O lançamento de “O Território” será exibido neste sábado, 22, para a plateia virtual que participa do festival.
Foto: Divulgação
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O Brasil será representado no Festival Sundance de Cinema, maior festival de audiovisual independente dos Estados Unidos e um dos mais importantes do mundo, com o filme “The Territory” (O Território, em português), na categoria para documentários internacionais.
O festival iniciou nesta quinta-feira (20/01) e segue até o dia 30. O lançamento de “O Território” será exibido neste sábado, 22, para a plateia virtual que participa do festival.
O documentário entra em cena, justamente no momento em que o governador de Rondônia Marcos Rocha e a Assembleia Legislativa avançam com leis e projetos que incentivam o garimpo ilegal, destruição de terras indígenas e impunidade aos crimes ambientais.
O filme começou a ser gravado a partir de 2018, quando o movimento de extrema-direita tomava corpo no Brasil e aconteceu a eleição do presidente Jair Bolsonaro, considerado para o mundo todo, inimigo do meio ambiente e dos povos indígenas.
Com a direção de Alex Pritz em parceria com povo Uru-eu-wau-wau de Rondônia, o documentário aborda como a população indígena da tribo presenciou a diminuição de sua população, desde que entrou em contato com não-nativos, que ameaçam a cultura.
Os Uru-eu-wau-wau enfrentam ameaças como extração e mineração ambientalmente destrutivas e, mais recentemente, invasões de grilagem de terras estimuladas por políticos de direita.
O documentário mostra os jovens líderes indígenas, como Bitate e Ari, junto à mentora, a ativista ambiental Neidinha, arriscam as vidas para defender a floresta.
Em contrapartida, são apresentados agricultores indigentes ansiosos por estabelecer um assentamento, e incursões individuais que derrubam a floresta para estabelecer propriedades rurais.
É a primeira vez que o festival criado por Robert Redford será realizado no formato híbrido, com sessões presenciais em Utah, sede do festival, e online, o que, segundo Tabitha Jackson disse à AFP, deve “maximizar a flexibilidade” e oferecer “o melhor de dois mundos”.
Animada com a seleção do filme no maior festival de cinema independente, Neidinha disse que o longa vem sendo negociado com canais de streaming, mas fez sigilo de onde seria exibido.
“Eles acompanharam a gente durante três anos. Acompanhava os Uru-eu-wau-wau, acompanharam eu e um grupo de invasores da terra indígena. O filme vai mostrar como é a luta dos povos indígenas na Amazônia e a luta de uma ativista em direitos humanos e meio ambiente para tentar salvar uma floresta e os índios da opressão, pressão política e grilagem da terra. Eu acho que o filme vai trazer um impacto enorme”, diz a ambientalista.
Neidinha Suruí faz parte de uma organização ambiental que trabalha na proteção das florestas com apoio do Fundo Amazônia e de entidades internacionais e atuam em várias frentes. “O filme vai ter uma distribuição no festival e depois vai sair para rodar o mundo inteiro e as terras indígenas, essa é a ideia”.
“É apenas um sonho insano tornado realidade poder lançar este filme em Sundance. É o melhor festival do mundo”, diz Pritz.
“Eu não poderia pensar em uma casa melhor, especialmente para um filme como este que foi feito de forma independente e com tanto amor e dedicação de um grupo enorme de pessoas”, disse o documentarista e diretor Alex Pritz.
Segundo o diretor, a exibição do documentário no Sundance assume uma importância crítica para um filme, porque é um título impactante que disputa atenção e venda.
A ativista ambiental Txai Suruí também comentou sobre o longa.
“Território é termo político que conforma uma identidade tal qual o povo que nele vive não se imagina sem a sua expressão territorial. Hoje são os territórios indígenas que impedem a destruição da Amazônia, que é essencial para a vida no nosso planeta. Luta diária travada com as nossas vidas”, disse ela.
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