Profissão: garota de programa

Profissão: garota de programa

Foto: Divulgação

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Três garotas de programas falam de suas vidas.

Foi em uma terça-feira à noite que esta colunista, em companhia do estudante de jornalismo Miguel Franco, dirigiu pela cidade em busca de algumas garotas de programa.

Começamos procurando por aquelas que trabalham nas ruas. E naquela noite, as que encontramos em seus pontos pelas vias, talvez por medo de uma possível exposição, se recusaram a conversar conosco.

A ideia era falarmos com mulheres que trabalham nas ruas e em clubes. No mundo da prostituição há, também, uma distinção de classes: aquelas que trabalham nas ruas, são consideradas menos "elitizadas" do que aquelas que trabalham em boates, por exemplo.

Seguimos então para um famoso clube da cidade.

No momento que chegamos, uma bela morena fazia um show para os homens que assistiam sentados abaixo do palco.

Alguns mais empolgados -e incentivados por ela- tocavam-na nas partes íntimas, explicitamente excitados pelos movimentos extremamente sensuais daquela morena.

Solicitamos ao proprietário uma entrevista com uma das meninas. Duas delas se recusaram. A terceira aceitou e nos levou para uma área aberta onde conversamos por cerca de 30 minutos.

De lá seguimos para outro local. Mas às 2h da manhã, a casa já estava fechada.

Na semana seguinte, voltamos e encontramos os proprietários que nos autorizaram a entrevista-las. Duas falaram conosco.

A intenção é conhecer um pouco sobre a vida destas pessoas que tem uma profissão marginalizada, discriminada, não reconhecida e nada fácil.

Sem glamourizar, julgar ou discriminar. Apenas ouvir. E elas falaram.

Apesar de toda a discriminação por parte da sociedade, preferindo fingir que não existem, elas estão mais na vida de tantas pessoas do que podemos imaginar. Ao contrário do que pensávamos, não nos foram contadas histórias tristes e nem glamourosas. O que ouvimos foram histórias de lutas, vidas e sonhos. Prostituta também sonha!

 

 “Eu sou garota de programa. Não sou puta. Puta são estas garotas que ficam se vendendo por um copo de cerveja” Fabiola (foto)

A frase foi dita por Fabiola, uma morena alta, vistosa e aparentemente muito segura. Natural de Porto Velho, é mãe de duas meninas e está se preparando para deixar a vida de garota de programa. Fabíola, sem rodeios, nos contou sua história de vida.

 

Este é o seu nome de guerra?

-Não. É meu nome verdadeiro. Porque eu acho que não tem nada a ver ter outro nome. Você não vai mudar de rosto. E se começa mudar de nome, começa a mudar a personalidade também.

 

Há quanto tempo no ramo e como começou?

Há 5 anos trabalho como garota de programa. Eu trabalhava como doméstica dos 16 aos 25 anos. Fui para a boate, porque uma amiga me convidou.  Aceitei o convite dela por curiosidade mas sem intenção de fazer programa. Mas, com tantos homens dando em cima de mim. Eu acabei aceitando. Mas ela não me induziu. Fiquei porque quis.

 

Porquê?

Quando decidi ficar, no primeiro dia, fiz quatro programas. Foi horrível. Fiquei uma semana sem voltar. Me senti mal. Mas depois voltei e como havia saído do meu trabalho, uma coisa levou a outra e eu fiquei.

 

O que te fez ficar?

O dinheiro! Vi que ele vinha fácil e comecei a gostar, não exatamente de fazer os programas, mas do ambiente de festa, de desinibição Mas, embora esteja neste ofício há cinco anos, as vezes parecem que são 10.

 

Qual a principal mudança que notou em você mesma, após começar a trabalhar como garota de programa?

 A desinibição. Quando eu era doméstica eu era muito rígida com mulheres que se atiram pra cima de homens. Porque tem diferença entre puta e garota de programa.

 

Qual é a diferença?

Eu não gosto de sair para bares. Porque eu vejo o comportamento das meninas totalmente diferentes do nosso. Se jogam para cima dos homens e muitas vezes transam por um copo de cerveja ou whisky. Para mim, isso é ser puta. Eu sou garota de programa, não me jogo para cima dos homens. Se eles vêm, sabem que tenho um preço. Essas meninas não percebem que amanhã é outro dia. O pior é que a maioria quando encontra garotas de programa, nos olham com desprezo. Como se fossem melhores que nós. Porquê? Eu cobro e elas saem baratas. O sonho que elas têm, eu tenho. A vida que elas têm, no dia a dia eu tenho também. Então porquê discriminação? As pessoas aqui são mais sinceras.

