ALMANAQUE 35 – Adeus à Altman, Crespúsculos dos Deuses, o brega no Brasil e a Boca do Lixo

ALMANAQUE 35 – Adeus à Altman, Crespúsculos dos Deuses, o brega no Brasil e a Boca do Lixo

ALMANAQUE 35 – Adeus à Altman, Crespúsculos dos Deuses, o brega no Brasil e a Boca do Lixo

Foto: Divulgação

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BATE-PAPO
*O editorial Almanaque presta uma homenagem ao cineasta Robert Altman (foto) que faleceu segunda-feira, 20 de novembro. Altman dirigiu filmes como M.A.SH., Cerimônia de Casamento, O Jogador, Short Cuts, Kansas City entre tantos outros. *Altman, que declarou uma vez numa entrevista que era um homem feliz, pois nunca havia dirigido um filme que não quisesse ter feito, se manteve assim até o final. Altman era um rebelde indomável e ao mesmo tempo um dos grandes artistas que o cinema teve o privilégio de ter. Sem ele o cinema seria menos criativo e provocador. *Para os cinéfilos resta o consolo que muitos de seus filmes estão disponíveis em dvd. *Robert Altman (1925/2006) *Na coluna Almanaque de hoje... *O diretor e roteirista Billy Wilder deixou uma herança cinematográfica repleta de grandes obras – Pacto de Sangue (filme noir que influenciou Lawrence Kasdan em Corpos Ardentes¹); A montanha dos sete abutres (Kirk Douglas interpreta um jornalista que arma um verdadeiro circo em torno de um acidente para recuperar o prestígio); Quanto mais quente melhor¹ (uma das melhores comédias da história do cinema); filmes excelentes, mas existe um título em sua filmografia considerado pela crítica especializada a visão mais contundente sobre Hollywood. Claro que se trata de Crepúsculo dos Deuses¹ (1950) estrelado por William Holden e Glória Swanson. *Holden interpreta um roteirista fracassado. Um dia, fugindo de credores, se esconde numa mansão que pensava abandonava. Ali encontra Norma Desmond, uma estrela do cinema mudo, há muito no ostracismo. Os dois acabam se envolvendo, mas ele quer apenas alguém para sustentá-lo. *Crepúsculo dos Deuses é um filme amargo. Trata de pessoas esquecidas como a estrela decadente, do roteirista com crise de criatividade, de astros antigos que se reúnem para jogar cartas e recordar os velhos tempos de estrelato. Trata de ambição e morte. *Muitos filmes tiveram pretensão de mostrar os bastidores da fama e os mecanismos de Hollywood, mas apenas o filme de Wilder conseguiu ir fundo na ferida, inclusive desagradando outros diretores, produtores e donos dos grandes estúdios da época. Eles passaram. Crepúsculo dos Deuses ficará para sempre. *¹disponível em dvd *- *E mudando de assunto. Se você acha que somente compositores como Chico Buarque, Gilberto Gil e Caetano Veloso passaram maus bocados nas garras da censura, então leia Eu não sou cachorro, não do jornalista e historiador Paulo César de Araújo e conheça uma outra realidade. *O livro editado pela Record em 2002 faz um amplo painel da música popular brasileira. Popular no sentido amplo da palavra popular que vem do povo. Artistas considerados bregas - como Odair José e Waldik Soriano - sempre apareceram no topo da lista de mais vendidos. Veiculados nas rádios, freqüentavam os programas de auditório, mas não receberam o devido respeito e espaço em livros e teses, pois freqüentemente eram associados à ditadura militar. *Neste livro, Paulo César de Araújo preenche essa lacuna na historiografia da música popular brasileira e mostra como as figuras mais demonizadas por aderirem à cultura oficial durante os anos de chumbo, na verdade, foram tão ou mais perseguidas pelo regime quanto os artistas de esquerda. *Atire a primeira pedra quem nunca cantarolou uma letra de música popular cafona. Apesar de gosto duvidoso, as melodias fazem parte do patrimônio afetivo de milhares de brasileiros. Músicas como ´Eu não sou cachorro, não (Waldik Soriano), ´Pare de tomar a pílula´(Odair José) e ´Cadeira de rodas´ (Fernando Mendes) fazem parte do repertório de um Brasil dos excluídos, um país mergulhado na ditadura militar e sacudido tanto por marchas moralistas de apoio à família, à propriedade e à Igreja quanto pela guerrilha urbana. *Citamos artistas como Agnaldo Timóteo, Odair José, Paulo Sérgio e Dom & Ravel que estão nas páginas do livro, que é ao mesmo tempo, palco de uma ótima discussão entre a "Tradição" e a "Modernidade" em nossa música popular brasileira e uma