A prática teria sido iniciada por Itamar Franco. Seu primeiro gesto, diz-se, ao receber o cargo de presidente da República, foi entregar, ao presidente do Congresso, sua declaração de bens, inclusive, o Nada Consta do Tribunal de Contas da União.
Pois é. Se o governador Confúcio Moura tivesse exigido de muitos que o cercam que apresentassem a certidão de Nada Consta expedida pelo Tribunal de Contas do Estado de Rondônia, inclusive a criminal, certamente teria evitado os aborrecimentos pelos quais tem passado.
Não é de agora que se tem comentado a respeito do enriquecimento relâmpago de muitas figurinhas carimbadas do mundo político rondoniense, que aqui chegaram arrastando apenas a corda, já que a cachorra presa a ela morrera de inanição no meio da viagem.
Chega-se, inclusive, a imaginar que muitas pessoas obscuras, sem qualquer qualificação profissional ou talento, que lhes assegure a constituição de patrimônio econômico apreciável, acabam por ingressar na política com a única e exclusiva intenção de amealhar fortuna. A experiência, lamentavelmente, tem dado razão aos que assim pensam.
O problema é que em Rondônia, diferente do que ocorre noutras regiões do país, a impunidade, gerada pela intolerância de cidadãos honestos, transforma-se em fator estimulante para novas ilicitudes.
O resultado é que os mais jovens não encontram bons exemplos em que se inspirar. Em vez disso, passam a valorizar a esperteza, a ladroagem e a falta de escrúpulo. O político não é respeito por suas qualidades inalienáveis, mas por meter a mão na cumbuca do erário e conseguir safar-se das garras da justiça.
Tornou-se comum admitir que, se o cidadão comete um crime, ao invés de merecer castigo, passa ele a ser endeusado e imitado por suas bandalheiras. Predomina a crença de que “se eu não meter a mão, vem outro e mete”, já devidamente incorporada ao estilo de vida de certos indivíduos.
Isso, evidentemente, só contribui para o aparecimento de pilantragens, cada vez mais crescentes, patrocinadas com o suado dinheiro do contribuinte. Citei o caso da administração Confúcio Moura, mas isso não quer dizer que não esteja acontecendo noutras administrações.