ALE: UM CASO PERDIDO
Foi um episódio deprimente o processo que culminou com a absolvição do senador Renan Calheiros, por quebra de decoro parlamentar, apesar das graves acusações documentalmente apresentadas contra ele.
Usando seu último recurso, ou seja, o voto secreto, Renan conseguiu, com a ajuda de petistas, como a senadora Fátima Cleide (agora, mais conhecida, nacionalmente, como a integrante da bancada da absolvição), permanecer no cargo, que ele, descaradamente, não tem sabido honrar nem corresponder.
Quarta-feira, da semana passada, o Senado da República viveu um dos piores momentos de sua história, atraindo para si os mais degradantes adjetivos, quando senadores, três deles de Rondônia, por 40 votos a 35, portaram-se como representantes da desfaçatez nacional.
Não é á toa que a classe política anda com a imagem bastante chamuscada. O sentimento alimentado pela sociedade, em relação à maioria dos seus representantes, principalmente na Assembléia Legislativa de Rondônia, não prima pela lisonja, nem contribui para valorizá-lo no julgamento popular.
A surpresa maior ficou por conta do vexame protagonizado pela senadora rondoniense. Quem se acostumou a testemunhar a representante do Partido dos Trabalhadores deitando o látego nos costados de corruptos e corruptores, soou quase sem sentido, a euforia da petista, após o resultado da votação, que salvou o pescoço do senador alagoano da guilhotina.
a alegria apanhados com a mão na cumbuca do dinheiro público, soaem especial, de certos políticos rondonienses, Assembléia Legislativa do Estado de Rondônia deixa transparecer, mais uma vez, à sociedade a sua inutilidade.
Quando a população espera que ela se comporte como guardiã dos interesses sociais, como o órgão legislativo do Estado, que a um só tempo elabore leis que disciplinem as relações sociais na seara de sua competência, e aja como poder autônomo, eis que a maioria que ali tem assento evidencia o contrário.
Outra não poderia ser a interpretação oferecida à recente entrevista do vice-presidente da ALE, deputado Alex Testoni, concedida a uma emissora de rádio da capital.
Sem apontar o dedo na direção de ninguém, Testoni afirmou que há muitos deputados querendo meter a mão no dinheiro da Casa, ou melhor, do povo.
A declaração de Testoni deixa à mostra que os que se empenharam, em nome da decência, da moralidade e da ética, para torpedear a administração do presidente Carlão de Oliveira, calcados nos escândalos da folha de pagamento paralela, das passagens áreas e da contratação de servidores fantasmas, jamais o fizeram com a intenção anunciada, mas, sim, para querer, pura e simplesmente, ver o circo pegar fogo.
Curiosamente, matéria publicada em um jornal impresso da capital coloca em suspeição a conduta do deputado Testoni, com base no que teria dito um de seus colegas. Segundo o texto, o parlamentar saiu em tropelia contra deputados porque teria interesse pessoal no cancelamento de uma licitação para compra de tanques de resfriamento de leite. Será?
Inegavelmente, desde o primeiro momento em que ascendeu ao posto de presidente da ALE, o deputado Neodi de Oliveira vem sofrendo o cerco ambicioso dos que lhe cobram posições, privilégios e regalias, como se fosse para isso que essas pessoas foram eleitas.
Tornou-se comum, no dia-a-dia da Casa, deputados aparecerem na mídia se digladiando nos meandros do poder, hostilizando-se em mútuas ciumeiras por considerar que os melhores lugares não se foram dados, enquanto outros, os partidários do “quanto pior melhor”, preferem mesmo é permanecer apáticos para manter viva e sempre atuante a sua bandeira de ser contra tudo e contra todos.
É evidente que, em tais circunstâncias, resulta até arriscado generalizar o conceito que se aplica a ALE, mas, para a maioria da sociedade, trata-se de um caso perdido.
O julgamento desse poder seria muito mais severo, contudo, se, em vez de proceder de maneira vergonhosa e decepcionante, renunciasse a essa conduta maligna, e, sem peias nem cangas, procurasse defender as legítimas aspirações da população.