Ao final da primeira temporada da série coreana Round 6, o personagem central, Seong Gi-hum (interpretado pelo ótimo Lee Jung-jae, que foi desperdiçado na série “Acólito”, da Disney, no cânone da saga Star Wars), após vencer a sangrenta competição - que contou com 450 participantes - e levar o prêmio de 45,6 bilhões de Wons, teria que viajar e ir para os Estados Unidos, mas ele então resolve voltar, contrariando os mentores dos jogos.
A segunda temporada inicia onde a primeira parou, e para espanto de muitos, agora a série amplia a sua história e mostra não só uma nova competição, como dá sustentação pessoal para que Seong gaste parte da sua fortuna empenhado em destruir a competição e quem ainda a mantém ativa.
Em três anos ele fica procurando o homem do metrô, que é um dos recrutadores das pessoas que devem participar dos jogos. Contrata os serviços de um pequeno gângster para vigiar todas a linhas do metrô, e ao mesmo tempo acompanhamos o empenho do policial Hwang Jun-Ho, que foi baleado pelo próprio irmão e sobreviveu, logo após ele descobrir que ele é o “Frontman”, o chefão dos jogos.
Os dois desempenham uma luta para descobrir como chegar a ilha onde acontece a competição e assim poder dar fim ao que acontece, com a morte de centenas de pessoas para a diversão dos Vips – pessoas muito ricas que sustentam o evento para a própria diversão.
Os dois primeiros episódios, ainda fora da competição, mostram a procura e um jogo de gato e rato entre Seong e o homem do metrô – o Salesman (vivido de forma brilhante e assustadora pelo ótimo Gong Yoo) -, que tem uma sequência absurdamente dramática num quarto isolado e imundo enquanto disputam uma roleta russa que vai mudar o destino de um deles.
Com esse segmento inicial e premissa a segunda temporada permite com novos personagens conhecermos mais de perto os bastidores dos jogos, seja através de um importante infiltrado entre os jogadores ou mesmo uma das soldados dos símbolos – a 011 – que tem um passado tenebroso.
A ousadia do criador, roteirista e diretor da série Hwang Dong-hyuk, a mente criativa por trás da história, as mortes brutais e jogos sangrentos, acrescentou um mote curioso e muito atual, quando divide o novo grupo de jogadores em times distintos que caracterizam pelas cores azul e vermelho, sendo que esse último grupo, na qual Seong Gi-hum vai ingressar é mais consciente do perigo, menos ambicioso e mais voltado pelo bem estar de todos, o outro grupo é egoísta, violento e extremamente ambicioso em busca do prêmio máximo.
O diretor cria uma metáfora muito clara em distinção política que é impossível não desassociar da realidade contemporânea entre a representatividade da direita e da esquerda.
A produção continua incrível, com grandes cenários para a realização dos jogos, fora a parte técnica impecável, com fotografia, edição e muito uso de planos sequências para acentuar a tensão das cenas mais brutais.
Os novos personagens continuam sendo muito bem construídos e alguns que são perdidos pelo caminho, deixam uma parte legada para quem continua.
O personagem que mais se sobressai e causou uma certa polêmica é Hyun-ju (muito bem vivida pelo ator Park Sung-hoon), a jogadora Número 120, que é trans do gênero feminino, e acredita que caso ganhe a competição pode fazer a sua transição definitiva. Ela é vista com certo desdém por muitos jogadores, até impressionar um grupo, onde passa a se sobressair pela sua astúcia e perspicácia. Porém, para a série, quem assistiu alguns espectadores lamentaram o diretor não ter utilizado uma atriz trans para fazer esse papel.
Ela tem uma participação essencial, principalmente na parte final dessa segunda temporada.
A terceira temporada vai estrear esse ano ainda e deve encerrar esse ciclo dos jogos brutais, porém deve ganhar desdobramento com spin-offs, segundo o seu criador.
RECORDES
A primeira temporada de Round 6 detém com a Netflix como a série de maior sucesso da sua história - com 2,2 bilhões de horas assistidas e 265,2 milhões de visualizações -, batendo inclusive a clássica “Stranger Things”. Essa segunda empreitada já está encaminhando a superar a primeira, de acordo com dados da FlixPatrol, desde que foi lançada no dia 26 de dezembro, é o título mais assistido nos 93 países que tem Netflix.
Uma curiosidade: o valor do prêmio da primeira temporada, de 45,6 bilhões de Wons, caso a competição fosse realizada no Brasil, esse valor, de acordo com a atual cotação, seria de R$ 192,08 millhões, pois R$ 1 corresponde a cerca de 237,5 Wons.