COVID-19: Estudo mostra que vacina protege tanto os magros quanto os obesos

Após analisar dados de mais de 9 milhões de adultos, os pesquisadores concluíram que as doses oferecem alta proteção independentemente do índice de massa corporal de quem as recebe

COVID-19: Estudo mostra que vacina protege tanto os magros quanto os obesos

Foto: Divulgação

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Ainda que as razões não estejam completamente esclarecidas, o excesso de peso é considerado um fator de risco significativo para a covid-19 — tanto que, em muitos países, os obesos fazem parte do grupo prioritário nas campanhas de imunização. Feito no Reino Unido, um estudo inédito traz resultados que podem incentivar aqueles que ainda não foram tomar a vacina contra o Sars-CoV-2. Após analisar dados de mais de 9 milhões de adultos, os pesquisadores concluíram que as doses oferecem alta proteção independentemente do índice de massa corporal (IMC) de quem as recebe.

 

"Nossas descobertas fornecem mais evidências de que as vacinas da covid-19 salvam vidas para pessoas de todos os pesos (...) e reduzem substancialmente o risco de doenças graves de infectados", enfatiza, em comunicado, Carmen Piernas, pesquisadora da Universidade de Oxford e principal autora do estudo, divulgado na edição de ontem da revista The Lancet Diabetes & Endocrinology.
 
 
A equipe britânica avaliou os dados médicos, colhidos entre 8 de dezembro de 2020 e 17 de novembro de 2021, de 9.171.524 pessoas com mais de 18 anos, sem infecção prévia pelo Sars-CoV-2. Ao fim do período, a taxa de não imunizados contra a covid de acordo com a categoria de IMC era de 23,3% (saudável), 32,6% (baixo peso), 16,8% (sobrepeso) e 14,2% (obesidade).
 
 
De todos os participantes, 6% (566.461) testaram positivo para a infecção pelo novo coronavírus. Dos infectados, 5% (32.808) foram internados e 2% (14.389) morreram. Analisando os dados e considerando fatores como idade, sexo, tabagismo e privação social, a equipe concluiu que ser vacinado oferecia alta proteção em todos os grupos de IMC, mas que o efeito era ligeiramente menor em pessoas com baixo peso.
 
 
Esse público tinha cerca de metade da probabilidade de ser hospitalizado ou morrer em função da infecção pelo Sars-CoV-2, quando comparado a não vacinadas com o mesmo IMC. Já as pessoas nos grupos de IMC saudável e alto que foram vacinadas apresentaram cerca de 70% menos risco de serem hospitalizadas. Na avaliação de Piernas, os resultados indicam a necessidade de novas abordagens que favoreçam a vacinação de pessoas com baixo peso.
 
 
A opinião é compartilhada por Annika Frahsa do Instituto de Medicina Social e Preventiva da Universidade de Berna, na Suíça. "Essas descobertas devem levar a uma mudança para mensagens de saúde pública mais direcionadas e diferenciadas para também abordar pessoas com baixo peso que podem se perceber em menor risco, a fim de aumentar a aceitação da vacina nesse grupo", afirma a especialista, que não participou da pesquisa, em um comentário publicado na mesma edição da revista científica.
 
 
Vulnerabilidades
 
 
O estudo britânico também constatou a maior vulnerabilidade de pessoas que não estão com o peso saudável à infecção pelo novo coronavírus. Ao analisar os dados apenas de pessoas vacinadas, os pesquisadores descobriram que, após receber duas doses, havia um risco significativamente maior de ocorrência de covid-19 grave naquelas com IMC baixo e alto.
 
 
Por exemplo, um IMC de 17 foi associado a um aumento de 50% no risco de hospitalização, em comparação com alguém com IMC 23, considerado saudável. Já alguém com IMC 44 teve a vulnerabilidade aumentada três vezes, se comparado a indivíduos com o índice recomendado. Os autores especulam que esses resultados podem ser explicados, em parte, por uma resposta imune alterada em indivíduos mais pesados e enfatizam a necessidade de mais estudos sobre a relação entre o IMC e as respostas imunes.
 
 
Risco no verão europeu, alerta OMS
 
Após o número de infecções diárias triplicar em um mês, na Europa, a Organização Mundial da Saúde (OMS) alertou, ontem, que o continente deve registar "níveis elevados" de covid-19 no verão deste ano, que começou no último dia 21. A agência pediu às autoridades um maior monitoramento do Sars-CoV-2. "O vírus não desaparecerá apenas porque os países pararam de monitorá-lo. Ele continua a infectar, continua a mudar e continua a matar”, afirma Hans Kluge, diretor da OMS. Nesta semana, o número de infecções registradas nos 53 países da OMS Europa quase chegou a 500 mil diariamente. No fim de maio, foram 150 mil.
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