Política em Três Tempos - por Paulo Queiroz

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Foto: Divulgação

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1 – IN VINO VERITAS Em mais de um caso não deu para entender se o leitor reclamou por desconfiar que a coluna - edição desta sexta-feira (01) – andou exagerando (quiçá mentindo) ou enviou para cá o seu protesto para demonstrar o quanto ficou escandalizado com a informação. O certo é que, para a maioria, custa a crer que exista uma bebida cuja garrafa alcance o valor aqui informado (um vinho de R$ 20 mil) e mais ainda “que exista quem pague o preço de um carro zero por alguns copos seja lá do que diabo for” – como um deles acentuou. Falha da coluna, que deu por morta a cobra, mas esqueceu de mostrar o lenho. Pois bem. Digite vossa mercê as palavras “Château Pétrus” em qualquer site de busca e constatará que a garrafa de R$ 20 mil é a da safra do ano 2000. Caso o distinto pretenda acrescentar um pouco mais de classe ao seu jantar, recomenda-se a safra de 1947 da mesma marca, que pode ser encontrado nas boas casas do ramo por algo em torno dos R$ 40 mil. Se o considerado está mesmo disposto a conferir o gosto de um exemplar desta casta, ressalva-se que o valor aqui é aproximado, porquanto essas iguarias são cotadas em dólares – quando não em euros. Mas se o companheiro estiver a perigo e optar por algo intermediário, a recomendação é degustar um da safra de 45, por cuja garrafa quaisquer R$ 36 mil pagam. Não, meu rei. A coluna não sabe informar que tipo de tira-gosto é apropriado para acompanhar um troço desses. Mas já se vê que sinhozinho ainda não está acostumado com essas modas. Salvo engano, de preciosidades dessa qualistria não há manjar no mundo que sirva para tirar o gosto. Até porque não haveria nenhum sentido nesse tipo de extravagância. Aliás, o conselho da coluna é que essa coisa fique entre nós, pois se os devotos dessa marca do fermentado desconfiam de um sacrilégio desses, capaz da integridade do considerado não ficar valendo um fiapo. A não ser que seja o presidente Luís Inácio Lula da Silva. Mas isso foi antes dele se tornar presidente. Então não sabe? 2 – UMA PRO SANTO Em 2002 o vinho Romanée-Conti ganhou as manchetes quando foi parar na mesa do quase presidente Lula da Silva (faltava apenas tomar posse), como presente do marqueteiro Duda Mendonça, num jantar que comemorava a vitória eleitoral. Pesquisando fica-se sabendo que o Romanée-Conti da safra de 1985 é vendido em São Paulo por algo em torno de R$ 15 mil a garrafa. É, realmente, um outro vinho para poucos. Pois bem. Habituado a libações menos litúrgicas, diz-se que o companheiro não contou conversa: passou a régua no copo, entornou uma talagada e encheu a boca com um punhado de farofa de torresmo - não sem antes derramar uma pro santo. Não exatamente por isso, mas o certo é que deu o que falar esse Romanée de Lula. Acerca de gente disposta a pagar por esses faustos, fique o considerado sabendo que o setor não pára de crescer, conforme o demonstra reportagem recente da jornalista Mônica Bérgamo (“Folha de S. Paulo”), de que se emprestam alguns trechos. De acordo com a colunista, se tem um setor no Brasil que não está precisando de PAC algum é o do consumo de alto luxo. O país cresceu 3,7%, certo? Pois o mercado do luxo explodiu: cresceu 32% no ano passado. Se, em 2005, o faturamento das empresas do ramo foi de US$ 2,9 bilhões, em 2006 ele saltou para US$ 3,9 bi. Em termos reais, desconsiderada a variação cambial do período, o crescimento foi de 17%. Em 2007, a estimativa é que o setor fature US$ 4,3 bilhões. Os números - informa ela - são de uma pesquisa apresentada aos principais empresários do setor num hotel - de luxo, é claro - de São Paulo. O trabalho foi encomendado ao GfK Indicator pela MCF, consultoria de Carlos Ferreirinha, ex- presidente da Louis Vuitton no Brasil e coordenador do MBA de gestão do luxo da Faap.A pesquisa mostra que o luxo não é mais uma exclusividade da cidade de São Paulo. Nem está migrando para sua vizinha charmosa, Rio de Janeiro. Se, até 2006, as duas cidades, e mais Belo Horizonte, lideravam a expansão do mercado, as coisas devem mudar em 2007. 3 – É LUXO, OXENTE! No ano passado, 74% das cerca de 100 empresas ouvidas ampliaram seus negócios em SP. Neste ano, só 59% anunciam a mesma intenção. No Rio, a queda é de 32% para 22%. Surpresa: 5% das marcas vão expandir seus negócios em Recife (PE), que nunca aparecera nas estatísticas. Motivo: na “Dona Santa/Santo Homem”, a “Daslu do Nordeste”, um palácio de quatro andares e 1.600 m2 no Recife, a coleção de bolsas da Prada que aportou nas prateleiras em janeiro já foi toda vendida. Precinho: R$ 7.000. E por aí vai. Natal (RN), Florianópolis e Brasília também entraram no circuito do alto luxo. Enfim, caso o considerado queira saber mesmo que gente é essa, recomenda-se uma passada d’olhos pelo livro “Os ricos no Brasil”, organizado pelo economista Marcio Pochmann. A obra apresenta uma radiografia detalhada da casta de abastados do país, revelando que apenas 5 mil famílias tem um volume patrimonial equivalente a 42% de todo o PIB. Já na introdução, adverte que “são justamente os ricos os portadores de maior poder na sociedade, influindo direta e indiretamente nos mecanismos de produção e reprodução da riqueza e da pobreza. Por intermédio das elites políticas e econômicas, o segmento rico interage socialmente e termina por orientar, na maioria das vezes, a condução das políticas econômicas e sociais que resistem a uma redução da desigualdade”. O que Pochmann quer dizer é que, no frigir dos ovos, a elite é que manda mesmo no governo, seja que governo for - e não é de hoje: “A estabilidade das classes superiores é surpreendente... Conforme o Censo de 1872, por exemplo, o Brasil possuía 10,1 milhões de habitantes reunidos em cerca de 1,3 milhões de famílias, sendo, porém, somente 23,4 mil o total de famílias ricas. Apenas 1,8% do total das famílias respondia por aproximadamente 2/3 do estoque de riqueza e de todo fluxo de renda do país... Já no ano 2000, apenas 2,4% das famílias residentes no país pertenciam às classes superiores”. Democracia? Res Pública? Vai trabalhar, ô folgado!
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