No último dia 19 de novembro, o portal Rondoniaovivo trouxe à tona o caso de Evaldo de Almeida Muniz, morador do interior de Rondônia, que está internado há 61 dias na ala de neurologia do Hospital de Base Dr. Ary Pinheiro, em Porto Velho. O paciente, diagnosticado com um tumor intracraniano no ângulo ponto-cerebelar esquerdo, aguarda uma cirurgia de urgência. No entanto, a falta de equipamentos essenciais, como o kit de pressão invasiva e a neuro-monitorização, impede a realização do procedimento.
Agora, no dia 10 de dezembro, Evaldo já completa 82 dias internado, sem previsão de cirurgia. Em resposta à matéria publicada pelo Rondoniaovivo, o secretário de Saúde do estado, Jefferson Ribeiro, emitiu uma nota no dia 21 de novembro, esclarecendo que Rondônia não dispõe de especialistas capacitados para realizar esse tipo de cirurgia. Ribeiro também explicou que a empresa contratada para prestar o serviço desistiu do contrato na fase de homologação, alegando incapacidade de atender pelo valor ofertado. "Por esta razão, o processo foi declarado deserto e fracassado", afirmou o secretário, garantindo que a Secretaria de Saúde (Sesau) relançaria o processo de compra para tentar resolver a situação.
Entretanto, relatos de pacientes que aguardam cirurgias semelhantes na mesma ala do hospital indicam que o problema é mais complexo. De acordo com informações de servidores, a empresa contratada não poderia realizar o procedimento devido a um vínculo de parentesco com um servidor do Hospital de Base, o que levanta sérias dúvidas sobre os motivos da desistência e a transparência do processo.
Além disso, a falta de profissionais especializados no estado e a demora no atendimento geram questionamentos sobre o uso do Tratamento Fora de Domicílio (TFD), um benefício do Sistema Único de Saúde (SUS) destinado a pacientes com doenças de média e alta complexidade que não podem ser tratados localmente. Diante dessa situação, por que o paciente não foi encaminhado para tratamento em outra unidade hospitalar no país?
A situação expõe uma falha no fluxo de assistência à saúde em Rondônia, revelando a urgência de soluções mais ágeis para pacientes em situações críticas. Enquanto isso, Evaldo continua internado no Hospital de Base, sem previsão para a cirurgia que precisa há mais de dois meses.