O promotor de Justiça do Ministério Público de Rondônia, Marcus Alexandre de Oliveira Rodrigues, que atua com delitos de trânsito, afirmou que no Brasil existe uma cultura do trânsito violento. Ele disse que muitas pessoas se transformam quando estão dirigindo.
'Não quero generalizar nada, mas, geralmente, o brasileiro tem uma cultura de direção de trânsito ofensiva e não, defensiva. É aquele cidadão de bem, que honra os compromissos, é um pai de família, porém, quando entra no carro, ele se transforma e coloca todo mundo em risco. E quando ele desce do veículo, volta a ser aquele pacato cidadão', explicou.
Para o promotor de Justiça em muitos casos a pessoa toma remédios controlados, bebe álcool, não obedece preferencias, pratica excesso de velocidade e acaba causando tragédias nas ruas e estradas do país.
'Ele acaba por matar um cidadão que está saindo do trabalho e os pais estão em casa com a janta pronta. Ou mata aquele pai de família que ia para casa com o pão, o peixe e alguns bombons para os filhos. Esse é um caso real que eu presenciei', declarou.
Lei Seca
Marcus Alexandre avaliou que outro fator que influencia a violência no trânsito é a impunidade. Ele elogiou a atuação da operação de fiscalização de trânsito “Lei Seca” que ocorre, diariamente, em vários pontos da capital e no interior.
'Parabenizo a todas as equipes envolvidas na ‘Lei Seca’. O Detran e a Polícia de Trânsito devem continuar fazendo essas blitzes e, penso, que deve ser intensificado esse trabalho. Mas o que vai mudar mesmo esse trânsito, acredito, que é a educação no trânsito e devemos começar desde as crianças. Segurança viária deveria ser tratada com mais frequência e assiduidade como matéria escolar e palestras', avaliou.
Ele afirmou que há uma diferenciação entre homicídio de trânsito e acidente de trânsito. O promotor explicou isso com exemplos e mostrou que ao contribuir com transgressões no trânsito há a intenção de produzir um resultado.
'Quando uma pessoa caí no banheiro e sofre traumatismo craniano ou quando está dirigindo o carro e quebra a barra de direção e atropela alguém, são acidentes. Agora, quando o indivíduo se embriaga, conduz em excesso de velocidade, faz racha e não obedece às regras de trânsito, essa soma de fatores atraí o assassinato, o homicídio no trânsito mediante dolo eventual', disse.
A Organização Mundial da Saúde (OMS) informou que ocorrem 1,2 milhão de mortes anuais nas ruas e estradas do mundo e a urgência de os países adotarem o antídoto mais eficaz: a redução das velocidades. No Brasil mais de 30 mil pessoas morrem anualmente no trânsito brasileiro, e essa tragédia é a principal causa de óbitos de crianças e adolescentes.