Acre - Historiador diz que não existe hipótese do Acre voltar à Bolívia

Acre - Historiador diz que não existe hipótese do Acre voltar à Bolívia

Acre - Historiador diz que não existe hipótese do Acre voltar à Bolívia

Foto: Divulgação

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*O historiador Marcus Vinicius não acredita na hipótese do Acre voltar a ser boliviano, pois o povo acreano não aceitaria. No máximo, segundo ele, o que poderia acontecer seria o Acre reviver uma reedição da Revolução Acreana, já que a ferida de uma cicatriz que estava curada começa a ser mexida. "Essa relação de paz está ameaçada, mas prefiro descartar riscos de conflitos na fronteira e creio que o maior problema será dentro da própria Bolívia, como temos vistos vários protestos de vários bolivianos contra o governo, que expulsou as empresas brasileiras do país", disse. *Marcus Vinícius acredita que para atenuar a crise seria necessário que fosse organizado um movimento de solidariedade latino americano para por fim aos problemas entre Brasil e da Bolívia. "O Lula tem sensibilidade suficiente para chegar a uma solução para este caso, mas o presidente boliviano deve ter consciência de que o isolamento é perigoso, embora ele esteja defendendo uma ideologia correta, mas economicamente ele pode prejudicar ainda mais o seu povo. É complicado se isolar do contexto latino-americano. Com isso, Evo Morales corre o risco de jogar seu povo na miséria", acredita. *O historiador frisa que elogia o fato de Evo Morales estar em busca do resgate da cultura e do patriotismo boliviano, mas o problema é que o caminho escolhido não é economicamente correto. "É muito bom saber que a Bolívia está lutando pela sua valorização, pois a Bolívia sempre foi um país oprimido e sempre perdeu terras para vários países como o Chile, Brasil, Paraguai e Peru. Eles sempre foram historicamente oprimidos pela elite espanhola e é importante que eles reafirmem sua soberania e lutem em favor dos mais pobres. Esse é um bom propósito de Evo Morales, mas é preciso respeitar seus aliados e tomar cuidado com o isolamento e a revolta do seu próprio povo", concluiu. *Sibá: "não estamos em guerra" *"Não podemos achar que estamos em uma situação de guerra. Acredito que haverá uma grande negociação entre o governo brasileiro e o boliviano. No entanto, temos que lembrar que a Petrobrás merece respaldo na medida em que a empresa chegou à Bolívia em 1996, a partir de um acordo entre ambos estados nacionais. Nos primeiros 10 anos, a Petrobrás não obteve garantia alguma de lucros, pelo contrário, comercializou o gás com o intuito de estimular o uso do combustível no Brasil, o que significa que a Petrobrás assumiu riscos de transportar e comprar gás boliviano num momento em que as reservas deste combustível não eram suficientes para cumprir o acordo de abastecimento do Brasil e paralelamente, o mercado de gás aqui no Brasil também não estava desenvolvido o suficiente. É lamentável e condenável a forma com que agiu o até então, 'hermano' (irmão) Evo Morales, que está criando uma sensação desnecessária de conflito entre ambos países. O que está acontecendo não é motivo de confronto, o problema é meramente capitalista, no entanto Morales parece querer transformá-lo de disputa comercial para embate político. Enfim, uma política desastrosa, mas que confio que terminará em um acordo". *Entenda a definição das fronteiras brasileiras *A divisão das possessões espanholas e portuguesas na América do Sul, foi motivo para intensas disputas e conflitos ao longo de boa parte de nossa história colônia. A linha Tordesilhas que demarcava oficialmente a fronteira entre essas possessões nunca foi respeitada de fato. Mas no século XVIII a solução das questões de fronteiras tornou-se uma necessidade preemente. Por isso, Portugal e Espanha decidiram elaborar um Tratado que resolvesse definitivamente esse problema. Tinha início aí, sem que se soubesse ainda, a questão acreana. *O Tratado