O governo federal dos Estados Unidos entrou em shutdown à 0h01 desta quarta-feira (1º), após o Congresso não chegar a um acordo para aprovar a lei orçamentária do ano fiscal de 2026. A paralisação parcial ameaça afetar milhões de cidadãos, interromper serviços públicos e gerar prejuízos bilionários à economia americana.
O impasse opõe a Casa Branca e parlamentares sobre cortes em programas sociais, subsídios a seguros médicos e limites de gastos federais. Sem consenso, milhares de órgãos considerados 'não essenciais' foram obrigados a suspender atividades, enquanto apenas serviços de caráter emergencial permanecem em operação.
Segundo estimativas, cerca de 900 mil servidores federais devem ser afastados temporariamente de seus cargos sem remuneração imediata, enquanto outros 700 mil seguirão trabalhando, mas sem receber até a normalização da situação. Diferentemente de shutdowns anteriores, o Escritório de Gestão e Orçamento da Casa Branca orientou agências a elaborarem planos de demissões permanentes, acendendo um alerta para impactos de longo prazo.
Na área da saúde, os efeitos são especialmente preocupantes. Aproximadamente 41% da força de trabalho do Departamento de Saúde foi colocada em licença não remunerada, além de 64% dos servidores dos Centros de Controle e Prevenção de Doenças (CDC) e 75% do Instituto Nacional de Saúde (NIH). Especialistas alertam que a interrupção pode atrasar pesquisas médicas, campanhas de vigilância e respostas a emergências sanitárias.
A paralisação também atinge a infraestrutura e o transporte. A Administração Federal de Aviação (FAA) prevê afastar 11 mil funcionários, comprometendo inspeções e certificações, ainda que os controladores de tráfego aéreo continuem em atividade. Parques nacionais, museus e centros culturais administrados pelo governo também devem ser fechados ou operar de forma reduzida.
Economistas calculam que um shutdown prolongado pode custar bilhões de dólares por semana à economia americana, reduzindo o consumo das famílias de servidores afetados e atrasando repasses de contratos e programas federais a estados e municípios.
Embora historicamente os shutdowns terminem com acordos de financiamento temporário, analistas políticos avaliam que o atual embate tende a ser mais longo e desgastante, já que envolve disputas ideológicas profundas e a possibilidade de cortes definitivos na máquina pública.