 

O que mais surpreendeu você neste mundo?

A realidade está aqui dentro. Maridos xingam as prostitutas quando estão com as chamadas mulheres direitas, mas vêm aqui depois. E muitos, com pedidos mais estranhos possíveis. Eu não aceito tudo, porque não sou capacho. Eu recuso muitos pedidos que eu considero estranhos ou que me constrangem.

 

Você tem outra profissão além da que exerce?

Não. Mas eu estou fazendo um curso técnico de radiologia e ano que vem, eu quero trabalhar nesta área. Este é o meu sonho, hoje. Meu desejo, além de terminar o curso de radiologia é comprar minha casa. Nunca é tarde para começar, a estudar especialmente para quem quer sair desta profissão.

Tem que estudar e ir à luta, porque não existe príncipe encantado.

 

Então você não adquiriu bens com o dinheiro que ganhou nesta profissão?

Você já viu puta rica? É difícil. Só aquelas que conseguem casar com alguém rico e vivem do status do marido. Mas isto é raríssimo. Não existe “uma linda mulher” na vida real. Pelas pernas dela, vai ter que ralar e muito. O dinheiro vem fácil mas vai fácil também, porque somos vaidosas e gastamos muito também.

Tem que estudar e ir à luta, porque não existe príncipe encantado. Toda mulher precisa ser o seu próprio príncipe encantado.

 

Você tem namorado?

Não. Porque quando eu conto ou descobrem que sou garota de programa, desistem ou me levam para o pagode. E tem aqueles que querem ficar comigo, mas são casados e eu não quero. Existem aqueles que se apaixonam e aceitam a profissão, mas quando você vai ver o histórico, são do tipo que namoram só prostitutas. E eu não quero um homem assim. Para namorar comigo, precisa entender e aceitar. Já senti solidão por isso, mas hoje, não mais. Me preocupo com minhas filhas e com o curso e deixei de pensar em romance. Mas é claro, que eu sonho em me casar um dia e ter uma vida considerada normal, com as dificuldades sim, porque ninguém tem vida perfeita.

 

Como é a sua vida quando não está trabalhando?

Saio daqui, e às 10h preciso levar minha filha à escola, fazer almoço, ir para a academia, ir para o curso, descansar e vir para o trabalho.

 

E sua família e suas filhas sabem?

Minha família sabe. Eu nunca soube mentir meu nome, então contei para minha família. Mas, por causa das minhas filhas, fora daqui, não faço programa e levo uma vida mais discreta. Minhas filhas quando estiverem maiores, eu vou contar porque não quero que saibam por outras pessoas. Hoje são pequenas e querem vir trabalhar comigo e eu respondo: Não, pelo amor de Deus, não (risos).

 

Você já se apaixonou por cliente?

Já, mas não deu em nada! E não dá. Fui uma iludida e não sou mais. Um dia o cara te chama de puta e pronto. Você volta a se prostituir.

 

Você trabalha independente?

Sim. Muitas meninas têm cafetão. Mas eu não trabalho assim, eu tenho o percentual em bebidas e o valor que eu cobro. A vida não é fácil e não tem nada de glamour, como algumas iludidas pensam. Mas é meu trabalho. Eu estou aqui por escolha.

 

Prostituta Goza?

Nem todas. Mas eu, geralmente, sim. Mas não beijo na boca.

 

O que você diria para as garotas que estão lendo sua entrevista?

Que vão estudar. Porque o estudo é a coisa mais importante e que vai abrir portas para você na profissão que escolher. Estudem! É o melhor investimento que vão fazer para terem escolhas e não precisarem passar por tantas dificuldades.

Tem que estudar e ir à luta, porque não existe príncipe encantado. Toda mulher precisa ser o seu próprio príncipe encantado e ir à luta para realizar os seus sonhos e não ficar esperando que um homem vá fazer isso por elas.

 

“Eu prefiro homens de pinto pequeno. Eles são melhores.” Patrícia

Patrícia, nome fictício, é uma extrovertida garota de 22 anos, natural do Mato Grosso. Apesar da pouca idade, já passou por muitas experiências de vida. De uma família cheia de conflitos e pai ausente, ela também tem seus sonhos de mulher e de uma profissão diferente daquela que tem hoje. Patrícia nos recebeu com simpatia e contou, sem pudores, a sua história de vida.

 

Como começou sua vida de garota de programa?

Eu ainda não era garota de programa quando morava no interior do Mato Grosso. Era como todas as outras. Com família escolas e amigos.  Naquela época, vindo da escola, conheci um senhor de 56 anos e casado. Com ele, mantive um relacionamento durante três anos, exclusivamente por dinheiro.

