Lideranças da etnia cinta-larga ameaçam reagir com violência caso a Polícia Federal faça outra operação na reserva indígena Roosevelt, em Rondônia, onde acredita-se que exista um dos maiores veios de diamante do mundo.
Por meio de um advogado, afirmam que usarão flechas envenenadas, lanças e armas de fogo para resistir à entrada dos policiais.
A PF diz que existem ao menos três máquinas retroescavadeiras dentro do território trabalhando em garimpos comandados por índios. Em abril deste ano, a Folha revelou que a atividade garimpeira dentro da Roosevelt continuava. O extrativismo mineral em área indígena é proibido.
A disputa pela pedra causou, no dia 7 de abril de 2004, o assassinato de 29 garimpeiros por cintas-largas. Os índios disseram que mataram para proteger suas famílias.
"Vamos fazer uma reunião amanhã [hoje] com agentes do grupo operacional [que ajuda a fiscalizar o território] para decidir o que será feito", afirma Mauro Sposito, delegado da PF em Rondônia.
Ele afirma que o grupo deve "submeter a situação à Justiça", mas não especifica como isso será feito. "Pode até ser que façamos uma operação mesmo", diz.
Se há pouco mais de três anos os índios ainda brigavam com os garimpeiros pelo diamante, afirma o delegado, hoje eles costumam cooptar os invasores para trabalharem com eles na retirada.
Marcelo Cinta-Larga discorda. "Sempre propusemos ao governo que em nenhuma hipótese permitiríamos o ingresso de qualquer garimpeiro em nossa área, desde que o governo garanta a assistência social e promova a sustentabilidade de nosso povo", diz, em nota.
As declarações das lideranças indígenas foram motivadas pela publicação, na semana passada, de uma reportagem do jornal "Correio Braziliense" que falava sobre a possibilidade de uma nova ação da PF dentro da Roosevelt.
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