Cruzeiros pelos rios da Amazônia – por que não?

Cruzeiros pelos rios da Amazônia – por que não?

Foto: Divulgação

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Há cerca de vinte anos, no início do século, uma nova forma de turismo ganhou enorme força na Europa: os cruzeiros de rio. Navegar por cursos d´água como Reno ou Danúbio já era algo comum, mas apenas em pequenos trechos, como passeio de um dia, e usando barcos modestos e antigos – para não dizer velhos.  Mas então a União Europeia regulamentou o trânsito naval entre os países, investiu em infraestruturas e apoiou empreendedores do setor turístico. 

 
Como resultado, surgiram novas companhias de navegação, que construíram navios modernos e desenvolveram novos e interessantes roteiros, passando por múltiplos países. O Velho Mundo ganhou um novo jeito de ser visitado e, em pouco tempo, havia filas de espera para se conseguir uma cabine.
 
Como seria de se esperar, os roteiros pelos rios da Europa contemplam, mais que tudo, cidades – e alguns castelos – a beira-rio. São atrações que encantam americanos, australianos, neozelandeses e alguns brasileiros. Mas não atraem os próprios europeus.  
 
A explicação: cidades e castelos um europeu vê todo o dia. Nas férias, o que ele quer ver é natureza como... a da Amazônia! Então, por que não dar ao mercado (da Europa) o que ele quer? Por que não desenvolver os cruzeiros pelos rios da floresta amazônica?
 
Alguns poderão lembrar que existem barcos navegando pelos rios da Amazônia.  Mas, são barcos feitos para/por locais. Um bom plano de marketing oferece aquilo que o cliente quer comprar, e não o que se tem para vender. E os barcos que o europeu quer são diferentes. 
 
Ao contrário dos grandes transatlânticos, que possuem atrações como cassinos, os navios de rio possuem apenas os espaços indispensáveis – um salão, um restaurante e talvez uma pequena academia. Assim, os adeptos da roleta e dos caça-níqueis terão que se contentar com com o cassino online. Mas mesmo com a limitação de espaço, dá para oferecer uma experiência sofisticadamente agradável ao turista internacional.
 
As mesmas companhias que cruzam a Europa mantêm navios no sudoeste asiático, navegando nos rios de Vietnã e Camboja que, assim como a Amazônia, tem a oferta natural como o grande atrativo. Mas o entorno despojado não inibe a elegância da embarcação, que não só é luxuosa, mas também conta com comodidades que vão de TV por satélite e bares bem estocados. 
 
Esses navios foram construídos sob medida pelas navegadoras, para atendê-las naquele destino específico. Não seria lindo que essas mesmas empresas resolvessem investir em Rondônia? A natureza está aí, os rios estão aí. Falta pouco para criar uma demanda que desencadearia a sequência de investimentos internacionais. Seria necessário:
 
 
 
Facilitação do acesso – os turistas internacionais precisam chegar aonde o navio está. Isso implica em voos regulares, para um aeroporto bem estruturado, com as facilidades de lojas, restaurantes e outros serviços.
 
Rede hoteleira – antes e depois de embarcar, é comum que o passageiro passe uma noite ou mais no porto, o que traz um adicional de renda para os serviços da cidade. Mas essa oferta precisa estar disponível, especialmente os hotéis e seus respectivos serviços.
 
 
Qualificação de mão de obra – Junto com os turistas vem uma grande oferta de postos de trabalho para guias, garçons, atendentes, tripulantes, taxistas. Mas esses profissionais precisam estar devidamente treinados para exercer suas funções, inclusive com habilidade de se comunicar em uma ou mais língua estrangeira.
 
Desenvolvimento com preservação – Se um navio vai navegar, ele deverá chegar a algum lugar. Os portos de parada precisam estar preparados para receber visitantes de maneira responsável – evitando a degradação da natureza, que já é bem avançada em alguns pontos da Amazônia. Os efeitos do turismo massivo – também chamado de overtourism – já são bem conhecidos no mundo, e afetam com especial força os destinos de natureza. 
 
O interesse das navegadoras pelo destino amazônico é real, e alguma delas já têm ofertas do tipo, em cruzeiros no Peru. Se lá o rio corre na direção do progresso, por que não aqui?
 
 
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