiando e reforçando suas lutas e suas propostas de convivência com o seu bioma, e b) em iniciativas realizadas em outras regiões do País, em cada localidade e comunidade, que nascem inspiradas pelo que se descobriu na reflexão sobre a Amazônia, e que são necessárias para melhorar as condições de vida em todas elas e para que a Amazônia possa seguir um caminho alternativo de desenvolvimento econômico, social, político e cultural. Só com mudanças na organização da estrutura fundiária e no jeito de utilizar a terra e a água nos demais biomas brasileiros, por exemplo, será possível implementar formas de desenvolvimento que convivam com a floresta e com as águas da Amazônia. Por isso, pode ser que mudanças de mentalidade, fruto da conversão quaresmal, em relação ao tão decantado progresso, ao consumismo que leva à dependência do mercado capitalista globalizado, e mudanças em nosso estilo de vida sejam até mais importantes que as ações diretamente voltadas para a região amazônica.
*A defesa da Amazônia e a promoção de seu desenvolvimento sustentável e não predatório virá em benefício não só da população amazônica, mas de todos os brasileiros e brasileiras e dos habitantes de todo mundo. Não podemos assistir impassíveis à destruição desse patrimônio natural e cultural, do qual tanto depende o futuro bem-estar do Brasil, do continente americano e da humanidade.
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