Foto: Divulgação
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A história da localidade de Santo Antônio é mais antiga do que a cidade de Porto Velho. O lugar hoje é apenas um bairro anexado a nossa capital de Rondônia, mas, no passado foi importante região de concentração de toda borracha extraída dos Rios Beni, Mamoré, Guaporé e claro o Rio Madeira. Antes mesmo de ser no século XIX ponto de atracamento dos navios do tipo gaiola, foi também importante missão jesuítica liderada pelo padre João Sampaio por volta do século XVIII. Marechal Rondon foi um dos principais incentivadores para a criação daquele que seria até então um dos mais distantes municípios do Mato Grosso se usarmos como referencia a capital Cuiabá.
Remonta a história de Santo Antônio aos primeiros anseios para a construção da Estrada de Ferro Madeira Mamoré, quando ali chegaram os Engenheiros da Public Works Constrution Company, seguindo-se com a da P&T. Collins, cuja dramática história foi contada com minudências de detalhes por Kurt Falkenberg, romance-história “ As botas do diabo”.
Era o Município de Santo Antônio do Rio Madeira de uma enorme extensão. Fazia limites com o município de Humaitá no Amazonas nas proximidades ou no igarapé Bate-Estacas e com o de Mato Grosso (Vila Bela), antiga capital da Província e onde nos tempos coloniais teve residência os Capitães Generais que desbravaram aquela região Luiz de Cárceres Pereira e Mello, o engenheiro Domingos Sambucetti, construtor do Forte Príncipe da Beira e Ricardo Franco de Almeida Serra que está sepultado, nas proximidades do rio Pacaás Novos da povoação de Esperidião Marques (Guajará Mirim), onde terminavam os limites de Santo Antônio do Rio Madeira.
Os primeiros desembarques de pessoal da empreiteira May Jakyll and Randolph, ocorreram na Vila de Santo Antônio do Rio Madeira, local logo em seguida verificado inadequado para o desembarque e armazenamento do material pesado para a construção da Madeira Mamoré.
É portanto, Santo Antônio do Rio Madeira o mais antigo município incorporado ao Território, foi palco de muitas alegrias e muitas tragédias ocorridas quando a borracha era chamada de ouro negro e na epopéia da construção da Estrada de Ferro Madeira Mamoré.
Duas grandes firmas dominavam os negócios que se realizavam na pequena localidade, nas duas últimas décadas do Século XIX: Suarez Hermanos, que tinha ramificações pela área que constituiu o Território do Acre e Chachuela Esperanza, à margem do Rio Beni, no Departamento de Pando na parte oriental da Bolívia e Jacob Essabbá, que tinha matriz em Manaus quando capital da Província do Amazonas.
Teve grande movimento quando os negócios ali se realizavam em moeda inglesa – libra – esterlina – intensificando-se com maior volume quando foram iniciados os trabalhos da construção da ferrovia até a implantação do município de Porto Velho. Nos anos de 1906 até 1908 quando Porto Velho ainda não oferecia as mínimas oportunidades de lazer, então era para Santo Antônio que iam os trabalhadores da ferrovia buscar diversão. Distante menos de 7 quilômetros do local do trabalho, onde eram proibidos bebidas alcoólicas, jogo e prostituição, com esses motivos Santo Antônio naqueles três anos a sua época mais promissora.
Como atestado dessa faustosa época de vida o município de Santo Antônio, existe um relatório da Delegacia Fiscal do Norte de Mato Grosso referente ao movimento administrativo e financeiro dos anos de 1908 a 1914 do qual extraímos alguns dados. Desse relatório constatamos a existência de uma escola no período denominada Escola Pública do Município de Santo Antônio do rio Madeira, inaugurada em março de 1913, com 67 alunos, 36 do sexo masculino e 32 do sexo feminino, dirigida pela professora Constanza Pestana Pires. A mesma escola foi criada ao tempo em quem era Prefeito daquele município Joaquim Tanajura, renomado médico da região que no passado havia participado da Comissão Rondon.
Como já disse, Santo Antônio, hoje é apenas um bairro de Porto Velho, onde ainda temos alguns resquícios de sua história representada fisicamente pela Capela de Santo Antônio (1913), o Obelisco do Centenário da Independência do Brasil (1922) e o Sobrado de Santo Antônio (Século XIX). O lugar é na maior parte das vezes lembrado em 13 de junho de cada ano, quando ali se festeja, no entorno da pequena Capela o padroeiro do lugar, situado a margem direita do Rio madeira, próximo ao lugar onde existia uma cachoeira do mesmo nome, Santo Antônio.
Nada mais resta da época faustosa que ali se viveu, se não túmulos com inscrições apagadas sobre lápides de mármore esmaecidos.
Aleks Palitot
Historiador reconhecido pelo MEC pela portaria n° 387/87
Diploma n° 483/2007, Livro 001, Folha 098
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