Temendo a cassação, Cassol prepara Neodi para substituir Cahulla no projeto sucessório - Por Paulo Queiroz
Foto: Divulgação
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Política em Três Tempos
1 – CASSOL E NEODI
Pelo que se disse durante o encontro, as relações entre Cassol e Neodi, quer pessoais ou políticas (principalmente), não apenas nunca estiveram tão boas e tão estreitas como, daqui para frente, o governo deverá se esforçar para evidenciar isso junto à opinião pública. Ou seja, em vez de crise entre Cassol e Neodi, o que há é a afirmação de uma parceria. Mas como? Se o PSDC não desistiu da pré-candidatura de Neodi ao governo e Cassol nem por hipótese abre mão do seu projeto com Cahulla?
2 – MÁXIMA PREVIDÊNCIA
Uma primeira leitura confere ao governador uma capacidade de previdência para lá de insuspeitada. Dado que Cassol não tolerará a montagem de dois palanques governistas no primeiro turno de
Como já se falou aqui em ocasião recente, uma das razões – senão a principal – que explicaria por que o governador se apega com tanta tenacidade à candidatura do vice diz respeito à garantia de que esta é a melhor alternativa para tentar preservar a integridade do grupo situacionista no horizonte de 2014,
Ocorre que, em outubro do ano que vem, depois de ter assumido o governo em abril com a desincompatibilização do titular, Cahulla já estará, de direito, disputando a reeleição. Caso vitorioso, não poderá mais fazê-lo em 2014, possibilitando o empreendimento de Cassol nas condições planejadas.
Mas e se o TSE desalojar Cassol e seu vice? Caso a decisão anule a eleição de 2006 e seja pacífica uma nova candidatura de Cassol já em 2010 – a exemplo do que tentará o ex-governador Cássio Cunha Lima (PSDB) na Paraíba -, tudo bem. Mas está difícil. O certo é que, nestas circunstâncias, mantido o que foi dito, se Cahulla for eleito fora do cargo em 2010 estará liberado pela lei para tentar a reeleição em 2014. Fidelidades têm limites e é por isso mesmo que Cassol não confia nem na sombra.
3 – NOVA CONJUNTURA
Tudo indica que, na hipótese de cassação da dupla num dia, no outro Cassol descarta o projeto Cahulla e imediatamente o substitui pela alternativa Neodi. Eis que, nesta situação, o substituto de Cassol será eleito pela ALE entre seus membros. Isso mesmo, leitor, nas atuais condições de temperatura e pressão, Neodi Carlos Francisco Oliveira. Ao qual, a partir daí, se aplica tudo que foi dito em relação à Cahulla. Ou seja, eventualmente no cargo de governador, em 2010 o que poderá disputar em outubro já será a reeleição, obrigando-se a passar a peteca a Cassol em 2014.
Mas e se Cassol não for cassado, por que o governo desperdiçará energia estimulando duas pré-campanhas (a de Cahulla e a de Neodi), se isto só aumenta o risco de um racha na hora da onça beber água? Aí é que está. Nessa hipótese, o projeto Cahulla está mantido e, como volume de trabalho do PSDC e o investimento governamental em Neodi mais do que justificam, rifa-se a cogitada postulação de Tiziu Jidalias à segunda candidatura do palanque oficial para o Senado e, em seu lugar, abre-se a possibilidade para o nome do presidente da ALE assumir essa empreitada.
Indícios de que o Palácio já esteja trabalhando com esse novo algoritmo é que não faltam. Entre eles, as deserções de Jidalias das missões a ele confiadas por Cassol. Interessante é que no PSDC há resistências das quais jamais se desconfiaria. Teme-se que o plano de Cassol dê certo. Ou seja, suspeita-se que, uma vez senador, extinguem-se as possibilidades de Neodi um dia ser governador.
Tais receios dizem respeito às enormes possibilidades de Cassol eleger-se senador e, a despeito da quase certa reeleição do senador Valdir Raupp (PMDB), levar o parceiro junto. Tal como ocorreu em 1994 com a quase certa reeleição do senador Amir Lando (PMDB) no auge do seu prestígio (auferido na esteira da rumorosa cassação de Fernando Collor). Na ocasião, José Bianco elegeu-se senador e levou junto Ernandes Amorim. Enfim, é por aí esta nova conjuntura.
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