A um preço muito alto, começa hoje e vai até domingo, 16, o carnaval baiano instalado em Rondônia há 10 anos denominado “Porto alegria”. As atrações do bloco “Maria Fumaça” para os quatro dias folia são: araketu, Babado Novo, Chiclete com Banana e bloco Eva. Segundo os organizadores do evento, são esperadas cerca de 400 mil pessoas para os dias de carnaval fora de época. Cerca de 8 mil dentro das cordas e 392 mil fora delas. Veja o custo para o Estado...
*O preço do “abadá”, vestimenta exigida para que o folião possa brincar o carnaval, está em torno de R$ 400 reais. Mas, não tem mais para vender. O negócio ainda pode ser feito no mercado paralelo que varia de preço dependendo da demanda e claro, a lei do mercado. Se a procura aumentar, o preço vai junto. Mas, esse não é o único preço do negócio.
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Violência
*Todos os anos são registrados casos desproporcionais de violências na área onde acontece esse tipo de carnaval. Assaltos, homicídios, latrocínios, agressões físicas, embriaguez, atentado violento ao pudor (estupro) e uma coleção de fatos típicos que assustam até os policiais que dão cobertura mantendo a ordem pública.
Segundo informações exclusivas ao nahoraonline, o comandante do 1º Batalhão de polícia Militar, major Renato Dziwovski, disse que nesse evento serão utilizados 400 policiais militares, sendo 200 PMs por dia, alternando os homens com um dia trabalhado e o outro de folga. No apoio logístico serão utilizados 10 motos, 08 viaturas e 02 ônibus para transportar os soldados do quartel até o local do “Porto alegria”. O major fez questão de frisar que a água e o lanche dos soldados, assim como o transporte dos 50 homens que virão do interior são de responsabilidade dos organizadores do espetáculo. *O horário que esses militares trabalharão será a partir das 18hs até às 02h Para não ter que pagar hora-extra aos PMs, o comandante disse que no dia em que eles irão trabalhar, não precisarão vir durante o dia no quartel.
*No local, a Polícia Militar vai montar uma estrutura como um QG e uma prisão temporária para conter os ânimos de foliões brigões, juntamente com a equipe de saúde da Semusp.
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Ambulâncias
*A secretária municipal de saúde (adjunta), enfermeira Rita Helena disse a nossa reportagem que a superestrutura de saúde está pronta para atender ao “Maria Fumaça”, apesar dos organizadores terem enviado o ofício 3 dias antes. O “centro Hospitalar” no local será o posto médico Maurício Bustani. É de dar inveja a qualquer hospital à estrutura a ser utilizada pelos participantes da brincadeira. São 5 médicos, 5 enfermeiros, 16 técnicos em enfermagem, 08 auxiliares administrativos (SAME), 08 auxiliares de serviços gerais para a limpeza do local.
Uma ambulância equipada com todo o tipo de medicamento emergencial fica parada na unidade central, dentro dela vão estar, além do motorista, um enfermeiro e um técnico em enfermagem. Na SAMU, outra central disponibilizada para os coordenadores do evento, ficam 05 ambulâncias, prontas para o atendimento emergencial. Todas elas são equipadas com rádio de comunicação para o caso de uma remoção mais grave. Todos esses servidores, recebem o salário normal acrescido de hora-extra paga pela Prefeitura Municipal de Porto Velho.
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Polícia Rodoviária Federal
*Em contato com a Assessoria de Comunicação da Superintendência da polícia Rodoviária Federal, a redação do nahoraonline recebeu a seguinte programação:
*“Conforme solicitado hoje pela manhã encaminho a Atuação da PRF no carnaval
fora de época.
*Caberá a Policia Rodoviária Federal conforme o termo de ajustamento de
conduta, nos dia 13,14, 15 e 16, a interdição do trânsito no período das
18H00 até 01H00, orientando o trânsito de veículos para as vias de acesso
alternativas, se limitando ao policiamento de trânsito.
*Para tanto, serão disponibilizados 06 seis Policiais Rodoviários Federais e
duas viaturas todos os dias (13,14,15 e 16) para o evento.
*Caso seja necessário poderá ser deslocada outra equipe da PRF (RONDA) que
ficará de sobre aviso pra reforço.”
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O Custo do carnaval
*Quanto custa bancar um carnaval dessa magnitude, entre policiais militares, civis, rodoviários federais, médicos, enfermeiros, viaturas, gasolina, hora-extra, medicamentos, refeições e pessoal de apoio?.
*Segundo consultas feitas a empresas ligadas a segurança, o preço médio de um segurança para trabalhar em evento desse porte, fica em torno de R$ 100 reais. Se multiplicarmos por 200 policiais/dia, a soma aumenta para R$ 20 mil reais/dia, multiplicado por 4 dias de evento, seriam R$ 80 mil reais, somente com homens fazendo a segurança. Segundo a própria empresa, esse preço dobra quando se trata de homens armados trabalhando, porque o risco é maior. Nesse caso, teríamos uma despesa de R$ 160 mil reais gastos com a segurança pelos 4 dias de folia. A PM vai utilizar 10 motos e 08 viaturas, que terão uma despesa com combustível de pelo menos R$ 2 mil reais. A diária de uma moto custa cerca de R$ 60 reais/dia, multiplicado por 10(nº. de motos) e depois 04 diárias, dá um total de R$ 2.400 reais. Uma viatura especial que a PM utiliza para operação especial, a diária, segundo locadoras que não querem se identificar, mas foram consultadas, fica em torno de R$ 200 reais, multiplicados por 08 e os 04 dias de atuação, dão um total de R$ 6.400 reais.
*Os policiais rodoviários federais vão ter um custo menor, porque vão utilizar apenas 06 homens e duas viaturas. A polícia civil, além da estrutura montada nos DPs somente para esse carnaval vai ter uma despesa acrescida de hora-extra, escala extra e viaturas atuando na área e proximidades do carnaval. Acredita-se que as despesas extras chegam a R$ 20 mil reais.
*A Semusp, através do gabinete se comprometeu a enviar um e-mail para a redação do Nahoraonline, com os cálculos das despesas com médicos, enfermeiros, medicamentos e pessoal de apoio e uma central de atendimento, mas não enviou. Consultamos secretários anteriores que nos garantiram que as despesas nos 4 dias não ficam por menos de R$ 40 mil reais.
*Já a prefeitura utilizará cerca de 20 garis que limparão a sujeira feita pelos foliões dentro e fora das cordas. Eles utilizarão caminhões de recolhimento do lixo, vassouras e containeres com rodas para o manuseio dos profissionais de limpeza. Como seus salários são baixos, o cálculo de hora-extra é menor. Mas, uma firma de limpeza, dessas que prestam serviços para o governo, garantiu que 20 pessoas não ficam por menos de R$ 10 mil reais a empreitada.
*As despesas se tornam incalculáveis quando a violência no local aumenta, porque as vítimas são deslocadas para hospitais e dependendo do caso podem utilizar UTIs, isolamento, apartamentos e todo aparato médico que a gravidade requer. O cálculo de um dia em UTI custa caro e dependendo da quantidade de ocorrências, fica impossível projetar um valor.
Na verdade, a história nesse período de carnaval fora de época funciona como um velho brocardo: “cobrir um santo para descobrir outro”. *Enquanto a polícia concentra o seu aparato policial no “Maria Fumaça”, os bairros ficam com uma deficiência no setor de segurança. A mesma coisa acontece com os cidadãos contribuintes que necessitam de socorro médico. Nesse período eles rezam para não adoecer, porque a exemplo de outros anos ouvirão: “ não podemos atender porque nossas ambulâncias estão no Maria Fumaça”.
Gravidez precoce
*O nahoraonline ainda colheu algumas informações de pessoas ligadas à área de saúde que não querem se identificar, onde garantiram que as estatísticas aumentaram consideravelmente sobre casos de gravidez na adolescência no período posterior a eventos dessa natureza. É só contabilizar 9 meses depois, subseqüentes a julho, que se percebe essa anomalia. Ou as campanhas para o uso de preservativos são ineficazes ou o carnaval fora de época tem mais essa desvantagem para a cidade pobre de Porto Velho, ou seja, causa mais um problema social.
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Comerciantes
*A maioria dos empresários é contra esse tipo de evento porque entende que além da boa retirada de parte da economia do lugar que acaba migrando para a Bahia, a violência anterior ao carnaval é muito grande, onde os marginais assaltam e furtam para poder comprar um "abadá". Mas, para eles, o pior fica para depois, quando o comércio passa por um período de “ressaca carnavalesca” e fica pelo menos 3 meses sem vender nada, porque os pais gastaram o dinheiro com seus filhos no evento. Ora, um pai de família que tem pelo menos 3 filhos, vai gastar cerca de R$ 1.200 reais só com a indumentária exigida.
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Ação Popular
*Membros da sociedade organizada de Rondônia vão entrar na Justiça com uma ação popular cobrando do Estado o ressarcimento para os cofres públicos dos dinheiros gastos em eventos de particulares. Esses cidadãos entendem que o estado está colaborando para o “enriquecimento ilícito de terceiros” com a utilização da máquina governamental que pertence ao povo. Se depender da polícia Rodoviária Federal, Ministério Público e sociedade organizada, o carnaval vai virar “fumaça”.
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