Instalada na margem esquerda do rio Madeira e na foz do rio Aponiã, a sede do distrito de Nazaré continua debaixo d’água. A comunidade sofre com nova cheia que invadiu casas, igrejas, comércios e cobriu poços e plantios. A Defesa Civil do estado e da prefeitura atuam em favor dos moradores atingidos nas comunidades do Baixo Rio Madeira. Apoios na saúde, alimentação, água potável e outras necessidades vem sendo supridas para minimizar os impactos. As aulas foram suspensas e o modo de viver foi alterado nesse período.
A situação de alagamentos no distrito de Nazaré e outras comunidades ribeirinhas demonstra a necessidade de pensar um novo planejamento para as habitações. Grande parte das moradias e comércio está na parte baixa, à margem do rio Madeira e a cada inverno intenso volta a causar desabrigados. Apesar do apego ao lugar e do valor histórico, a convivência com o perigo e com as perdas que se repetem a cada cheia, conduzem à necessidade de propor um lugar mais seguro para viver.
Na Amazônia, os rios são os caminhos que transportam de tudo. As relações dos moradores de comunidades tradicionais com os rios são intensas não somente pela necessidade de locomoção, mas envolve a cultura e os modos de vida. No entanto, quando os problemas são maiores que os benefícios é tempo de replanejar o padrão urbano. Em Nazaré, já existem alguns moradores que mudaram para a parte mais alta, fora da margem do rio. Essa é uma das alternativas que precisa ser considerada em busca de soluções.
Na cidade de Porto Velho, os moradores de oito bairros que sofriam com constantes alagações foram recolocados em conjuntos habitacionais construídos pelos governos federal, estadual e prefeitura. O modelo pode ser seguido para oferecer a vivência dos ribeirinhos no lugar, sem as perdas e constrangimentos causados pelas enchentes.
Para o Baixo Rio Madeira seria importante propor projetos que possam aliar moradia segura com os valores históricos e culturais ancestrais.