O papelucho de Dantas- Por Valdemir Caldas

Da Redação

08 de Maio de 2008 às 08:18

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O papelucho de Dantas- Por Valdemir Caldas

Foto: Divulgação

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Depois que apareceu no escândalo da folha de pagamento paralela 2, em que é acusado por um ex-cabo eleitoral de meter a mão em parte do salário de assessores, o deputado petista professor Dantas resolveu vestir a indumentária de político atuante e comprometido com as causas sociais. Recentemente, a assessoria do parlamentar elaborou e distribuiu a membros e filiados do PT um panfletinho, intitulado "seis meses de trabalho”, uma espécie de prestação de contas, como forma de amenizar o impacto devastador que o escândalo causou à sua imagem e, principalmente, à do partido. Não foi difícil conseguir uma cópia do papelório (diga-se de passagem, de péssimo mau gosto) com um petista, cuja identidade pediu para não ser revelada, pois receia ser admoestado pela cúpula do PT. No papelucho, Dantas enumera o que considera suas principais ações, desde que chegou à Assembléia Legislativa de Rondônia. E cita, por exemplo, uma viagem que vez a Brasília, para tratar da PEC da transposição, que, até hoje, para desespero de muitos servidores estaduais, continua hibernando numa das gavetas da burocracia oficial. Na ocasião, ele recorda que chegou a jantar com o presidente Lula. Além disso, Dantas destaca sua condição de presidente da Comissão de Educação e de haver participado de todas as sessões da Casa, como se estivesse fazendo um favor à população, sobretudo aos que nele votaram e que, hoje, certamente, estão arrependidos e envergonhados. Dantas diz, ainda, que sempre votou com a bancada do PT, na ALE. Danem-se os interesses sociais. Para ele, o mais importante é o partido. Confunde, assim, interesse público com partidarismo. Só projetos, o professor garante que apresentou mais de cinqüenta, mas não revela o conteúdo de nenhum deles. De igual modo, não esclarece quantos foram aprovados e, conseqüentemente, transformados em lei. Na área da saúde, Dantas jura que conseguiu mais de cem atendimentos, dentre tomografias computadorizadas, ressonâncias magnéticas, eletrocardiogramas e até uma cirurgia plástica. Ele só não explica se pagou tudo isso do próprio bolso ou, então, se recorreu ao famoso e condenável “jeitinho” para driblar as listas de espera dos hospitais públicos, com a infiltração de cabos eleitorais, atuando dentro das unidades e até com a possível conivência de servidores do quadro. É certo, portanto, que a ALE está na obrigação de apresentar à sociedade solução rápida, legal e, acima de tudo, justa, para os casos de Dantas e Maurinho, com vistas a impedir que aumente a descrença e a desesperança do povo no parlamento, enquanto caixa de ressonância dos anseios democráticos dos rondonienses. Não é menos certo, por outro lado, que o presidente da ALE, deputado Neodi Oliveira, há de cuidar para impedir que a lama desça morro abaixo e, destarte, acabe, definitivamente, soterrando sua administração. Até para exigir o respeito dos seus colegas e dos subordinados hierárquicos, até para se impor aos olhos dos seus governados, o presidente precisa chamar a si a responsabilidade e dar exemplo de comportamento compatível com a seriedade e a dignidade de suas funções. Afinal, ele ainda é o presidente da ALE, e não Alex Testoni. Não há dúvida de que as denúncias contra os dois deputados são extremamente graves. À exceção de meia dúzia de puxa-sacos, a maioria da população já estabeleceu, como não podia deixar de fazer, a certeza da participação deles no imbróglio. Por isso, não pode o Poder Legislativo, por meio da Corregedoria-Geral, continuar empurrando com a barriga uma decisão exigida pelo mais elementar sentido de cidadania, qual seja, a punição exemplar. Não é com um papelucho apócrifo, que Dantas conseguirá provar sua inocência.

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