O calabouço da terra – por Marquelino Santana

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A Amazônia Sul – Ocidental brasileira não consegue sobreviver arrebatada pelo ódio profundo e pelo rancor e antipatia de um conciliábulo escabroso da sociedade envolvente que continua deflagrando o seu incessante poder bélico-raivoso em desfavor da magnitude sublime da natureza vivificante e de um modelo violentador do homem e de sua heterotópica cultura. Segundo o pesquisador e escritor da Amazônia, João de Jesus Paes Loureiro: “é um modelo que leva, ao lado do desapossamento do homem, a uma ação desnaturadora da paisagem, e seu entorno cultural. Basta observar-se o processo de implantação dos grandes projetos minerais e agropecuários para se ter uma constatação disso”.
 
Nesse mundo de empáfia e embrutecimento, o espaço vivido amazônico tornou-se uma cortina grotesca de estereótipos e estigmatizações, onde a exacerbada ação predatória humana execra as culturas material e imaterial do lugar, extenuando as forças do caboclo ribeirinho, devastando a mata de sua original sobrevivência, e escamoteando a visibilidade das políticas públicas como forma de exaurir e espoliar a natureza imensurável de suas populações tradicionais.
 
Paes Loureiro nos conta que essa tradicional população cabocla é desterritorializada e forçada a migar, perdendo seus elementos identificadores, seus bens, para marginalizar-se nas cidades, passando de uma vida simples para a pobreza urbana, no paradoxo de situações de carência numa terra de abundância. O eminente autor, ainda nos diz, que como resultado dessa acentuada globalização hegemônica, surge a: “devastação, concentração fundiária, especulação insaciável, ocupação ampla, extensiva e violenta da terra. Numerosas e graves são as consequências para os índios, para a população ribeirinha e outras, que perdem suas terras, suas formas de vida e os componentes paisagísticos que condicionam e nutrem sua cultura”.
 
A florescência colossal da cultura, tão imensurável e sem mácula, precisa continuar complacente e suntuosa no colo da mãe terra. O caboclo precisa continuar mergulhando em seus peculiares devaneios e dialogando cotidianamente com seus transcendentais deuses mitológicos que faz a floresta virtuosa adormecer. O boto precisa continuar abraçando a mãe-d’água, o caboclinho-da-mata precisa continuar pastorando os seus animais, enquanto no divinal altar da florestania, o pai-da-mata, continuará regendo a orquestra no inefável concerto dos palcos florestais.
Mas se o homem não respeitar o Estado democrático de direito, se os entes federativos não caírem em desregramento, se a globalização hegemônica do capital financeiro não provocar o conflito, a guerra e a violência generalizada, certamente, todos nós iremos criar morada no calabouço da terra.
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