Enquanto meu pai vivia com a gente, a vida financeira era tranquila.  Ele faliu, abandonou a família e minha mãe entrou em depressão. Eu via meus irmãos e minha mãe passando dificuldades e aceitei o relacionamento. Eu já não era mais virgem. Ele era velho e pagava tudo para mim. Com o dinheiro eu pagava as despesas de casa.

 

Como era o relacionamento.

 Era difícil. Homens velhos bancam tudo mas são ciumentos e não permitem que nos relacionemos com outros. Nunca dormia comigo, porque ele tinha a família dele. Geralmente quando uma garota se relaciona com homens assim, não pode ligar no telefone dele, não pode incomoda-lo em momento algum, tem que estar disponível a qualquer hora. Por isso, complica ter relacionamento com outra pessoa. A gente se torna quase uma propriedade deles.  Mas a verdade é que todas sempre têm outros. É um mundo de mentiras.

 

E eles se apaixonam?

Sim. E quando isso acontece, dão muito mais do que pagar despesas. Tornam a vontade da garota uma realidade. Há mulheres mais espertas. Mas quando a gente é nova, quer calçados, roupas, bolsas, relógios e não pensa no futuro. E perde a oportunidade de arrancar uma casa, uma moto, um carro, porque ele está totalmente iludido por você. Apesar de não se separarem da mulher ficam com a gente, porque o casamento já está desgastado e não há mais diálogo. E nós estamos sempre rindo, brincando e até banho tomamos juntos. Procuramos escuta-los até mesmo quando falam dos problemas e há diálogo. Geralmente sabemos tudo sobre eles e suas famílias. Mas ninguém sabe que sabemos. Somos quase uma psicóloga.  Mas com o tempo, a gente pega nojo, porque é tudo exclusivamente por dinheiro.

 

Quando veio para Rondônia?

Eu me separei dele e logo em seguida eu apareci grávida do outro com quem eu estava. E mesmo assim, ele continuou me ajudando e comprou o enxoval do bebê. Mas quando eu tive meu filho, eu me afastei dele. O pai do meu filho assumiu o bebê mas depois de um tempo me separei dele também.

Foi aí que vim para Rondônia. Chegando aqui, passei muitas dificuldades e conheci uma amiga. É sempre por uma amiga. Ela morava perto da minha casa e me convidou para ir para Ariquemes. Ela disse que eu iria ganhar comissão na bebida e o preço do programa, eu que daria.  O primeiro programa foi normal, porque eu já gostava de sexo. Mas as meninas me avisaram: Nada de beijar na boca e transar sem preservativo.

 

Então é verdade que prostituta não beija na boca?

Totalmente. Não beijamos na boca porque corremos o risco de nos envolver com o cliente. Além disso, nós temos muito medo de doenças e nós cuidamos muito. Morremos de medo de pegar o vírus do HIV, sífilis ou outra doença. Nós cuidamos mais do que mulheres que estão por ai pelas ruas.

 

Sua família sabe que você é garota de programa?

Minha mãe, mas meu pai não. Ela não apoia mas não me julga. Ela mora comigo e eu pago todas as despesas e não gosto que ela trabalhe fora. Hoje em dia ela é evangélica e sempre me diz que não tem bens para me dar, mas que enquanto estiver viva e tiver fé, vai se ajoelhar para orar por mim e que quando eu sair desta vida, ela tem fé que eu não vou voltar. Meus irmãos sabem e não me julgam.

 

Você tinha outro emprego. Por que voltou pra vida?

Saí do emprego, recebi tudo certinho mas o dinheiro acaba. Eu dei passos além, fiz contas. E isso aqui é um modo de vida muito fácil. O dinheiro vem fácil mas é bom lembrar que vai fácil também, porque a maioria não consegue administrar. Então pensei: Vou ficar um tempo, até ajeitar as coisas e depois paro novamente.

 

Você tem namorado?

Tenho. Mas ele não sabe o que faço. E quando saio daqui, sou uma menina discreta, não uso nada extravagante. Garotas de programas se escondem mais que outras garotas. Somos discretas. Tenho vários amigos e já trabalhei como doméstica e babá na casa de muita gente. Mas eu nunca demonstrei ser prostituta. Sempre quietinha, caladinha. Eu sou a falsa santa.

 

Qual a parte boa e a ruim neste trabalho?

A boa é o dinheiro. Só isso. Por isso é difícil sair desta vida. Porque se torna quase um vício. E a ruim é o medo de pegar doença.

