PÉ-ATRÁS: Brasileiro confia pouco nas pessoas e isso freia avanços, aponta estudo

Apenas 12,6% dos latino-americanos confiam na maioria das pessoas. Último colocado entre os vizinhos, o Brasil tem desconfiança ainda maior: somente 4,69% dos brasileiros acreditam uns nos outros

PÉ-ATRÁS: Brasileiro confia pouco nas pessoas e isso freia avanços, aponta estudo

Foto: Divulgação

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Brasileiros e latino-americanos confiam menos nas pessoas do que o restante do mundo, e isso está contribuindo para o baixo desenvolvimento econômico e social da região. É o que concluiu estudo do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), obtido pelo Estadão/Broadcast com exclusividade.
 
O documento, que será divulgado nesta quinta-feira, 13, mostra que apenas 12,6% dos latino-americanos confiam na maioria das pessoas. Último colocado entre os vizinhos, o Brasil tem desconfiança ainda maior: somente 4,69% dos brasileiros acreditam uns nos outros.
 
O porcentual está abaixo da média mundial (25%) e dos países ricos que integram a OCDE (41%). O estudo analisou correlações entre a confiança e questões como níveis de produtividade, inovação e formalização do mercado de trabalho e concluiu que, quanto maior o descrédito, pior são as questões econômicas e sociais.
 
Na América Latina, o nível de confiança é maior justamente em países com maior desenvolvimento econômico e humano: no Uruguai (21,08%), México (18,37%) e Chile (17.07%). Na Argentina, o porcentual é de 16,15%. O penúltimo colocado, ainda à frente do Brasil, é a Venezuela, com 5,21%.
 
"Quando pensamos em política pública, vêm à cabeça temas como reformas fiscais e produtividade, que são essenciais, evidentemente, mas a confiança também é um tema central para a recuperação econômica", disse ao Estadão/Broadcast o representante do BID no Brasil, Morgan Doyle.
 
Obstáculo
 
Doyle afirmou que a desconfiança prejudica o apoio a reformas, trava a inovação e prejudica a redução da burocracia. "A boa notícia é que o Brasil tem ferramentas para superar esse desafio: é enorme o potencial do País, por exemplo, em digitalização, uma das chaves para aumentar transparência, empoderar cidadãos e gerar mais confiança."
 
Para o BID, aumentar a confiança é fundamental para a recuperação econômica na América Latina e Caribe no pós pandemia. "A confiança é o problema mais urgente e ainda assim menos discutido na América Latina e no Caribe. Seja nos outros, no governo ou em empresas, a confiança é menor na região do que em qualquer outro lugar do mundo", afirmou o texto.
 
Informação
 
 
O estudo oferece recomendações para os formuladores de políticas públicas de como reduzir o problema. De acordo com o organismo, é necessário reduzir as diferenças no acesso à informação, "investindo em órgãos reguladores de alta qualidade e educando e informando melhor os cidadãos para lhes dar as condições necessárias para detectar e evitar comportamentos não confiáveis".
 
"Os governos também precisam reduzir as assimetrias de poder, aumentando a prestação de contas e fortalecendo instituições de controle externas para que os cidadãos e empresas sintam que podem confiar nessas instituições quando forem desrespeitados por governos, empresas ou outros cidadãos", disse o BID.
 
Entre as sugestões estão ainda maior transparência no orçamento público e na regulação, fortalecer partidos, eleições e sociedade civil e aumentar as oportunidades de participação dos cidadãos.
 
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