*Um sargento e um soldado da Polícia Militar, que estavam de plantão na madrugada de ontem na viatura 254 da 2º Companhia, foram acusados de um suposto estupro contra a mulher identificada pelas iniciais K.K.H.S., de 18 anos, que disse ter sido obrigada a manter relações sexuais com os policiais, sob pena de ser levada presa, ao ser encontrado um papelote de entorpecente em seu poder.
*O caso surpreendeu o subcomandante do CPC (Comando de Policiamento da Capital), tenente-coronel Waney, que na manhã de ontem, ao tomar conhecimento da história, determinou de imediato que fosse apurada a denúncia.
*Ele informou à Folha que, a partir de hoje, tão logo a vítima formulasse queixa na Corregedoria, os dois militares seriam afastados do serviço de rua e colocados à disposição do oficial presidente da sindicância, que tem um prazo de trinta dias para conclusão. Afirmou que o comando não compactua com tal atitude e, de acordo com o que for constatado na investigação, os acusados serão punidos com rigor, podendo até sofrer processo de expulsão, caso sejam culpados.
* A vítima, que detalhou o ocorrido, enfatizando que só manteve relação sexual com os militares porque teve medo de ser presa. Explicou que era por volta das 2 horas e estava sentada na calçada de uma residência, na antiga rua C-7, no bairro Asa Branca, com mais uma amiga e dois rapazes, próximo da casa da amiga, quando a viatura Parati da PM chegou ao local.
*O sargento e o soldado desceram da viatura e fizeram revista nos dois rapazes e os mandou embora. Pelo fato de não ter uma policial feminina junto, chamaram outras viaturas e uma policial chegou ao local e revistou K. e T., de 20 anos. A policial encontrou duas “trouxinhas” de pasta de cocaína, uma com cada garota. Depois disso, as viaturas que chegaram para dar apoio foram embora e as duas foram colocadas na viatura do sargento e do soldado.
*“Eles foram para um campo abandonado próximo do CSE [Centro Sócio-Educativo) e, nesse local, fizeram a proposta de que nos soltariam se aceitássemos manter relações sexuais com os dois. Caso não aceitássemos, iam levar eu e a minha amiga para a delegacia”, detalhou a vítima, completando que a amiga T. disse que estava no período mestrual e acabou liberada.
*Já K.S. contou que se viu obrigada a ceder à determinação dos militares e manteve relação sexual com os dois. Disse que foi levada para uma construção que fica no mesmo local, onde ocorreu o crime, enquanto isso a colega permaneceu dentro da viatura. Revelou ainda que os acusados usaram camisinha. Os PMs as deixaram em uma rua no bairro Asa Branca e elas foram para casa. Pela manhã, K. decidiu denunciar o caso.
*K. procurou a imprensa e relatou o caso e, ainda pela manhã, registrou ocorrência na DDM (Delegacia de Defesa da Mulher), de onde foi encaminhada ao Imol (Instituto de Medicina e Odontologia Legal), para realização de exame de conjunção carnal. Também ainda ontem iriam denunciar o estupro no Ministério Público Estadual.