“Teste de fidelidade” teria provocado a discussão que acabou em tragédia
Foto: Divulgação
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Em entrevista coletiva concedida na tarde desta quarta-feira, 24, o delegado Núbio Lopes de Oliveira, titular da Delegacia de Homicídios de Vilhena, anunciou a conclusão do inquérito que investigava um crime que chocou a cidade: o assassinato do cabeleireiro Daniel Reis de Camargo, de 38 anos, no dia 26 de setembro.
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Principal suspeito de ter cometido o crime, o também cabeleireiro Ozéias Cassimiro de Camargo, 33, se entregou à polícia dias após a morte da vítima e apresentou sua versão: disse que Daniel, com quem ele era casado “no papel”, havia tentado matar os dois usando gasolina.
Ao abordar o caso, o delegado descartou a veracidade da história contada pelo suspeito e o indiciou por homicídio duplamente qualificado: uso de meio cruel e de recurso que dificultou a defesa da vítima.
Núbio baseou suas conclusões no depoimento de testemunhas que conversaram com Daniel em seus últimos momentos de vida. Segundo estas pessoas, o cabeleireiro apontou o parceiro como autor do ataque fatal. No trajeto até o hospital, dentro da viatura que o havia socorrido, ele também contou aos Bombeiros que tinha sido incendiado por Ozéias.
Segundo o delegado, outro fator que também leva à conclusão de que Daniel não provocaria tamanho estrago em seu próprio corpo era a vaidade que ele tinha: “Mesmo em estado crítico, sem cabelo e com 90% do corpo queimado, ele perguntava como estava sua aparência. Ele não tinha noção do quanto era grave o seu quadro”, revelou o investigador.
FASE BOA DA VIDA
O delegado também não viu motivos para o cabeleireiro querer se matar. Segundo Núbio, ele estava em um bom momento de vida e havia até reatado o relacionamento com a filha, fruto de seu casamento heterossexual, desfeito antes de iniciar a convivência homoafetiva.
CONTOU PARA A MÃE
Já no hospital, e ainda acreditando que sobreviveria, Daniel pediu a presença da mãe, a quem também contou que havia sido queimado pelo marido. Tanto a mãe quanto as outras pessoas que ouviram o relato disseram que a confissão não havia sido feita com mágoa, mas com decepção pela atitude do companheiro.
TESTE DE FIDELIDADE
Sobre o motivo da briga que acabou em tragédia, o delegado informou que a discussão entre vítima e acusado teve início por causa do ciúme de Daniel, confirmado pelas testemunhas.
Desconfiado do parceiro, o cabeleireiro entrou numa sala de bate-papo e, usando outro nome, marcou encontro com ele. Ao comprovar a infidelidade virtual, ele confrontou o companheiro com a descoberta, o que teria motivado o bate-boca.
CONFIDÊNCIA À AMIGA
No dia do ocorrido, Daniel ligou para uma amiga e disse que iria ter uma conversa com o parceiro, a fim de resolver a situação conjugal, já que as brigas entre eles eram constantes. E avisou que voltaria a telefonar para dizer como havia sido o diálogo. Para o delegado, esta promessa deixa claro que a vítima não tinha intenção de se matar.
CRUELDADE
O delegado revelou que, para desferir o ataque, Ozéias usou a gasolina que mantinha estocada em casa. Ele recebia o combustível para abastecer a moto com a qual trabalhava na campanha de um candidato do Cone Sul no pleito deste ano.
Núbio também relatou que o acusado jogou o produto na vítima quando ela estava sentada, e que a cadeira atingida pelas chamas atestam esta situação.
PRENDEU A CACHORRA
Segundo relatos de uma vizinha, a quem Daniel pediu socorro já com o corpo completamente chamuscado, ele teria sido trancado dentro do salão de beleza por Ozéias. O acusado, mesmo com o parceiro naquela situação, se preocupou mais em prender a cadela pit bull do casal, do que em socorrê-lo. Antes da chegada dos Bombeiros, ele montou em sua moto e fugiu do local.
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