Doleiro já foi preso em Rondonia

Preso em operação da pf, Marcos Glicka já foi preso em Rondônia e acusou Cassol de cumplicidade.

Doleiro já foi preso em Rondonia

Foto: Divulgação

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Entre os onze alvos da Operação Porto Victoria, deflagrada nesta quinta-feira, 11, estão Marcos Glikas e Abidão Bouchabiki, apontados como doleiros com importante papel na organização criminosa que movimentou cerca de R$ 3 bilhões em operações fictícias de comércio exterior e fuga de capitais da Venezuela.

Glikas já foi alvo da Polícia Federal em 2004, tido como um dos maiores contrabandistas de pedras preciosas do Brasil. Na ocasião, ele foi preso pela Operação ‘Kimberley’, nome do certificado exigido para comercialização internacional de diamantes.

Segundo a PF, Glikas já havia sido preso em Nova Iorque, por ordem da Justiça americana em investigação de lavagem de dinheiro. Solto após o pagamento de fiança, ele retornou ao Brasil. Em 2004, foi pego na investigação sobre garimpo ilegal em Rondônia, envolvendo índios da etnia cinta larga e o então governador de Rondônia, e hoje senador, Ivo Cassol.

A PF informou que Glikas é investigado, agora, da Operação Porto Victória que desmontou organização criminosa para lavagem de dinheiro, evasão de divisas e gestão fraudulenta de instituição financeira. Abidão Bouchabiki também está sob suspeita da Polícia Federal. Por meio de uma corretora de câmbio ele teria fraudado contratos para simular operações de comércio exterior com exportações para a Venezuela de produtos superfaturados em até 5.000%.

A Porto Victoria é uma investigação iniciada há nove meses, a partir de um alerta da Agência Norte Americana de Imigração e Alfândega (ICE) envolvendo um brasileiro que estaria ligado a um esquema de lavagem de ativos em diversos países, entre os quais a Venezuela. “Identificamos uma evasão de bilhões de bolívares venezuelanos”, disse o delegado Alberto Ferreira Neto, que conduz a investigação.

A PF constatou que o ex-vice-presidente do Banco do Brasil Allan Simões Toledo, hoje executivo do Banco Banif, é um dos envolvidos nas operações ilegais. Ele foi preso em regime temporário por cinco dias. Glikas e Bouchabiki foram presos sob suspeita de cooptarem bancos para formalização de contratos de comércio exterior – exportações fictícias para Caracas que abriam caminho para depósito de valores em contas secretas em Hong Kong. Entre os presos da Porto Victoria está o ex-secretário municipal da Copa do Mundo em Curitiba (PR), Luiz de Carvalho, também sob suspeita de lavagem de dinheiro.
Funcionários desses bancos “trabalhavam a serviço do crime organizado”, segundo a PF. Os funcionários das instituições financeiras vão ser chamados para depor. “Fazem do crime financeiro e do colarinho branco seu modo de vida”, disse o delegado Alberto Ferreira Neto.

Três desses funcionários de bancos foram presos “por condutas extremas”, informou a PF. “A organização criminosa usa o sistema financeiro formal para evasão”, disse o delegado. “Sempre encontram uma brecha.”

Preso em Rondônia em 2004

Em Rondônia, em 2004 Marcos Glikas foi preso pela Polícia Federal na Operação Kimberly com cerca de mil quilates de diamantes. As pedras vinham da reserva indígena Cinta Larga.

Na época, Glikas disse que agia com o consentimento do então governador de Rondônia, Ivo Cassol e o arrolou como sua testemunha de defesa no processo. Como prova do suposto relacionamento entre ambos, apresentou fotos de reunião no palácio do governo, em 2003, em que apareciam juntos.

Em depoimento sigiloso na Justiça Federal, em Porto Velho, Glikas repetiu que Cassol, hoje senador, teria conhecimento das atividades. Ele foi solto e respondeu ao processo em liberdade por ter colaborado no caso.

