NÚCLEO DA USP: Monte Negro tem saúde pública que é modelo para pequeno municípios

O aparelhamento de unidades e a vacinação eficaz geram mais resolutividade nos procedimentos clínicos

Existe a cultura de que em pequenos municípios não é possível desenvolver bons serviços de saúde pública e isso acaba impactando nos polos regionais que absorvem as demandas causando superlotações de unidades e acúmulos de serviços. Em Rondônia, o município de Monte Negro é uma exceção, quando o assunto é saúde. O Campus Avançado ICB-V da Universidade Federal de São Paulo (USP) instalado no município se tornou uma unidade eficiente de pesquisa capaz de atender pacientes com doenças negligenciadas endêmicas da Amazônia.

 

Localizado no Vale do Jamari, com pouco mais de 16 mil habitantes, no município foi instituído um modelo de saúde que subdivide os atendimentos evitando que os pacientes dependam diretamente do hospital para todas as necessidades. O projeto inicial foi patrocinado pelo Banco Mundial nos primeiros anos da municipalidade.

 

Tudo começou numa época em que a população não suportava a precariedade e exigiu do poder executivo soluções por conta da ineficiência da saúde. O médico e pesquisador Luís Marcelo Aranha Camargo (Pós-doutor em Doenças Negligenciadas Tropicais) foi o idealizador do sistema de saúde que modificou as rotinas e criou serviços para atender demandas que não precisavam de hospital. Durante entrevista ao jornal eletrônico Rondoniaovivo, ele contou que a saúde pública no município estava estrangulada, com acúmulo para os poucos médicos, havia sobrecarga de trabalho e ineficiência nos resultados.

 

A partir de 1997, a partir de um olhar diferenciado da gestão municipal, foi iniciado o processo de reestruturação da saúde público municipal. O primeiro passo foi criar serviços fora do hospital para atendimentos como farmácia, exames laboratoriais, testes rápidos e outras demandas. Com isso, os médicos e o hospital passaram a atender apenas pacientes que de fato necessitassem da unidade. A reordenação deu certo e os efeitos foram percebidos na qualidade final dos procedimentos.

 

Serviço modelo

 

Ao contrário do que se pensa, montar uma estrutura eficaz de saúde é possível para os pequenos municípios que trabalham no limite dos recursos. Os investimentos não diferem do que já é utilizado regularmente pelos orçamentos das prefeituras. A aquisição de aparelhos para diagnósticos e os atendimentos direcionados para as causas e origens das doenças favorecem na resolução dos problemas de saúde.

 

O médico Luís Aranha destaca como vantagens o aumento de resolutividade e a eficiência nos atendimentos. Ele conta que atualmente o maior problema do Sistema Único de Saúde (SUS) é o excesso de demanda por especializações. Dependendo do tipo de exame, os pacientes chegam a esperar de seis meses a um ano para obter diagnósticos, tempo este, que pode comprometer o tratamento.

 

O núcleo de saúde em Monte Negro possui equipamentos para diversos tipos de exames e o uso da telemedicina resolve a falta de especialistas. Os pacientes são atendidos à distância pelos melhores profissionais em suas áreas sem a necessidade e custos com deslocamentos. “Uma estrutura como essa reduz custos, evita transtornos ao paciente com deslocamentos e tratamentos fora do domicílio e agiliza os processos clínicos gerando maior eficiência nos tratamentos”, destacou o médico pesquisador.

 

Telemedicina

 

A conexão direta com a USP e com a Escola Paulista de Medicina (EPM/Unifesp) proporciona maior resolutividade nos atendimentos clínicos e hospitalares. Através da telemedicina, profissionais de diversas especialidades podem contribuir com os processos e oferecer serviços que a rede municipal de saúde de Monte Negro não dispõe. Esse mesmo modelo vem sendo aplicado em comunidades e municípios isolados pelo distanciamento da vasta Amazônia. A estrutura montada no município comporta a procura e realiza os procedimentos necessários sob orientação dos especialistas à distância. 

 

Vacinação é eficaz

 

Outro fator destacado pelo médico Luís Aranha é a eficiência da imunização da população. Com esquema vacinal em dia, a saúde das pessoas melhora e reduz a procura em unidades de saúde. Com isso a estrutura montada é destinada para quem de fato necessita dos serviços. A vacinação eleva em até dez anos a média de vida. O pesquisador diz que a expectativa de vida da população aumentou em cerca de dez anos, e, com isso, foi necessário inverter as ações que antes eram voltadas para as pesquisas com doenças tropicais e, agora, com a transição epidemiológica, mudou o perfil do núcleo da USP para atender além de doenças tropicais passou a atender de tudo, como doenças crônicas, e procedimentos para todas as fases: crianças, jovens e adultos.

 

Como médico e pesquisador, Aranha critica a cultura antivacina e alerta para a quebra da imunidade contra doenças que já estavam erradicas no país. Ele alerta que o conceito antivacina não tem base cientifica e trata-se de uma hesitação que envolve relutância ou até recusa em vacinar. “A vacinação favorece mais tempo de vida e contestar essa eficácia é um erro procedente de pessoas que desconhecem a tecnologia de produção de vacinas ou que tenham interesse na quebra da imunidade da população”, alertou.

 

O pensamento do pesquisador é o mesmo da Organização Mundial de Saúde (OMS) que está preocupada com a hesitação em vacinas que já aparece como uma das dez maiores ameaças à saúde mundial. Luís Aranha já trabalhou em outros países e elogia o Brasil por oferecer diversos tipos de vacina e de graça. “O sistema de vacinação do SUS é muito eficiente e simplificado, inclusive com vacinas que em outros lugares são disponibilizadas somente em rede privada, enquanto que aqui é tudo de graça e sem burocracia”, elogiou.


 

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