 

Você tem orgasmo quando transa com cliente?

Eu tenho porque eu sou safada. E as vezes nem é com homem bonito. Normalmente é com homem que a gente olha e não dá nada por ele. E a maioria prefere homens de pinto pequeno. Eles são melhores, porque talvez sejam mais inseguros e por isso dão mais atenção e são mais carinhosos.

 

Qual o seu sonho?

Ser alguém. Uma profissional. Estou juntando dinheiro para tornar meu sonho realidade. Eu quero fazer um curso técnico de segurança do trabalho. Aqui na Boate em Porto Velho, estou há apenas 4 meses. Fiquei em Ariquemes 4 anos. Quando vim para Porto Velho, trabalhei como babá, doméstica e por último como monitora de transporte escolar. Mas eu vou ser uma técnica de segurança do trabalho.

 

“Eu sou garota de programa, mas quero ser doutora. Porque toda mulher que é chamada de puta, quando ela estuda, primeiro ela é chamada de doutora.” Jasmine

Jasmine, nome fictício, tem 23 anos e aparenta 18. Natural de Porto Velho, faz faculdade e seu sonho é ser uma doutora. Com seu jeito meigo, nos recebeu e falou sobre sua vida.

 

Há quanto tempo trabalha como garota de programa?

Há 3 anos. Trabalhava como babá e também em uma oficina de moto.Mas saia com cara mais velho um cara que me ajudava. Ele tinha 50 anos e eu 16.Me dava dinheiro e pagava tudo para mim, porque o que eu ganhava não dava para me manter.

 

Isso era uma forma de ser garota de programa?

Não era como garota de programa. Porque garota de programa é aquela que faz sexo com vários. Eu ficava só com ele. É claro que eu ficava só pelo dinheiro, mas para mim, não era uma forma de prostituição.

 

E como começou na vida?

Eu tinha 18 anos e fui viajar para o interior de Rondônia com uma amiga que fazia programas e ela me convidou para ir em uma boate, mas eu não sabia, até então, que era boate para mulher de programas. Ela disse que era a casa da tia dela, mas eu estranhei as mesas do lado de fora e o fato da mulher pedir documentos. E como eu estava sem dinheiro para voltar, eu acabei ficando e fazendo programas.

 

E como foi o primeiro programa?

Acordamos por volta de 13 horas, fomos para o salão. A cidade é pequena e a dona da boate, quando chegava meninas, colocava todas no carro e dava uma volta pelos pontos principais. Os clientes que já a conheciam, sabiam que isso era o aviso de novidade na casa. E naquela noite lotou. Eu nem tinha costume de beber e bebi Martini. Ganhava comissão com as bebidas. E depois fui para o quarto com um cara.

 

O primeiro programa foi difícil?

Não foi difícil não! Porque eu sempre pensei em fazer programa. Eu perdi a virgindade com 15 anos porque eu quis e foi com um cara de quem eu gostava um pouco, mas ela (virgindade) me incomodava e eu queria ganhar dinheiro com isso. Depois eu comecei com anúncio de jornal. E recebia muitas ligações. Fazia 3 ou 4 programas por dia e não atrapalhava meus estudos. Mas agora é diferente, porque o jornal faliu e eu não uso mais anúncios.

Trabalho na boate e mantenho alguns clientes antigos. Mas as vezes vem muita gente conhecida aqui e eu corro para me esconder.

 

Porque? Você não assume para todos?

Não! Para todos, eu sou estudante, uma menina direita.

E cola? Você sai à noite para se divertir como uma menina considerada normal?

Sim, toda Paty. E com minha cara meiguinha eu engano muita gente.

 

Você encontra, acidentalmente, clientes por onde você vai passear?

Raramente. Uma vez, eu estava em um hospital e encontrei um. Eu estava com meu namorado abraçada a ele. E outra vez encontrei um no supermercado, ao lado da esposa, mas abaixei a cabeça, fingi que não vi e pronto.

Até porque, a maioria é casado. E os encontros são durante o dia. Por volta de meio dia. É o horário de pico.

 

Com esta vida, é difícil namorar?

É sim, porque homem não aceita esta vida. Nenhum namorado, graças a Deus, descobriu. E qualquer coisa que acontece, a gente pensa que eles já descobriram. Tem sempre o medo.

Mas em casa e na rua, usamos um tipo de roupa e maquiagem diferente. E o comportamento também é outro. Na boate é escancarado. Temos que mostrar, porque quanto mais mostra, mais interesse se cria.

 

Qual a coisa mais esquisita que um cliente te pediu?

