Por Selmo Vasconcellos
Foto: Divulgação
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MARINÊS BONACINA – Porto Alegre, RS.
Jornalista, radialista, ativista cultura e escritora.
1ª participação com o poema “Vinho” em 24.Fevereiro.2006 na página impressa Lítero Cultural nº 763 (editor Selmo Vasconcellos)
Poemas extraídos do livro “FRAGMENTOS”.
1-FRAGMENTOS
Voo para encontrar as partículas
de intensos sonhos
que no tempo dilui.
São fragmentos de DNA,
soltos no caminho,
de movimentos simétricos
fragmentos do mesmo arco-íris,
refletidos nas quatro estações.
Os segredos de outra vida
nas marcas paralelas
escrevendo novas rotas.
Fragmentos de um tempo
que encaixam-se em outro tempo.
São enigmas, no amanhecer prateado.
Porto Alegre, 22/05/2017
*****
2-AGULHAS
Nos fios
entrelaçados
vão à direção
do infinito.
Uma desce
outra sobe,
no meio do caminho
um abraço
na decida um laço
para atar o compasso.
Porto Alegre, 13/12/2013 (Hospital das Clínicas)
*****
3-CARTA
Estava na gaveta!
O verbo e a letra,
Criatura a um triz da vida.
Com dó e ré menores,
saliva, suor, lágrima,
amor,
Ventania...
Pena na empunhadura.
Seus raios
irrefletidos balançam
os cabelos.
O crepúsculo dos dias,
derradeiro piscar,
ritual de flores,
anátema a lançar,
acendeu a chama bailarina.
Desde o primeiro crepitar...
Tudo vai recomeçar!
No toque perdido,
de uma lembrança
esquecida.
Porto Alegre, 30/07/2002
****
4-CAMINHOS
No trajeto,
o ônibus
uma mão acena
na outra a mala, apenas.
No avanço os degraus
A força da vida.
Na entrada,
o sorriso
no balanço
o sonho,
Nas paisagens,
a esperança
de um novo alvorecer.
Porto Alegre, agosto/2004
*****
5-ESPELHO
Ele reflete a minha vaidade
deixa-me na saudade.
Passa o tempo,
não o vejo,
e, de repente, encontro-me
frente a frente
Um duelo...
A lâmina da vida.
Porto Alegre, 14/10/2008
*****
Refugiei-me nas letras em espaço virtual,
encontrei você em poéticas histórias
na dança das palavras...paixão.
À distância, apenas um poeta!
Metamorfose da frase leva a insônia, seu erotismo.
O índice, nos sete véus, de um amor imaginário.
Nas entrelinhas, um sonho...
A vida na viagem do “faz de conta”.
Tempo! Profecia inacabada,
emoções, palavras não bastam.
Estilhaços de esperança na geométrica da vida
movimento retilíneo de uma partícula
dilema entre a matéria e a energia.
Viajamos em paralelas,
nas asas do tempo de um amor virtual.
Porto Alegre, 11/setembro/2006. Revisada 10/fevereiro/2009
*****
7-PIANO
Toco o piano,
e ouço em cada tecla, uma nota.
Em cada nota um som,
em cada som uma lembrança
que ao fechar os olhos
voa longe...
Toco o piano,
e ouço, em cada nota uma voz,
em cada voz meu sentir.
No sentir, um som,
em cada som uma dor
insana de partir.
Porto Alegre, 09/11/2012
****
8-SÍNDROME DO PÂNICO
No silêncio da palavra
penso ouvir uma voz,
desconheço a razão.
No meu laboratório central,
existe um canto escuro.
Às vezes questiono,
sombra da minha própria sombra,
onde o medo se esconde.
Ninguém o vê.
Dentro do meu ser
é difícil suportar este tormento,
ter um nítido riso momentâneo,
e mascarar uma dor interminável.
Tento gritar, mas estou silente,
quase muda...
Queria em mãos pegar
para dividir, a fé no divino me sustenta.
Não posso fugir desta essência:
encontrar o imponderável,
pois o mundo só vive de aparências.
Porto Alegre, 27/03/2004 às 9h54min
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