É, no mínimo, perturbador, a conduta da secretária municipal de transportes e trânsito de Porto Velho, Fernanda Moreira, diante dos arreganhos praticados pelas empresas de transportes coletivos contra os usuários. Parece incrível, mas Fernanda não reage. Não se comove com o sofrimento dos usuários, sequer ameaça punir as empresas que desrespeitam os direitos da população, sobretudo em termos de cumprimento de horário, número de veículos suficiente e limpeza da frota.
Por que tanta omissão, secretária? O que a estaria impedindo de exigir das concessionárias o cumprimento da lei? Afinal, a senhora foi alçada ao posto para defender os direitos dos usuários ou os interesses dos empresários do setor? Não é à toa que muitos já estão lhe chamando de “a porta-voz do SET”. A SEMTRAN precisa sair do processo de letargia no qual está imerso e reprimir os abusos cometidos pelas empresas contra aquelas que mantêm o sistema funcionando, isto é, os usuários. Essa história de que há estudos para viabilizar isso, para adaptar aquilo ou sei lá mais o quê, é conversa para boi dormir.
Estaria Fernanda agindo de livre arbitrário, ou apenas seguindo ordens do seu chefe Roberto Sobrinho, para que não atafulhasse a paciência dos empresários? Eis, aí, porém, uma pergunta que não quer calar. Os que estão por aí defendendo os interesses de grupos empresariais, em detrimento das legítimas aspirações sociais, representam, no pensamento do povo, um galho seco, exalando fertidez.
É ilusão pensar que o bem-estar da população e o desenvolvimento do município de Porto Velho podem ser alcançados por decreto ou conchavos de gabinetes. Pelo contrário, tem que ser produto do trabalho e da vontade de todos. Durante a campanha eleitoral que o conduziu ao palácio Tancredo Neves, o senhor Roberto Sobrinho prometeu, dentre outras baboseiras, acabar com o monopólio do transporte coletivo.
Eleito, Sobrinho esqueceu o prometido, e, de quebra, ainda teve a ousadia de entregar a SEMTRAN não mãos de uma pessoa que, verdadeiramente, não tem know-how para o cargo. Mesmo que poucos saibam a pedido de quem, mas, com certeza, a maioria da população sabe, hoje, com que finalidade dona Fernanda foi alçada ao posto.