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Equivoca-se quem imagina que, ao adotar o título deste artigo eu esteja aderindo à leitura de livros de autoajuda. Nem o otimismo de que a maioria da população foi tomada a partir da acachapante aprovação do impeachment pela Câmara pode ser confundido com o pensamento do Dr. Pangloss na sátira mordaz de Voltaire. Mas o acontecimento de domingo aponta inequivocamente na direção de uma retomada da esperança no país.
Uma questão que não mereceu destaque no noticiário foi o fato de não ter ocorrido violência nas manifestações contra e a favor do impeachment, o que deixa antever a possibilidade de unificar a nação em torno de propósitos. Caso seja confirmado o impeachment pelo Senado, o vice-presidente Michel Temer terá a oportunidade de colocar em prática o que já propôs. Ele, afinal, conta hoje com o comprometimento de 367 deputados que votaram pelo impeachment da presidente. Como disse já em seu discurso de posse o presidente nacional da OAB, Cláudio Lamachia, “precisamos de um novo contrato social da classe política com a sociedade brasileira, pois é evidente que não há democracia sem política e não há política sem políticos. Precisamos da depuração da política nacional.”
O país tem agora a oportunidade de atacar alguns de seus mais aflitivos males, como a corrupção, a falta de segurança, o desprezo pelo dinheiro público e pela Constituição. A doença de nossa democracia, que se tornou patente nos últimos tempos, é principalmente de valores, como observou o articulista Francisco Daudt. Ele pergunta o que vale, e o que não vale, no senso-comum que nos domina? A louvável compaixão pelos desvalidos degenerou-se numa crença arraigada: "Em nome da luta contra a desigualdade, vale tudo!" Vale o roubo? Vale! Vale! A mentira, o aparelhamento do estado, a corrupção por uma boa causa? Valem! O abolimento da lógica e do pensamento crítico? Valem! O coitadismo militante, a adoração de um líder que se julga acima do bem e do mal? Valem! A destruição da democracia em nome de defendê-la? Vale! "Fazer o diabo" para conquistar o poder e se manter nele? Vale!”.
O Brasil precisa considerar, segundo ele, meios mais dignos de buscar os ideais da democracia: igualdade perante a lei; igualdade de oportunidades. É preciso repensar o que vale e o que não vale para cada um de nós. O Brasil tem jeito? Já disse aqui em mais de um artigo que tem. Mas não vamos chegar a lugar algum com o mero aumento de impostos. Agora chega! – prega a OAB em campanha contra a volta da CPMF. Agora chega também de violência. Isso ficou claro nas manifestações pacíficas contra e a favor do impeachment. Chega de impunidade, chega de impor sempre mais sofrimentos às classes economicamente mais vulneráveis.
O impeachment, se comprovado pelo Senado, o que acredito que deverá acontecer, terá sido fruto de uma mobilização nacional jamais registrada em nossa história. Temos que nos manter mobilizados para avançar na direção correta. Nesse sentido a OAB já se posicionou ao conseguir a proibição do financiamento empresarial das campanhas políticas. Isso não significa que o malfadado “caixa dois” deixará de existir. Mas a mobilização da população também para isso será fundamental, na denúncia de candidatos que ostentem grande poderio econômico. Tais atitudes podem até resultar na eleição de um congresso que efetivamente represente a população – não bancos e empreiteiras.
Não é, portanto, exagerado otimismo considerar que venceu a democracia! A Câmara dos Deputados ouviu o clamor da população, que vestiu verde e amarelo e foi às ruas protestar contra a corrupção generalizada, sucessivos escândalos e pedir mudanças urgentes. É preciso parabenizar a toda a bancada rondoniense na Câmara Federal pela votação. Respeitaram a vontade da maioria dos rondonienses e foram favoráveis ao prosseguimento do processo de impeachment. A OAB/RO, cumprindo seu papel institucional e a confiança conferida pela sociedade, acompanha este momento histórico desde o início e assim continuará fazendo até os últimos instantes, para garantir o respeito à Constituição e ao Estado Democrático de Direito.
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