A artista gráfica nasceu no Irã em 1969 e lançou os quadrinhos em francês, em quatro partes, entre 2000 e 2003
Foto: Divulgação
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O Clube da Leitura volta a se reunir no próximo dia 30, na Livraria Exclusiva Café e Cultura, das 16 às 18 horas, quando será discutido a obra HQ Persépolis, da artista gráfica Marjane Strapi. Ele venceu, em 2001, o prêmio Revelação do Festival Internacional de Quadrinhos de Angoulême – premiação francesa considerada a mais importante do gênero.
Em 2009, a população iraniana se rebelou contra os resultados da eleição presidencial. O movimento ficou conhecido, sobretudo, pelas redes sociais, sendo apelidado de “Revolução do Twitter”. Desde então, o recurso da imagem se impôs como um veículo de contestação e resistência em oposição ao governo.
A artista gráfica Marjane Satrapi, autora dessa HQ autobiográfica, nasceu no Irã em 1969 e lançou os quadrinhos em francês, em quatro partes, entre 2000 e 2003 como forma de contar a história de seu país e de sua cultura às pessoas com as quais convivia na Europa. A narrativa começa em 1980, quando Marjane está com 11 anos de idade e a sociedade iraniana lida com as consequências da Revolução Islâmica ocorrida apenas um ano antes, em 1979.
Quando a Revolução que tinha como objetivo a derrubada do Xá obteve sucesso em sua empreitada, entretanto, instaurou-se no país a ditadura islâmica após uma consulta popular que, segundo os pais da protagonista, apresentou resultados muito pouco confiáveis. Na sequência, vem a guerra contra o Iraque, combate para o qual os Estados Unidos passaram a fornecer armas para ambos os lados. À sombra desse novo confronto, Teerã vive sob constantes ameaças de bombardeio. Soma-se à tensão militar o medo instaurado pelo Estado em nome da religião, que passou a exercer controle severo às vidas social e pessoal dos iranianos.
De volta ao Irã aos 18 anos, após um período de quatro de estudos na Áustria, o conflito identitário da protagonista é latente: se na Europa Marjane sempre carregou o status de imigrante terceiro-mundista, em sua terra natal já não se sente igual aos conterrâneos por ter adquirido hábitos ocidentais. A dificuldade de se adaptar e as marcas que a guerra deixou nos iranianos dá a tônica das páginas restantes.
Segundo a artista, a opção pelo preto visou o minimalismo como forma de facilitar o ritmo da leitura de uma história na qual havia muito para ser contado. A narrativa, aliás, não se limitou às páginas impressas: em 2008, Persépolis ganhou uma animação dirigida pela autora em conjunto com Vincent Paronnaud.
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