*O presidente da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) das Sanguessugas, deputado Antonio Carlos Biscaia (PT-RJ), afirmou hoje que o relatório da comissão deverá citar dois grupos de parlamentares envolvidos com a compra irregular de ambulâncias. Um dos grupos, formado por 50 parlamentares, listará aqueles contra os quais há provas consideradas contundentes. O outro grupo será formado por cerca de 20 parlamentares contra os quais a CPMI não obteve provas contundentes e poderiam ser objeto de novas investigações.
*O vice-presidente da CPMI, deputado Raul Jungmann (PPS-PE), e o sub-relator de Sistematização, deputado Carlos Sampaio (PSDB-SP), defenderam o envio de todos os nomes de parlamentares citados para o Conselho de Ética. Jungmann avalia que a comissão recomendará a perda de mandato de 75 ou 76 parlamentares.
*O relator da CPMI, senador Amir Lando (PMDB-RO), é quem vai decidir contra quais parlamentares será recomendada a abertura de processo no conselho.
Para o deputado Fernando Gabeira (PV-RJ), sub-relator da CPMI, o relatório será resultado de um amplo consenso entre o presidente, o vice-presidente, o relator e os sub-relatores. Jungmann também afirmou que o consenso está garantido, apesar do clima de tensão por causa das pressões dos investigados. "A pressão é normal, é parte do processo político", disse.
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Votação do relatório
*Biscaia informou que o relatório poderá ser votado amanhã, no mesmo dia de sua apresentação, se nenhum parlamentar pedir vista. A votação, se adiada, deverá ocorrer na próxima terça-feira (15).
*Para garantir o quorum mínimo de votação, que é de 19 parlamentares, a CPMI vai solicitar aos líderes partidários que convoquem os parlamentares de seus partidos a participar da reunião.
*O presidente da CPMI disse estar satisfeito com a conclusão das investigações de parlamentares em prazo inferior a 60 dias. Já a apuração da participação do Poder Executivo em esquemas de fraude deverá ser retomada após as eleições.
*Biscaia afirmou ainda que a reação de última hora de parlamentares que integram a lista dos 90 suspeitos, ao ligar para os dirigentes da CPMI e entregar defesas por escrito, não vai interferir nas conclusões do relatório.
*Fim do sigilo
*Segundo o presidente da CPMI, os documentos que fundamentaram o relatório serão liberados a qualquer interessado, inclusive os depoimentos reservados de Luiz Antônio Vedoin, sócio-proprietário da empresa Planam, que atuava no esquema de compra superfaturada de ambulâncias. Ontem, juiz Jeferson Schneider, da 2ª Vara Federal do Mato Grosso, determinou o fim do sigilo da investigação da "máfia das ambulâncias" por parte da Justiça Federal.
*Integrantes da CPMI se reuniram na manhã desta quarta-feira (09), em sala reservada na biblioteca do Senado, para discutir o relatório. O relator, entretanto, não esteve presente. Ao final da tarde, a CPMI deve realizar nova reunião, desta vez com a presença de Amir Lando.