Arautos da corrupção - Por Valdemir Caldas

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Foto: Divulgação

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De tudo quanto está acontecendo neste país, especialmente no que concerne à corrupção, sobrevive apenas uma melancólica constatação, a de que, como os dinossauros, que um dia viveram sobre a crosta deste planeta e que desapareceram, engolidos por causas misteriosas, também uma espécie vivente está em extinção: a dos políticos e homens públicos decentes. É exatamente isso o que justifica a enxurrada de escândalos envolvendo políticos e autoridades nos desvios de recursos públicos, aqui e alhures. O poder tornou-se um campo fértil à prática nociva e condenável da mais abjeta politicagem, onde a corrupção campeia desenfreadamente, como erva daninha. E o povo, coitado, é quem acaba pagando o ônus pela ganância desmedida de pessoas que, durante a campanha eleitoral, prometeram mudar a face deformada da nossa política e fazer uma administração para todos, e não para poucos. Em nome de que, portanto, manter uma sistemática danosa que tem servido, apenas, para o aproveitamento e desfrute de uma minoria abastarda, em detrimento de uma legião de miserabilizados, párias, que perambulam pelas ruas da capital, pelos distritos e grotões, completamente esquecidos pelo poder público. Diariamente, a imprensa tem noticiado os esquemas fraudulentos montados por políticos, autoridades, dirigentes e servidores públicos, para surrupiarem o erário, numa afronta inominável aos princípios éticos que prometeram manter, antes de serem alçados a um posto de mando. Na prática, não vemos qualquer resquício de preocupação ou consideração por parte desses senhores com aspectos ligados à origem e à finalidade dos dinheiros públicos. Há exceções, claro. No fundo, o que predomina, mesmo, são aspectos eleitoreiros, politiqueiros e grupais, que em nada se coadunam com as legitimas aspirações sociais. O sucesso e o enriquecimento fácil são as molas mestras nas quais se assentam os ideais de vida dessa gente. Numa sociedade assim, os negócios públicos e privados são realizados sem qualquer consideração à moral e à dignidade humana. Nem por isso, contudo, deve, a sociedade, deixar-se abater pelo desalento e pelo desespero, algumas vezes traduzidos em atos que em nada contribuem para o amadurecimento da democracia. Em vez disso, é preciso que a população não somente participe mais da vida pública, como também exija dos que lhe devem conta e, principalmente, aprenda a votar. Se, aos reconhecidamente probos não se há de dispensar providências que ratifiquem o consenso em torno de sua conduta, àqueles que se dizem injustiçados, sobretudo por setores da mídia, mas não têm esse reconhecimento por parte da sociedade, exigir-se-á mais: que ajudem a esclarecer as acusações e, destarte, concorram para que pairem acima de qualquer suspeita seu nome e, de resto, seu próprio mandato.
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