Muitas, Muitas. Teve cliente que abriu a boca e pediu para eu fazer xixi nela.

Mas o primeiro que estranhei foi um cliente, que estava com um garoto de programa, e ele ficava comigo enquanto o garoto ficava com ele.

Tem muitos que querem a inversão. A gente penetra eles com acessórios e eles nem chegam a penetrar a gente. Além de casais também.

 

O que você não gosta?

Não faço sexo oral em mulher, não deixo ejacular na minha boca e não transo sem preservativo, em hipótese alguma.

 

Já se apaixonou por um cliente ou se apaixonou por você?

Nunca me apaixonei mas já se apaixonaram. Mas eu não quis. Ele era casado. Queria me bancar com tudo, mas eu não quis. Porque pegam muito no pé.

Eu não largaria a vida para ser mantida por um único cliente, porque eu gosto do meu namorado. Já estamos juntos há algum tempo. Embora ele não saiba da minha profissão

 

Já enfrentou perigos?

Não. Graças a Deus, não. Teve uma época que eu trabalhava a noite e tinha receio. Mas depois eu passei a atender pelo telefone. O cliente ligava e eu encontrava ele no motel.

 

Como são os programas dentro da boate?

Pode ser dentro dos quartos ou pode sair também. Mas neste caso, precisa pagar a saída. E duram em torno de 1 hora, mas alguns, dentro da boate, duram menos. Alguns chegam a durar até 20 minutos. Pagam o programa da garota e mais a taxa do quarto.

 

A sua família sabe?

Ela sabe, eu nunca escondi. E o dinheiro que eu ganhava eu ajudava em casa. Como filha mais velha, eu me sentia na obrigação de ajudar nas despesas. Meu dinheiro é literalmente suado.  Minha mãe é separada e tem uma vida difícil. Ela é uma pessoa cabeça aberta. Não me julga e sabe que eu não uso drogas, não mexo com coisas erradas, só dou o que é meu e me cuido. E eu dizia para ela que quando ficasse maior de idade, iria pintar o cabelo de loiro, colocar um short curto e fazer programa. E eu fiz

 

Qual foi a reação dela?

Ela me disse que o importante é não deixar a escola. Segundo ela, toda mulher que é chamada de puta, quando ela estuda, primeiro ela é chamada de doutora. Aquela doutora é puta! Primeiro vem a parte superior, depois é que ela é xingada. Ela sempre falou isso para mim. E eu sempre levei isso a sério. E por isso eu continuo estudando. Eu estou na faculdade.

 

Você está estudando. Quais seus planos para o futuro?

Minha mãe é evangélica e por isso eu fiz um propósito com Deus. Eu disse: Deus, eu estou passando por isso, mas quando eu sair desta vida, quando terminar a faculdade e encontrar um emprego, eu nunca mais vou tocar neste dinheiro sujo. Nunca mais volto para esta vida e vou me converter à igreja. Já passei por muitas coisas nesta profissão, e não vou voltar. Porque esta vida, embora dizem ser fácil, não é assim não.

 

Você tem vontade de casar, ter filhos?

Sim, mas é muito difícil, porque eu sei muitas coisas que um homem faz para enganar uma mulher. Se eu me casar, ou eu vou ser muito besta por amar demais, ou vou viver o tempo todo querendo saber, cheirando roupa e não vou confiar. Mas apesar disso, as vezes eu tenho vontade sim. Mas, filhos, não penso em ter.

 

E quanto ao tamanho do pênis?

A gente prefere os de pênis pequenos. São melhores. Porque eu acho que eles sabem que é pequeno, talvez fiquem mais inseguros e por isso reagem com mais carinho. O único incomodo é ter que ficar segurando a camisinha para não sair.

Aqueles de pênis grande, são mais seguros e não se preocupam muito com a parceira e querem colocar tudo sem pensar se machuca ou não.

 

Qual é a parte boa e a parte ruim nesta profissão?

É uma vida que eu não aconselho para ninguém. O dinheiro é única parte boa. Mas vai fácil também. O preço a pagar é muito alto. A parte ruim é sair com homens fedorentos. Eu já coloco a toalha de lado, E tem alguns que não querem tomar banho. Chegam bêbados. Mas eu não recuso, apesar disso. Só recuso sem camisinha. Sem camisinha não faço nada!

Mas eu quero sair. E quando sair, não vou voltar nunca mais. Vou terminar a faculdade e eu vou ser uma doutora.

 

NOTA: Jasmine e Patrícia usaram nomes fictícios e não nos permitiram fotografias.

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