referência de um período negro de nossa história que foi o da ditadura militar. Por isso, o livro indispensável não só para os fãs desse gênero musical, mas também para qualquer pessoa interessada em aprofundar conhecimentos sobre a cultura popular do Brasil. *Paulo César tira a música brega do limbo da não-música popular brasileira. Ao contar histórias de uma época, com suas contradições e desventuras, o autor nos propõe uma tese tão audaciosa quanto deliciosa. *Eu não sou cachorro, não – uma obra recomendada para pessoas com os gostos, inclusive as de gosto duvidoso. *- *Já que tocamos neste assunto então vamos mais fundo ainda. Será que existe um paralelo entre a música dita “cafona” ou “brega” com o cinema da famosa “Boca do Lixo”? Muitos críticos “especializados” que adoram rotular tudo que aparece e com o cinema não seria diferente – Cinema Novo, Cinema Marginal, Retomada do Cinema brasileiro e por aí vai – Mas para conhecer bem como funcionava os bastidores da Boca do Lixo só mergulhar nas páginas do livro Cinema da Boca - Dicionário de Diretores escrito pelo jornalista e crítico Alfredo Sternheim, que durante anos escreveu para o jornal O Estado de São Paulo, e depois dirigiu muitos filmes, justamente na Boca. *Durante a década de 70, um pouco mais talvez, o cinema brasileiro floresceu como nunca, num lugar muito insólito. Sem financiamentos ou leis de incentivo do governo, esquecido pela Embrafilme e desprezado pela crítica e pela imprensa, o cinema produzido na chamada Boca do Lixo de São Paulo, era invariavelmente sucesso de bilheteria em todo o Brasil, e até mesmo na América Latina. Deram-lhe o apelido pejorativo de pornochanchada, ainda que de pornográfico nada tivesse. Era um cinema popular, composto de dramas e comédias, que falava diretamente ao espírito do público brasileiro. E que desafiava tabus, driblando a censura da ditadura e, por vezes, ampliando fronteiras da liberdade de expressão, trabalhando muitas vezes sem dinheiro, limitação driblada com muita criatividade e vontade de fazer cinema. *O livro é a primeira tentativa de analisar, não apenas o fenômeno que ocorreu na região central de São Paulo, mas também fazer um registro, em formato de Dicionário de Diretores, da carreira e filmografia de todos aqueles que passaram pela Boca, sem julgamento de qualidade do resultado. *Cinema da Boca – Dicionário de Diretores é mais um trabalho de fôlego, de resgate da nossa memória cultural e popular, dentro da Coleção Aplauso, da Imprensa Oficial do Estado de São Paulo. *- *O Almanaque desta semana passou pelo clássico Crepúsculo dos Deuses; misturou música cafona e cinema da Boca do Lixo e encerra falando um pouco sobre um seriado produzido em 1944 – Capitão América, interpretado por Dick Purcell e dirigido pela dupla Elmer Clifton e Jon English. *Este seriado, o primeiro retratando o herói dos quadrinhos, traz Capitão América lutando contra as forças do mal, comandadas por seu arquiinimigo, o Escaravelho, que envenena seus inimigos e rouba um aparelho secreto capaz de desmaterializar até prédios inteiros usando apenas ondas sonoras. *Capitão América terá que correr contra o tempo para salvar a mulher que ama, e todos os cidadãos de sua cidade, que está sob a ameaça de ser completamente destruída. *Esta movimentada aventura em 15 episódios trouxe para as matinês dominicais dos anos 1940 a força e o patriotismo do Capitão América, afinal de contas o seriado foi produzido quando ainda faltava um ano para o final da Segunda Grande Guerra, óbvio que ele enfrentaria inimigos envolvidos ou que lembrassem nazistas. Mesmo que apenas o uniforme seja igual ao usado pelo personagem, as semelhanças param por aí, não por falta de criatividade, mas por falta de verba. Inclusive os cenários utilizados foram aproveitados de outras produções como era costume na época para economizar e ganhar tempo. Mesmo assim vale a pena ver ou rever Capitão América, que sem sobre de dúvida é muito melhor que as produções sobre o herói realizadas nos ano 1980. Credo! *- *A coluna Almanaque fica por aqui, mas volta na próxima semana com mais novidades e nostalgias para o caro leitor. Até lá e um forte abraço. *Humberto Oliveira é bacharel em Jornalismo e acendeu uma vela ao lado da sua coleção de filmes de Altman, em homenagem ao mestre
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