* Um ditado corre entre profissionais da área de imprensa. Diz o seguinte: jornalista não tem amigos, tem fontes.
*Alguns jornalistas discordam, achando que jornalistas são amigos tão leais e verdadeiros quanto qualquer outro tipo de pessoa. Pouco interessa este tipo de interpretação.
* O mais importante é lembrar que todos aqueles que labutam na área de jornalismo têm uma característica comum, o exercício da coleta de informações. Estas podem surgir em conversas formais ou não.
* É um fato que preocupa políticos, autoridades e naturalmente os próprios jornalistas.
* Por estes fatos estranhos que a vida oferece um jornalista amigo ou companheiro de hoje pode se tornar o algoz de amanhã, utilizando informações estratégicas contra colegas de profissão.
*A prática, lesiva e repetitiva, não é nova. A história do jornalismo está cheia de exemplos, com embates mais ou menos gabaritados. Dom Pedro I costumava escrever para jornais utilizando pseudônimos para atacar seus adversários políticos. Utilizava palavrões mesmo, não poupando a mãe de seus desafetos.
* A prática foi quase eliminada pela evolução da profissão de jornalista, mais ou menos regulamentada por volta de 1930, quando Getúlio Vargas precisava ter o controle da imprensa através do Departamento de Imprensa e Propaganda, conhecido como DIP, cadastrando os profissionais da área para vigilância e perseguição política.
* Durante a ditadura militar a profissão viria finalmente ganhar novo alento com um ato administrativo dos dirigentes, confirmando o profissionalismo para melhorar a vigilância sobre as redações.
* Um ato ditatorial ajudou a implantar uma das profissões mais cobiçadas do mercado brasileiro, ainda que não tão bem remunerada. Inúmeros profissionais liberais estão loucos para poder assinar colunas e exercer a profissão de jornalista.
* O debate foi alimentado com a liminar da juíza Carla Rister, da 16ª vara federal de São Paulo, que entendeu que apenas um diploma de segundo grau era suficiente para assegurar o exercício da profissão. A liminar datada de 17 de outubro de 2001 sustentou a discussão até o dia 26 de outubro de 2005, quando foi cassada em instância superior.
*A simples cassação entretanto não eliminou os registros precários emitidos pelas delegacias regionais de trabalho espalhadas pelo país.
* Falta ainda a comunicação oficial do ministro do trabalho para que os registros provisórios sejam cancelados. Os advogados do Sindicato dos Jornalistas de São Paulo estão pressionando o ministério para que sejam tomadas as medidas cabíveis. Por enquanto a expedição de novos títulos precários de jornalista ainda é possível, para desconforto geral de estudantes e jornalistas profissionais defensores de diploma por todo o país.
*A celeuma deve durar mais uns dias. Quem desejar mais informações deve acessar o site fenaj.org.br, ou os sites dos sindicatos dos jornalistas do Paraná, Goiás, São Paulo e Santa Catarina, entre outros, para dirimir dúvidas. O site do Paraná é muito bem organizado o sindicato de lá é um exemplo de organização a ser seguido.
* Ah, quanto ao título do artigo. Jornalistas têm amigos, mas acreditam que tem uma porção de gente que é ótima apenas para ser fonte.
*Professor do curso de Comunicação Social da Faro