Não é só de espetáculos de strip-tease e de ponto de encontro de viciados em álcool que a rua Almirante Tamandaré (Centro) tem se caraterizado nos últimos tempos. Além dos personagens que emolduram as calçadas todas as manhãs depois de noitadas regadas à cachaça, à rotina daquela rua foram incorporados novos atores. Todos eles ligados ao mercado informal e ilegal de CDs e DVDs piratas. Para se ter uma idéia, a rua Almirante Tamandaré (Centro) chega a movimentar quase R$ 20 mil por mês entre os ambulantes da área. A venda que acontece a céu aberto, tem pelo menos 28 barracas instaladas, cada uma com uma receita média mensal de R$ 700. Pelo menos 50 pessoas estão envolvidas no comércio do local.
*Segundo ambulantes, que estavam ontem no local, o comércio já atua na área há mais de três meses e os comerciantes nunca receberam fiscalização policial. Ainda de acordo com eles, nos últimos dois meses, a venda de DVDs e CDs aumentou cerca de 50%, em relação ao mesmo período do ano passado. Época quando essas pessoas faziam esse tipo de serviço em suas próprias casas.
*O vendedor Anderson Souza, 25, informou que durante todo o período de estada dos comerciantes no local, nunca houve blitz para fiscalizar a situação ilegal. “Desde quando eu estava na Matriz (praça 25 de Novembro-Centro), nunca vi um fiscal da polícia nos abordar por conta da venda desses CDs”, comentou.
*Em cada banca é possível observar a presença de vários representantes de uma mesma família. Filhos, sobrinhos e até netos trabalham no mercado ilegal. Essas pessoas acabam recusando todas as ofertas de empregos e preferem a pirataria ao mercado formal.
*“Ano passado trabalhava em uma empresa do Distrito Industrial. Mas tendo um salário baixo e muitos descontos (encargos trabalhistas), o que eu ganhava nessa indústria é duas vezes menos o que eu ganho aqui por mês. Tenho uma família com cinco pessoas para sustentar, não tenho outra opção”, ressaltou o vendedor Joaquim Oliveira, 35, que há dez anos cuida da banca com a esposa e seus dois filhos.
*Embora tenha o ensino médio completo, Marisa Soares, 27, afirmou que não pretende trocar o serviço de vendedora informal por outra função. “Para ganhar o dinheiro que ganho aqui em torno de R$ 700/mês, eu teria que ter vários cursos e pelo menos estar cursando a faculdade. Infelizmente não tem condição”, desabafou.
*Órgão fiscalizador
*Em entrevista ao Em Tempo, o titular da Secretaria Municipal de Feiras e Mercados (Semaf), Joaquim Lucena informou que sua secretaria não tem autonomia para fiscalizar a ação dos vendedores piratas.
*“O que nós podemos fazer é organizar esses vendedores para que eles não atrapalhem o tráfego nas principais vias. Mas poder de fiscalização e apreensão é da Polícia Federal. Na realidade, nós não podemos nem intervir.
*O Em Tempo entrou em contato com a assessoria da PF para saber se existe algum tipo de operação a ser realizada contra o mercado de pirataria em Manaus. Mas até o fechamento desta edição, o setor não retornou a ligação.