de Madri *Esse tratado de limites é um dos mais importantes da história brasileira. Segundo a nossa história diplomática, a assinatura desse tratado representou uma grande vitória portuguesa, já que foi esse país o grande beneficiado, em detrimento dos direitos espanhóis. *Devemos lembrar que em meados do século XVIII o conhecimento que se possuía do interior do continente americano era ainda muito impreciso, como podemos constatar pelo Mapa das Cortes, que serviu de base para a elaboração do Tratado de Madri. Ainda assim os diplomatas portugueses foram hábeis em estabelecer o princípio do Uti Possidetis como a base para a divisão territorial que pretendiam. Foi graças a esse princípio, que estabelecia que a terra deveria ser possuída pelos que nela moravam e trabalhava, que se pode consolidar a presença portuguesa no imenso território que hoje constitui o Brasil. *Amazônia - Quanto à Amazônia, o desconhecimento geográfico era ainda maior. Uma vez que os únicos cursos d'água bem conhecidos na região eram o Rio Madeira e o Rio Javari, foram estes utilizados como referências para a fronteira sul da Amazônia Ocidental. *Pelo que foi definido no Tratado de Madri, a linha fronteiriça deveria partir do ponto mediano entre a foz do Rio Madeira e a foz do Rio Mármore por uma linha reta até encontrar a margem do rio Javari, aproximadamente na latitude de 6º a 40º Sul. Nascia assim a linha imaginária que causaria tantas polêmicas no futuro. *Destratando os Tratados *As mudanças ocorridas nos diversos aspectos econômicos, políticos e sociais de países envolvidos com a colonização americana levaram Portugal e Espanha a muitas idas e vindas na questão das fronteiras. Dessa forma, o Tratado de Pardo, de 1761, anulou o que havia acertado em Madri. Posteriormente, já em 1777, o Tratado de Santo Ildefonso arremedou algumas das conquistas obtidas em Madri e restaurou uma linha divisória entre o Madeira e o Javari, como havia sido estabelecida em 1750. *O Tratado de Ayacucho *Nas primeiras décadas do século XIX, o contexto latino havia se alterado profundamente. As ex-colônias espanholas e portuguesas tornaram-se países independentes e as questões fronteiriças ganharam conotações inéditas. Foi nesta exata situação que Brasil e Bolívia negociaram o Tratado de Ayacucho, assinado em 1867. Cabe ressaltar que o Brasil negociou este tratado sujeito à pressões exercidas pela Bolívia durante a Guerra do Paraguai, que estava mobilizando todos os recursos bélicos financeiros brasileiros. Ainda assim a diplomacia brasileira soube se aproveitar da fragilidade congênita da Bolívia para tirar as vantagens da assinatura desse tratado. *Como o povoamento brasileiro já havia penetrado nos rios Madeira, Purus e Juruá os negociadores brasileiros procuraram empurrar a linha divisória mais para o Sul, estabelecendo que o ponto inicial da fronteira seria agora a confluência dos rios Beni e Mármore, aonde se iniciava o Madeira. A partir daí o Tratado de Ayacucho dizia: "deste rio para oeste seguirá a fronteira por uma paralela, tirada da sua margem esquerda na latitude sul 10º 20º até encontrar o Rio Javari. Se o Javari tiver as suas nascentes ao norte daquela linha leste-oeste,seguirá a fronteira desde a mesma latitude, por uma reta a buscar a origem principal do dito Javari". *Como se pode perceber no trecho transcrito acima por ocasião da assinatura do Tratado do Ayacucho, ainda não se conheciam as verdadeiras nascentes do Rio Javari. Acreditavam os diplomatas que essas nascentes estavam no paralelo 10º 20º, porém deixavam em aberto uma solução para o caso dessa idéia não corresponder a realidade, como se constataria posteriormente já que as verdadeiras cabeceiras do Javari estavam situadas a 7º06 e seria exatamente esse fato que daria origem à questão acreana a partir de 1895, quando começaram a ser demarcadas na prática essa fronteira. (Fonte: Revista: Galvez - O imperador do Acre).
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