O jornal Diário da Amazônia publicou nesta quarta-feira uma “reportagem” sobre a disputa da Mesa Diretora da Assembléia. No texto, o jornal afirma que deputados estariam “confinados em uma fazenda” de onde só sairiam no dia da eleição da Mesa. O Diário ainda incita o Ministério Público e a OAB para que eles interfiram em uma eleição “interna corporis”, que só interessa aos parlamentares. A sociedade já fez sua parte elegendo seus representantes. Bons ou ruins, o que importa é que foram eleitos.
Interesses
Mas a “reportagem” do Diário da Amazônia, que pertence a família do vice-governador Aírton Gurgacz, não revelou os interesses do grupo Cascavel, como o reajuste de 11 por cento no valor das tarifas de transporte intermunicipal, a volta da taxa de embarque nas rodoviárias e a revogação da Lei que implantou o serviço de lotação intermunicipal. O jornal também omitiu em sua “retrospectiva” de eleições anteriores da Mesa, que a Eucatur foi acusada pelo então deputado estadual João da Muleta, de pagar mensalinho aos parlamentares. (VEJA VÍDEO ABAIXO)
Interferindo
A Eucatur, por mais que o governador Confúcio Moura tente negar, detém praticamente todo o transporte intermunicipal e interestadual em Rondônia. O Ministério Público e a OAB deveriam olhar com atenção as tentativas de interferência do grupo na política em Rondônia. Votos efetivamente os Gurgacz nunca tiveram. Acir foi eleito prefeito de Ji-Paraná com o apoio do PT. Teve as contas reprovadas. Tentou ser governador e não conseguiu. Garantiu a vaga no Senado por causa das lambanças de Expedito Júnior durante as eleições de 2006. Conseguiu emplacar seu tio, Aírton como vice de Confúcio após uma longa negociação que certamente vai custar caro à população de Rondônia. A conferir.
Secretas
O primeiro cunhado Francisco Assis é o responsável pelas negociações envolvendo o Palácio e os parlamentares. Ele vem oferecendo uma série de vantagens aos deputados, que passam de contratos com o governo a cargos no segundo e terceiro escalão. Reuniões em locais ermos são marcadas por ele e alguns estão caindo na esparrela de ouvi-lo. O Ministério Público e a OAB deveriam também dar uma olhada na participação desse moço no processo. Assis não é servidor público, não ocupa cargo de confiança e continua usurpando as funções do secretário da Casa Civil, Ricardo Sá, cuja função lembra muito a da rainha da Inglaterra, meramente decorativa.
Prejuízos
A interferência palaciana nunca foi novidade nas eleições da Mesa Diretora da Assembleia. É claro que o Executivo precisa garantir a governabilidade, mas o que Confúcio parece estar buscando é a subserviência, tal qual fez Ivo Cassol com Neodi. Isso representa um enorme prejuízo para a população, porque quando isso acontece, aprovam-se em sessões obscuras leis amalucadas, mudam-se regimes de trabalho e o legislativo não consegue cumprir seu papel fiscalizador. A sociedade rondoniense ainda se recupera do choque que foram as imagens de deputados negociando vantagens com Ivo Cassol em troca da tal “governabilidade”. Imagens como a da ex-deputada Ellen Ruth dizendo “não podemos mudar o mundo”, ou Ronilton Capixaba sonhando com praia, “vamos para onde o sol estiver brilhando”.
Finalizando
Portanto, se Confúcio prega tanto a mudança em seu governo, o gesto mais honesto que ele poderia considerar seria o de retirar do circuito seu cunhado, antes que o mesmo seja gravado falando bobagens ou prometendo o que não poderá cumprir. Se for para mudar, que comece agora, deixando que os próprios parlamentares decidam seu destino.