Delação contra Mercadante complica mais ainda governo de Dilma

Delação contra Mercadante complica mais ainda governo de Dilma

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Foto: Divulgação

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 Ministro mais próximo da presidente Dilma Rousseff, conselheiro na campanha e homem forte da Casa Civil no término do primeiro e início do segundo mandato da petista, Aloizio Mercadante, hoje na Educação, foi deixado sozinho pelo Palácio do Planalto para explicar a gravação em que trata de suposto auxílio e tenta comprar o silêncio do senador Delcídio do Amaral (PT-MS). O diálogo consta da delação premiada que o senador sul-mato-grossense fechou com a força-tarefa da Operação Lava-Jato. Além de Mercadante, a colaboração cita a presidente da República, Dilma Rousseff, e o antecessor, Luiz Inácio Lula da Silva, e integrantes da cúpula do PMDB, como o vice-presidente Michel Temer e os presidentes da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (SP), e do Senado, Renan Calheiros (AL), além do presidente do PSDB, Aécio Neves.

Dilma ficou profundamente irritada quando soube da notícia. Ligou imediatamente para o chefe da Casa Civil, Jaques Wagner; para o próprio Mercadante; para o secretário de Governo, Ricardo Berzoini; e para o advogado-geral da União, José Eduardo Cardozo. Com o último, Dilma teve uma longa conversa telefônica, de quase meia hora, antes da reunião ampliada. Leu minuciosamente os trechos da delação destacados pela revista Veja. Mercadante foi abandonado. Ordenaram a ele que, sozinho, consertasse o estrago feito, e poupasse Dilma de qualquer responsabilidade sobre os fatos.

“Normalmente, em situações como essa, as pessoas esperam até a situação decantar para dar explicações. Mercadante convocou uma entrevista logo depois do encontro com a presidente”, relatou um petista. O ministro da Educação mal havia acabado de apresentar sua versão dos fatos, e a Secretaria de Comunicação da Presidência (Secom) soltou uma nota isolando a defesa do ministro: “A presidenta da República, Dilma Rousseff, repudia com veemência e indignação a tentativa de envolvimento do seu nome na iniciativa pessoal do ministro Aloizio Mercadante, no episódio relativo à divulgação, feita no dia de hoje (ontem), pela revista Veja”.

Foi mais um dia em que o mundo político de Brasília tentava explicar uma crise que só se avoluma. “Por mais que se esforce, as explicações apresentadas por Mercadante são difíceis de compreender. O ar está ficando cada vez mais irrespirável”, disse o senador Aloysio Nunes Ferreira (PSDB-SP). Renan foi extremamente cuidadoso ao analisar a situação de Mercadante, embora sejam desafetos políticos desde que o petista, quando ainda era líder da bancada do Senado, pediu o afastamento do peemedebista da Presidência da Casa, em 2007. Ontem, Renan negou ter sido procurado pelo ministro para articular alguma forma de reverter a decisão do Senado que manteve a prisão de Delcídio, decretada pelo STF. “Não caberia esse tipo de ação já que o que fizemos foi apenas cumprir uma decisão do Supremo .”

O presidente do Senado tampouco quis avaliar os desdobramentos da crise em relação à tramitação do projeto de impeachment no Congresso. “Esta é uma questão que começará a ser debatida na Câmara. Não faz sentido o Senado antecipar este debate”.

Desafetos

O presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), também não tem qualquer afinidade com Mercadante. Ele sempre se recorda que foi Mercadante, titular da Casa Civil, quem definiu a estratégia, posteriormente provada equivocada, de tentar turbinar a candidatura do petista Arlindo Chinaglia (SP) à Presidência da Casa, no ano passado.

Cunha considerou a situação de Mercadante ainda mais grave do que a de mera citação do nome do petista na delação de Delcídio. “Não se trata somente de uma delação, se trata de uma gravação. Ali tem a gravação com a voz e com as acusações que estão contidas nos autos”, disse Cunha. O peemedebista fluminense não quis opinar se Mercadante teria de ser exonerado da Educação. “Isso é problema dele e da presidente”, completou.

Peemedebistas ligados ao vice-presidente Michel Temer classificaram de extremamente grave o teor da gravação. “Isso é uma nítida obstrução da Justiça”, definiu um cacique peemedebista. Temer e seus principais auxiliares lembram a pressão feita por Mercadante, quando chefiava a Casa Civil, para que Temer fosse defenestrado do cargo de articulador político do governo.

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