Após reunião desta quarta-feira da Comissão Executiva do PMDB, questionado se via problemas para a relação entre os dois partidos por causa da disputa na Câmara, Temer respondeu com um singelo "não".
Foto: Divulgação
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A pouco mais de duas semanas da eleição para a presidência da Câmara dos Deputados, que colocará em choque PT e PMDB, o vice-presidente da República e presidente do PMDB, Michel Temer, procurou mostrar, pelo menos de modo protocolar, confiança de que não vê riscos para a relação entre os dois principais partidos governistas por conta das disputas no Congresso.
Após reunião desta quarta-feira da Comissão Executiva do PMDB, questionado se via problemas para a relação entre os dois partidos por causa da disputa na Câmara, Temer respondeu com um singelo "não".
Apesar da negativa de Temer, há preocupação no governo de que a disputa na Câmara deixe sequelas e se o candidato peemedebista, Eduardo Cunha (RJ), for eleito presidente, venha a ter uma postura mais independente e refratária ao governo. No primeiro mandato de Dilma, Cunha foi considerado um desafeto político do Executivo.
O candidato do PT é o deputado Arlindo Chinaglia (SP), que já presidiu a Câmara entre 2007 e 2009.
Após a reunião desta quarta-feira, o PMDB divulgou nota declarando que o partido apoia “por unanimidade” o escolhido pelos deputados do partido para a disputa, sem citar nominalmente Cunha, e que fará o mesmo quando a bancada no Senado escolher seu candidato para a presidência da Casa.
O presidente do Senado, Renan Calheiros (AL), ainda não lançou oficialmente sua candidatura à reeleição, mas deve fazer isso na próxima semana. No Senado, por tradição, a maior bancada tem direito a indicar o presidente da Casa, mas os partidos de oposição tentam dividir a bancada peemedebista para tirar o cargo de Renan.
A estratégia da oposição no Senado e o enfrentamento direto com o PT na Câmara levaram os peemedebistas a fechar uma posição de cúpula para pressionar deputados e senadores a marcharem unidos. Como a votação para a presidência das duas Casas é secreta, a decisão orienta os parlamentares, mas não garante o apoio unânime dos deputados e senadores aos candidatos oficiais.
Durante a reunião desta quarta, apoiadores de Cunha conversaram com ele por telefone para saber se o líder fazia questão de ter seu nome citado na nota da Executiva. Segundo relato de um peemedebista, Cunha teria argumentado que preferia ser citado, mas não apresentou objeções à redação final, que não o cita.
O impasse teria levado Temer a sugerir que a Executiva não divulgaria uma nota oficial, já que havia um acordo para não citar nenhum dos candidatos do partido. Somente depois da ameaça de Temer é que o grupo de Cunha recuou.
Como no Senado, na Câmara a tradição é que o partido com a maior bancada, no caso o PT, tenha o presidente da Casa. Na Legislatura que se encerra neste mês havia um acordo entre PT e PMDB para haver um revezamento na presidência da Câmara, comandada hoje pelo peemedebista Henrique Eduardo Alves (RN).
Governo
Antes de acertar a convocação da Executiva, Temer comunicou a decisão aos ministros Aloizio Mercadante (Casa Civil), Pepe Vargas (Relações Institucionais), e Ricardo Berzoini (Comunicações), todos do PT, que compõem o núcleo decisório mais próximo da presidente Dilma Rousseff.
Segundo outra fonte do PMDB, que falou sob condição de anonimato, no encontro Temer informou ainda que para evitar sequelas após a eleição das Mesas do Congresso, o governo deveria evitar movimentos políticos no sentido de desequilibrar o jogo a favor de outras candidaturas.
Uma fonte do Palácio do Planalto disse à Reuters, sob condição de anonimato, que a operação do PMDB irritou a presidente, apesar de Temer ter tomado o cuidado de avisar o governo. Essa fonte contou que Dilma não quis ouvir as explicações do vice ao ler as notícias de que o aliado teria uma posição pública sobre a sucessão no Congresso.
A maior preocupação é com a disputa na Câmara, onde PT e PMDB, principais partidos da base aliada de Dilma, se enfrentam pela presidência. Há temor entre os peemedebistas que o governo use cargos de segundo e terceiro escalão para impulsionar a candidatura de Chinaglia contra Cunha.
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