Não é somente o setor público de saúde em Rondônia que passa por deficiências e ineficiências. O setor privado está agonizando e a qualquer momento vai explodir. A reportagem visitou diversos hospitais particulares e pode observar o atendimento precário pelo aumento da demanda e a falta de investimento no setor.
O Hospital da Unimed, localizado na avenida Rio Madeira, após firmar convênio com as usinas, aumentou em mais de 1.000 usuários novos, ficou sem leitos e acomodação para quem precisar de internação. Uma senhora de 82 anos, T.F.T. ao quebrar o fêmur, teve que ser colocada na UTI, depois de ficar horas no corredor, porque não haviam leitos disponíveis para ela. “Ela disse: pago cerca de R$ 1 mil reais de plano e sou tratada como indigente”, desabafou.
Alguns médicos da Unimed disseram a nossa reportagem que muito embora o prédio ao lado ofereça cerca de 60 leitos a mais, já está defasado com o crescimento da demanda.
Um deles, que preferiu não se identificar disse: “Não houve investimento no setor e a procura quintuplicou”, frisou.
No 9 de julho, Hospital Central e das Clínicas não é diferente. No mesmo dia que a paciente T.F.T se “internou” na Unimed, o próprio hospital tentou vagas nesses hospitais citados, em vão. Todos estavam lotados.
O pior está na questão marcação de consultas. Um paciente ligou para o consultório do Dr. José Carvalho Rosa para marcar uma consulta e recebeu como resposta da sua secretária que só teria vaga para outubro. Em qualquer habilidade médica a situação não é diferente.
Quando o paciente consegue ser atendido nos procedimentos mais complexos, os médicos “empurram” o usuário de Plano de Saúde para pagar particular, alegando a desproporcionalidade de pagamento feito pela empresa de Plano de Saúde e o que realmente vale pela tabela deles. O paciente escolhe entre pagar, se tiver dinheiro, ou passar pelo constrangimento de não fazer o procedimento médico, sob uma segunda alegação de que não “haverá vagas” para o dia da cirurgia.
Um dos sócios do hospital 9 de julho, Dr. José Roberto, disse a nossa reportagem que não existe investimento no setor privado de saúde porque não compensa.
Para piorar, o Governo do Estado de Rondônia, firmou convênio com as clínicas particulares para atender o excesso da demanda do setor público em casos de acidentes que envolvem emergências ortopédicas e cirurgias. Se o acidentado particular procurar os hospitais credenciados, terá melhor chance na rede pública, por conta dessa situação agravante.
Em Porto Velho ou acontecem investimentos urgentes no setor privado ou o caos poderá ser pior do que o da rede pública. Quem sofre as conseqüências é o trabalhador que além de pagar Previdência para o país, paga Plano de Saúde caro e não é atendido.