O desabamento do telhado da escola estadual Nathália Uchôa, localizada na rua Perimetral, bairro do Japiim II (zona centro-sul), por volta das 23 horas da última terça-feira, mobilizou ontem a Secretaria Estadual de Infra-Estrutura (Seinf) e a Secretaria Estadual de Educação (Seduc) para criar uma comissão investigativa para o caso.
*Durante a manhã de ontem, os titulares da Seinf e da Seduc, Marco Aurélio de Mendonça e Gideão Amorim, juntamente com os oficiais do Corpo de Bombeiros estiveram no local para verificar os estragos deixados pelo incidente e levantar as causas do desabamento.
*Os dois secretários não quiseram se antecipar nos comentários sobre o assunto. Os oficiais do Corpo de Bombeiros também informaram que qualquer avaliação seria prematura.
*Por outro lado, Gideão Amorim salientou que a partir de hoje, uma comissão formada pelo setor de engenharia da Seinf e técnicos da Seduc estarão trabalhando na apuração das causas do desabamento.
*O Em Tempo entrou em contato com o setor do Corpo de Bombeiros, responsável pelas ocorrências do dia, e o Tenente Francisco Bentes informou que amanhã sairá o laudo técnico que indicará a causa do incidente.
*“O primeiro passo já foi dado, que é a interdição de toda a área em frente à escola. Tínhamos receio que toda a estrutura da escola viesse ao chão e machucasse os moradores das adjacências. Quanto ao laudo, o setor responsável tem 24 horas para analisar o caso”, salientou.
*Na ocasião, observou-se que a estrutura metálica do teto da escola estava com seus lados paralelos totalmente inclinados. Por conta disso, 50% do telhado desabou. As telhas eram de barro e mediam aproximadamente 50x30 centímetros.
*De acordo com testemunhas (famílias residentes em frente à escola) o desabamento não ocorreu de forma graduada. “Tudo aconteceu muito rápido. Em menos de um minuto quase todas as telhas estavam no chão. Foi uma cena chocante”, descreveu a aposentada Marluce dos Anjos, 66.
*A unidade educacional Nathália Uchôa foi inaugurada em setembro de 1990 e foi reformada em maio do ano passado.
*A escola não era padrão do Governo
*De acordo com dados fornecidos pela assessoria de Comunicação da Seduc, a escola Nathália Uchôa não pertencia ao padrão de unidade educacional estabelecido pela nova gestão.
*A nova estrutura considera elementos como a qualidade dos materiais utilizados, como estrutura de vedação, ventilação e iluminação. A localização do subsolo da unidade, também foi um dos principais fatores observados.
*Segundo dados do novo projeto, as novas estruturas serão mais funcionais e terão melhor disponibilidade arquitetônica, contribuindo para o processo didático das aulas.
*A economia na construção também foi observada nas novas estruturas. O novo prédio escolar que compreende uma área de 1.782,00m2 terá uma redução de 30%, em relação ao valor efetuado no antigo prédio. Além do mais, o antigo modelo de instalação possui uma área menor, aproximadamente 1.333,00 m2.
*O novo modelo de construção das edificações escolares já vem sendo executado na capital e no interior pelo governo, informou a assessoria.
*CREA investigará o caso
*Por telefone, a coordenadora de fiscalização do Conselho Regional de Arquitetura e Engenharia (CREA/AM), a engenheira civil, Socorro Lamego informou que o CREA já instalou uma comissão para apurar a responsabilidade da construção.
*“Já demos andamento às investigações. Hoje (ontem) estamos buscando no banco de dados das ARTs (Anotações de Responsabilidade Técnica) o nome do responsável pela obra na escola. Assim que a pessoa for localizada, será chamada para esclarecimentos”, garantiu.
*De acordo com a engenheira, dois fatores podem ter motivado o desabamento da escola. O primeiro pode estar ligado à elaboração do projeto e o outro, à execução.
*“No projeto de elaboração, o responsável pela obra pode não ter feito o cálculo estrutural corretamente. A estrutura metálica do teto pode não ter sido suficiente para o peso das telhas”, explicou.
*Outro fator citado por Socorro foi a localização da obra. “Por ser um local de várzea, o projeto geotécnico do prédio deveria ser adequada às condições do local. O FCK (elemento que mede a resistência do concreto) deveria ser mais forte na base”, comentou.
*Em relação ao projeto de execução, a aquisição de materiais foi levada em consideração. “Não adianta constar no projeto um tipo de telha, se é comprado outro tipo”, comentou.
*Casa desaba na Colônia
*O desabamento de uma casa por volta das 8h de ontem, na rua Esperança, nº 15, no bairro Colônia Oliveira Machado, zona sul, por pouco não levou a morte a dona de casa Heloíse da Silva, 24, e sua filha Brenda Nicole de apenas 4 anos de idade. Com a estrutura comprometida, a casa desabou sobre as vítimas que sofreram várias escoriações pelo corpo.
*As vítimas dormiam na sala da casa quando Heloíse ouviu um barulho e ao pensar que se tratava de alguém batendo na porta, levantou para ver de que se tratava, ao ver que não havia ninguém nas proximidades de sua casa voltou para o local onde estava dormindo com a filha. A estrutura da casa começou a desabar e Heloíse debruçou-se sobre a menina para protegê-la. Parte do peso da estrutura de uma das paredes da casa foi sustentada pela geladeira e as duas permaneceram presas, aos escombros por cerca de 10 minutos.
*Os vizinhos ajudaram a remover os escombros e mãe e filha foram retiradas do local e levadas ao Serviço de Pronto Atendimento (SPA) da Colônia Oliveira Machado, localizado no bairro do mesmo nome. Brenda teve arranhões na perna direita e Heloíse sofreu várias escoriações pelo corpo, e diversos corte na cabeça, "quando tudo estava desabando a única coisa que pensei foi em proteger minha filha" disse Heloíse.
*A estudante de enfermagem, Mara Rocha, 37, conta que a dona de casa, morava no local com sua irmã, a vendedora Maria do Perpetuo Socorro da Silva, 35, a mais de quinze anos, porém não havia sinais aparentes de que o imóvel pudesse vir a desabar. Mara informou ainda que Socorro tinha saído de casa para trabalhar em companhia do filho de 3 anos, que deixaria na creche, 30 minutos antes de acontecer o desabamento, "foi um milagre não ter acontecido o pior a elas, o sobrinho de 3 anos e a irmã que está grávida de 8 meses não estarem aqui no momento do desabamento, teria sido uma tragédia ainda maior" ressaltou Mara.
*O Corpo de Bombeiros foi acionado e chegou ao local cerca de 15 minutos depois do acidente, isolando a área. O laudo sobre as causas do acidente deve sair em cinco dias.
*Luís Ebiton, Chefe de plantão da Defesa Civil, informou que o desabamento ocorreu em virtude da falta de orientação técnica na construção. Devido as chuvas a infiltrações, foi cedendo a construção e a estrutura ficou bastante comprometida, "o fato será levado ao conhecimento da Defesa Civil e a área será analisada para saber se há possibilidades de receber uma nova construção ou não, caso o resultado seja negativo, a família será cadastrada e providências serão tomadas pela Prefeitura" explicou Luís.