Um homem, dado como morto, foi julgado ontem na sessão do Tribunal do Júri. Acusado de matar a facadas o amigo José de Oliveira Lima em 1994, Raimundo Leandro da Silva (59), que hoje usa o nome Raimundo Pereira da Silva, foi condenado a 13 anos e 6 meses de prisão em regime fechado.
O CRIME
Raimundo Leandro trabalhava para José de Oliveira Lima. Na época do crime, Raimundo tinha 48 anos. Os dois eram amigos, e Raimundo fazia refeições na casa da vítima.
Na tarde de 17 de julho de 1994, quando Brasil x Itália decidiam a Copa do Mundo nos Estados Unidos, os dois bebiam juntos.
Em dado momento, discutiram. Raimundo Leandro esfaqueou a vítima no abdome, ocasionando sua morte. O crime ocorreu na casa da vítima, na Rua Afonso Amoedo, Estação Experimental. Raimundo conseguiu fugir.
“MORTE” DO ASSASSINO
Em 5 de novembro de 1995, o corpo de um homem foi encontrado na jurisdição de Capixaba, 70 quilômetros da capital.
O então desconhecido, assassinado a tiros e a facadas, estava em elevado estado de decomposição, dificultando sua identificação.
No IML, Rubens Wágner Bezerra o identificou como Raimundo Leandro da Silva, que está sepultado no lote 42, quadra 118, do cemitério Jardim da Saudade.
Seu atestado de óbito foi registrado com o número 2.986, tendo como responsável pelo sepultamento a funerária São João Batista.
DESCOBERTA
Dois anos após a morte do pai, a filha mais velha de José de Oliveira Lima procurou a Justiça para pegar um documento que ajudasse na aposentadoria da mãe. Mas, para sua surpresa, foi avisada de que o inquérito havia sido arquivado devido ao assassinato do acusado.
A jovem sabia que o assassino não havia morrido e passou então a procurá-lo com o intuito de provar que sua morte tinha sido na realidade uma farsa para tentar livrar Raimundo de um julgamento.
Apesar da filha apresentar algumas fotografias do acusado, a Justiça continuava exigindo uma prova concreta.
A polícia agora quer saber quem morreu no lugar de Raimundo Leandro e se sua “morte” foi previamente planejada.
CONDENADO
Ontem, com o nome de José Pereira da Silva, o assassino foi julgado pelo Tribunal do Júri. Por sete votos a zero, o corpo de jurados o considerou culpado, devendo a pena ser cumprida em regime fechado.