Maria da Penha Fernandes, palestrando durante o ?Simpósio Lei Maria da Penha?,
na noite desta sexta-feira, na Ulbra, disse que o descrédito dos órgãos de
justiça é a principal causa do pequeno número de denúncias de agressão contra
a mulher no Brasil.
Convidada para palestrar sobre a Lei 11.340 pela Seccional Rondônia da Ordem
dos Advogados do Brasil, Maria da Penha lamentou que 90% dos processos referentes
a agressões contra a mulher, dirigidos a 1ª Vara Criminal, são arquivados.
Segundo ela, a medida faz com que as mulheres busquem cada vez menos a punição
para seus agressores. ?Se a mulher vê que quem deveria protegê-la não o faz,
ela simplesmente não procura mais a delegacia e se submete aos maus tratos
dos agressores?, alertou.
Em resposta ao comentário da palestrante, a presidenta do Tribunal de Justiça,
Zelite Andrade Carneiro, disse que as mulheres não devem perder as esperanças
nas instituições de justiça nem nos órgão públicos. ?Temos que acreditar
que a justiça se organizará. Devemos lutar para que a lei seja aplicada a
contento?, disse.
Segundo Maria da Penha, a causa de toda violência doméstica é o falso pensamento
de que a mulher é inferior ao homem. ?Mesmo sendo mais frágil a mulher é
igual ao homem. Essa falsa inferioridade é fruto de uma cultura machista?,
explicou Maria da Penha.
Em seu discurso, Maria da Penha repudiou o comentário do juiz do Mato Grosso
que atribuiu à mulher a causa do mal na terra. ?É lamentável que essa aberração
venha do Matogrosso, estado pioneiro na implantação da Lei Maria da Penha?.
Campanha da Fraternidade
Lei Maria da Penha pode virar tema da Campanha da Fraternidade. O anúncio
foi feito na noite desta sexta-feira pela própria Maria da Penha que palestrou
há poucos momentos no Simpósio que leva o nome da lei.
Para garantir a inclusão da lei no tema da campanha, Maria da Penha está
promovendo um abaixo assinado que ao final das assinaturas será encaminhado
à Confederação Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB).