Abbas é novo líder da Palestina e diz estar pronto para paz com Israel

*O líder palestino Mahmoud Abbas disse estar pronto para a paz com Israel depois de sua folgada vitória nas eleições presidenciais de domingo.

*"Estamos prontos para a paz, paz baseada na justiça. Temos esperança que a resposta deles (de Israel) seja positiva", disse Abbas.

*Nos Estados Unidos, o presidente americano, George W. Bush, disse que Abbas é bem-vindo em Washington para negociações de paz. Bush havia se recusado a dizer o mesmo sobre o antecessor de Abbas, Yasser Arafat.

RETIRADA *Ao falar na Casa Branca, Bush cumprimentou Abbas que ganhou as eleições com mais de 62% dos votos.

*Ele pediu que Israel cumprisse a sua obrigação de retirada dos territórios ocupados, como prometeu, e a liderança palestina a acabar com ação daqueles que, segundo Bush, querem "destruir Israel".

*O correspondente da BBC em Washington diz não haver dúvidas de que o governo Bush vê a eleição de Abbas como uma oportunidade de paz no Oriente Médio.

*A União Européia classificou o resultado como um passo muito importante na direção da criação de um Estado Palestino democrático e viável.

COALIZÃO *Em Israel, o Knesset (Parlamento) aprovou por pequena margem a formação de um novo governo de coalizão entre o Likud, partido do primeiro-ministro israelense, Ariel Sharon, e o Partido Trabalhista.

*Sharon vinha governando Israel com um governo de minoria desde que seu plano de retirada da Faixa de Gaza levou à ruptura de sua coalizão anterior, afastou seus tradicionais aliados de direita e dividiu o Likud.

*Antes da votação, o ministro das Relações Exteriores de Israel, Silvan Shalom, havia dito que seu governo estava pronto para negociar com Abbas.

*No entanto, ele acrescentou que seu governo queria ver ações, além de palavras.

DIFERENÇA *Abbas, que foi primeiro-ministro palestino, foi eleito o novo presidente da Autoridade Nacional Palestina, tendo recebido 62,32% de um total de cerca de 775 mil votos.

*O resultado ainda é classificado de preliminar pela comissão eleitoral porque, por um período de sete dias, partidos e grupos políticos ainda podem contestá-lo.

*Mas a grande diferença na votação entre Abbas e o segundo colocado, o ex-líder comunista e ativista de direitos humanos Mustafa Barghouti, que recebeu 19,8% dos votos, torna altamente improvável alguma alteração no resultado.

*A Comissão Eleitoral Palestina, no entanto, evitou discutir o índice de participação de eleitores, a grande questão para os analistas, já que a vitória de Abbas não veio como surpresa para ninguém.

*"Tivemos a participação de 66% do 1,1 milhão de eleitores registrados, e há uma lista com outros 700 mil cidadãos que poderiam votar, mas não tinham registro eleitoral", disse o presidente da Comissão Eleitoral Palestina, Hana Nisir.

*"Destes (700 mil) votaram quase 70 mil, mas não sabemos quantos dos que não vieram estão presos, mortos ou em outros países."

PARTICIPAÇÃO *Se computado o número total de eleitores possíveis, o número de 1,8 milhão ao qual os palestinos se referiam constantemente antes das eleições, a participação fica em menos de 45%.

*"Vocês (jornalistas) escolhem que números preferem usar. Nós não temos como fazer este cálculo e nem como dar um número claro sobre a participação dos eleitores", disse Nasir.

*A falta do dado deixou irritados, principalmente, os jornalistas de países árabes, que cobravam com agressividade as informações do presidente da comissão.

*"Este é um assunto para os partidos políticos resolverem. Nossa obrigação (da Comissão Eleitoral) era organizar as eleições e criar condições para que todos votassem, como fizemos", respondeu apenas Nasir, quando um repórter perguntou se o desinteresse de muitos palestinos no processo político o preocupava.

APURAÇÃO *Inicialmente, a comissão eleitoral havia dito que informaria ao público o andamento das apurações passo a passo, na medida em que os distritos eleitorais fossem enviando suas informações.

*Mas problemas técnicos e dúvidas quanto à validade de parte dos votos levou a comissão a divulgar apenas uma parcial, na manhã de segunda-feira, quando a contagem já estava no fim, antes de revelar, à tarde, o resultado final.

*"Tivemos hackers tentando invadir os computadores que estavam sendo usados na apuração, mas no fim tudo correu bem e sob a observação de monitores internacionais", disse um membro da comissão eleitoral.