Segundo o Ministério Público Federal, o doleiro agia em sociedade com o delegado da Polícia Federal Sérgio Bocamino, de Ribeirão Preto (SP), com o agente da Polícia Federal Marcos Aurélio Bonfim -ambos presos- e ainda com o comerciante de pedras preciosas José Roberto Gonsalez. Glikas já esteve preso nos Estados Unidos por lavagem de dinheiro.

O Ministério Público baseou seu pedido de investigação também nos depoimentos dos caciques dos índios cintas-largas no inquérito da PF sobre as mortes dos garimpeiros. Eles foram unânimes em dizer que o governador propôs construir escolas, dar atendimento médico e melhorar a qualidade das estradas de acesso às aldeias em troca de autorização para extrair diamantes na reserva.

Em setembro de 2003, Gonsalez foi detido pela Funai na reserva Roosevelt. Posteriormente, foi identificado pela PF como contrabandista de diamantes. Ao ser abordado pela Funai, ele mostrou declaração da presidente da empresa estadual CMR (Companhia de Mineração de Rondônia), Leandra Fátima Vivian, dando-lhe poderes para representar o Estado em assuntos comerciais no Brasil e no exterior. Ele tinha um crachá de funcionário da estatal.

No pedido de inquérito contra Ivo Cassol, a subprocuradora-geral da República Cláudia Sampaio Marques, de Brasília, disse que o governador teria se aliado a “notórios contrabandistas de diamantes”, citando Glikas e Gonsalez.

Ela diz que Cassol colocou a CMR à frente do negócio, “para não aparecer como protagonista da ação delituosa”. A presidente da estatal foi chefe-de-gabinete de Cassol e acumulou as duas funções até três meses atrás. Para a procuradora, o “presidente de fato” da CMR seria o governador.
Como Cassol tem direito a foro especial e só pode ser investigado pelo STJ, o Ministério Público Federal juntou cópias dos depoimentos de Glikas e dos caciques e outros indícios -fitas com gravações de interceptação telefônica judicial- e pediu a abertura de inquérito.

Caciques

Nos depoimentos à PF, os caciques das aldeias cintas-largas relataram um encontro que tiveram com Ivo Cassol, em Rolim de Moura (RO), no início de 2003. Os índios foram pedir melhorias na reserva. No encontro, segundo afirmaram, Cassol teria condicionado a ajuda a um acordo para a exploração do garimpo. Na época, Cassol confirmou a reunião em Rolim de Moura, mas negou ter feito a proposta.

O cacique Nacoça Pio Cinta Larga, em depoimento no dia 16 de junho de 2003, afirmou que Cassol teria pedido participação de 2% na produção de diamantes e prometido que a Funai (Fundação Nacional do Índio) não interferiria na mineração dentro da reserva.

A exploração mineral por terceiros em terra indígena é proibida por lei e o acesso às aldeias só pode ser feito com autorização da Funai. Segundo o DNPM (Departamento Nacional de Produção Mineral), a legislação só permite a extração por “cata” (manual) pelos próprios índios.

Após a reunião em Rolim de Moura, o governador esteve na reserva Roosevelt para pedir autorização dos índios para que o programa “Globo Repórter”, da TV Globo, filmasse a atividade garimpeira ilegal dentro da reserva.

O cacique João Cinta Larga, conhecido por João Bravo, disse que o agora senador esteve em sua aldeia sem conhecimento da Funai e que durante a visita teria proposto colocar maquinário e pessoal para extrair diamante da reserva. João Bravo disse ter recusado a oferta, após consultar as outras lideranças dos cintas-largas.

Os caciques Oita Matina e Raimundo Cinta Larga disseram que o então governador havia se irritado com a recusa de João Bravo e que, no mesmo dia, ordenou a retirada dos soldados do Batalhão Florestal que davam proteção à reserva. Matina acusou o governador de ter incentivado os garimpeiros a bloquear a BR-364 (fato ocorrido em 29 de setembro de 2003) e a invadir a reserva.

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