Por Selmo Vasconcellos
Foto: Divulgação
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VIEIRA VIVO – Nossa homenagem
Poeta, poeta, poeta...
Escritor, compositor, ativista cultural, coeditor das revistas alternativas e da Editora artesanal Costelas Felinas (com Cláudia Brino) desde 1998. Vários livros de poesias publicados.
Poesias extraídas do livro “Mingau das Almas”, Editora Costelas Felinas, São Vicente, SP, 116 páginas.
Chegada
Ofereço mãos e pernas
A caminhada e o corpo
O refúgio libertado
do cantador de mistérios
Ofereço riso em cantos
Remendos de melodias
Dia, hora, noite e vento
Revoada de acalantos
Ofereço simplesmente
o que trago na memória
Cabeça de ver as coisas
O cruzar de muitas portas
Pegadas no fim do mundo
Relances, reviravoltas
Relances de ter à volta
o refugio libertado
do passarinho sem dono
A vivência e pouco sono
(página 17)
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Brilho cego
Flamejante Girassol habitará todas fronteiras
Iluminando o cerrado com os olhos de sementes
Deglutindo a claridade em sua boca sem dentes
Minando luzir e raios acima das ribanceiras
Que afaste a crueldade com jorros iluminantes
Vaticine o Brilho Puro através dos horizontes
com voleios radiosos, meneios, divinas fontes
Parindo nas pradarias muitas corolas gemantes
Nutrientes de magos: cristalina seiva de sol
Radiante harmonia oriunda do maná celestial
Ritmando dentre corpos como singelas goteiras
pelas veredas dos seres (brilhante-emocional)
E saciando-se de brilho o reluzir será geral
e pleno de luz num fulgor de mil fogueiras
(página 45)
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Tribo nossa
Ao músico amador
Soando em madrugadas e contornos
como fosse só por tudo o natural
Cores sobre a carne de meu sono
ressoam claras na paisagem tropical
Andando com o tempo mano a mano
entre voos noturnos e galopes irreais
Displicência, canto móvel e insano
Tempero: álcool, fumaça, suor e sais
Aos tipos que musicam nos recantos
integrando o Supremo com a carne
Claridade, turba selvagem, pirilampos
Tons. Tempo e contratempo. Cantos
Interna esperança almeja que se arme
sobre nós e todos os sonoros mantos
(página 61)
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Segredo
Cravo os olhos na pessoa
vejo e varo a vestimenta
Súbita sensualidade ecoa
Mudo, o desejo se assenta
Doido, o pensamento revoa
ao consciente diz: tenta
um ninho em quarto à toa
delirante em chama lenta
Mas, ave-fêmea logo voa
(andorinha desatenta)
Ao bater asas inda ressoa
no poema que se inventa
(página 97)
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Profundo mergulho
Mergulho em teu mar a procura de mim
entre relíquias, tesouros, mistérios, sabores...
Envolto em caricias, afetos, afagos sem fim
iluminando-me a alma em raios e cores
Mergulho em teu mar à cata da essência
do meu eu. Do que em mim desconheço
E teu mar revela-se em forma de aparência:
Mulher-oceano, onde de amor me abasteço
Mergulho em teu mar ancorado em teus braços
e desvendo as profundas paragens deste universo
Banhado em carinhos, encantos, amáveis laços...
Quisera em teu mar, para sempre, viver submerso
(página 106)
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Confissão
Qual doideira sem cura
a planta da literatura
enraizou-se em meu ser
Tendo frondosa postura
alimenta-me em fartura
dos mistérios do saber
Sendo plena de flores
e repleta de sabores
dá a sombra que alivia
da canseira, das dores,
da fadiga e dos suores
dos caminhos da poesia
(página 112)
* O resultado da enquete não tem caráter científico, é apenas uma pesquisa de opinião pública!