*Roubo, tráfico de influência, autorizações falsas, destruição da floresta em áreas de proteção ambiental; violência, corrupção e envolvimento ilícito de empresas e autoridades: esse é o resumo do caso que explodiu nessa quinta-feira no Estado. O assunto veio à tona quando a Secretaria de Desenvolvimento Ambiental do estado (Sedam), aplicou duas multas contra o gerente do Ibama de Ji-Paraná, Valmir de Jesus. Uma, no valor de R$ 900 mil, por participar de exploração ilegal de madeira na Reserva Legal em Bloco Margarida, em Nova União e outra de R$ 129 mil por consentir no arrendamento ilegal de 432 hectares de pastos existentes naquela reserva. Também foram apreendidas ali 700 cabeças de gado.
*Depois de quase um ano de investigações, a Sedam concluiu os trabalhos administrativos em torno do caso de graves danos ambientais causados com o consentimento de Valmir de Jesus, que como dirigente do Ibama deveria proteger a floresta e não ajudar a destruí-la, segundo relatório oficial. Também estão envolvidas no escândalo várias outras pessoas, além de associações, empresários e servidores do Ibama.
*Segundo a Sedam, a Reserva Legal Margarida Alves é uma área com 258 propriedades rurais distribuídas pelo Inca através do programa de reforma agrária. Essa modalidade de reserva tem como mote mais importante a preservação da floresta nativa, da fauna e da flora, devendo manter intactos o biosistema e a biodiversidade.
*Entre as mais graves denúncias que envolvem o gerente do Ibama de Ji-Paraná, Valmir de Jesus, há uma que se refere à autorização dada por ele de entrega ilegal – segundo a Sedam – de 1.700 metros cúbicos de madeira, retirada da área e encaminhada à Associação Estadual de Cooperação Agrícola, AECA, ligada ao Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST) do estado. Ocorre que a AECA tem apenas quatro associados e recebeu, pela madeira que vendeu a terceiros, R$ 21 mil em dinheiro e 446 arrobas de boi num ano e outras 893 arrobas depois. Tudo ilegal, tudo irregular, tudo feito contra a lei, segundo a Sedam. Ficou comprovado durante as investigações que madeireiras, a AECA e o Ibama se mancomunaram para abater árvores vivas na Reserva Legal, beneficiando um pequeno grupo de pessoas. Engenheiros florestais que vistoriaram a reserva concluíram que na derrubada feita pelos invasores havia um potencial madeireiro de 16 mil metros cúbicos a ser explorado.
*Segundo as denúncias da Sedam, além das multas aplicadas, estão caracterizados vários tipos de crimes ambientais pelos envolvidos, incluindo até agressões físicas, queimas de moradias e destruição de produtos agrícolas plantados na reserva e colhidos pelos invasores para sua sobrevivência. Tudo, segundo as denúncias, tinha a mão do homem forte do Ibama de Ji-Paraná, Valmir de Jesus.