A juventude não quer só comida, quer diversão e arte, quer a vida como a vida quer (Titãs, 2008), quer ser ouvida, quer demostrar e dizer o que pensam, quer abrir seu coração para o diálogo saudável e produtivo. A conversa com a juventude precisa ser autêntica, honesta, diálogo aberto para debater as pautas que façam parte de sua realidade.
O CNS na sua práxis de movimento, desafiando o imaginário amazônico e a realidade de desigualdades sociais na maior biodiversidade tropical do planeta, promove juntamente, com Memorial Chico Mendes e parceiros sociais: Instituto Clima e Sociedade – iCS, WWF-Brasil e Rainforest Foundation Noruega – FRN o II Encontro da Juventude Extrativista da Amazônia, no Amapá,no município de Mazagão, na Escola Família Agroextrativista do Carvão, de 22 a 26 de novembro de 2022.
É estratégico para o CNS processos de formação da juventude extrativista articulando política, ideologia, comunicação e educação, especialmente, neste momento que é exigido da sociedade brasileira participação política, organização comunitária, mobilização social, debates e resistência para a superação da fome e dos retrocessos sociais e socioambientais, recentes, que atingiram o território coletivo de uso comum na Amazônia.
Em cada tempo e espaço, os atores sociais do campo, da floresta e das águas – exemplo de Chico Mendes e Wilson Pinheiro como líderes extrativistas – envolveram- se em processos diferenciados de formação, mobilização e organização dos trabalhadores da Amazônia, de reação aos opressores, movidos pelo capital: latifundiários e empresas capitalistas. Um contexto histórico das frentes da expansão nacional, marcada por massacres de povos indígenas, redução e invasão de terras, mortes de líderes e desaparecimentos de povos de comunidades tradicionais (Martins, 2018). Os Sindicatos de trabalhadores rurais e as Comunidades Eclesiais de Base – CEBs tiveram papel central para a formação da consciência social de contraposição ao progresso de nação, definido pelo Estado repressivo, distante dos princípios de igualdade, direitos humanos, solidariedade na perspectiva da emancipação da sociedade e da dignidade na Amazônia.
Nas múltiplas diversidades de tempos históricos na Amazônia que atravessam o tempo do capital, é um desafio politico para o CNS a formação da juventude, mas é imprescindível no tempo presente, alinhar pragmaticamente a percepção político- ideológica, crítica e reflexiva da juventude com elementos teóricos e práticos, alicerçados no modo de vida, autoformação, diálogo com a realidade dos territórios, ser dialética, gerar autonomia, proporcionar e fortalecer a organização coletiva, que possibilite a transformação de sujeitos na defesa dos direitos de povos de comunidades tradicionais.
No contexto do pensamento social na Amazônia há uma história social da terra no País, marcada por profundos conflitos agrários e fundiários, uma Amazônia subordinada aos interesses do capital (Martins, 2018), que estabelece a acumulação capitalista possível com a exploração da riqueza da sociobiodiversidade, expropriação dos trabalhadores e expulsão das comunidades rurais de suas terras e dos territórios extrativistas. Subjugando e menosprezando o papel dos indígenas e povos de comunidades tradicionais na conservação da terra e da floresta.
Mas na história de expropriação e conflitos agrários e fundiários na Amazônia, há também muitas conquistas alcançadas. A mais revolucionária, que simboliza o legado de Chico Mendes são as Reservas Extrativistas, que representam na luta dos trabalhadores brasileiros da Amazônia, o estabelecimento da reforma agrária ecológica, que combina uso da terra com sustentabilidade, conservação ambiental e garantia de direitos. Uma conquista da geração de Chico Mendes que hoje possibilita às novas gerações – atualmente sob forte ameaça pela politica ambiental do governo federal – garantia de território protegido para resistir às atuais formas de violações de direitos humanos.
Por fim, mesmo com todo o desafio existente, a formação política da juventude é prioridade na estratégia politica do CNS, para fortalecer o processo pedagógico do movimento, articulado com a pedagogia Freiriana, avançar na superação dos desafios operacionais, criar uma relação do território como ambiente educativo, de expressão das lutas e as diferentes formas de organização das comunidades, na perspectiva de uma formação que esteja em movimento com os “Empates, faça parte da vida da comunidade e fortaleça os laços de solidariedade comunitária na defesa dos direitos e da vida na Amazônia.
Metodologia
A estratégia é possibilitar a juventude de povos e comunidades tradicionais dos biomas brasileiros expressarem suas alegrias, sorrisos, ternuras, vibrações, pensamentos e sonhos na participação coletiva no Encontro de formação política e comunicação ativista no Estado do Amapá.
Garantir que possam transitar com pluralidade, diversidade e participação democrática em todos os temas e discussões, animando o processo de autoformação da juventude. Sejam ouvidos e possam na oportunidade do Encontro traduzir com profundidade o imaginário juvenil da juventude da Amazônia: concepção sobre os desafios atuais, resistência políticas do seu tempo para a defesa dos direitos humanos e socioambientais, do lugar de vida e cultura onde vivem.
Programação
II ENCONTRO DA JUVENTUDE EXTRATIVISTA
1o DIA – 22/11- Terça-Feira
08h30 – Mística de Acolhimento.
08h45 – Abertura e Boas- Vindas aos participantes
09h30 – Mesa 1. Memória histórica das lutas e da resistência de povos e populações de comunidades tradicionais extrativistas.
Participação especial nesta mesa – no diálogo com a juventude – de líderes históricos do movimento extrativista, no resgate dos “Empates”, na articulação do processo de organização da “Aliança dos Povos da Floresta” (indígenas e extrativistas), e na conquista da Reserva Extrativista no Brasil.
Em que contexto surge à luta dos movimentos sociais em defesa dos territórios uso comum na Amazônia e no Brasil? Quais eram seus principais desafios? E quais são os desafios atuais?
Leticia Moraes – Secretária de Juventude do CNS (moderadora) Júlio Barbosa – Presidente do CNS,
Celso Custódio – Líder histórico CNS
Manoel Cunha – Ex-presidente do CNS
Maria Nice – Secretária de Mulheres do CNS Mathias de Souza- COIAB
Karla Martins – Casa Ninja/Mídia Ninja
12h30 – Almoço
14h30 – Mesa 2. O “legado” de Chico Mendes e o futuro dos territórios tradicionais de uso coletivo na percepção da juventude.
Bruna Lima – Instituto de Estudos Amazônicos – IEA (moderadora) Raiara Barros – Engaja Mundo
Cátia Santos – Comitê Chico Mendes
Edinalda Nascimento – Rede Pantaneira
Júlia Caterine Anunciação – Rede Caiçara Caio Mota – Conaq
Marciely Tupari – Secretária COIAB Jovem EFAC – a definir
16h30 – Intervalo
16h45– Retorno das discussões 17h30 – Encerramento da Mesa.
20h00 – 22h00 – Sarau cultural – Espaço cultural reservado para apresentação de filmes, músicas e poesias sobre a história do processo de colonização, frentes de expansão na Amazônia e a importância da luta dos povos e comunidades tradicionais extrativistas em contraposição as formas de ocupação capitalista, dualista e estereotipada na Amazônia.
2o Dia: 23/11- Quarta-Feira.
08h30 – Mesa 3. A importância das economias da sociobiodiversidade no enfrentamento as crises Climáticas.
A Mesa terá o papel de dialogar sobre a defesa de uma economia capaz de conviver com a floresta, garantir direitos distribuir renda de forma justa nas reservas extrativista, territórios indígenas, quilombolas e comunidades tradicionais, apontar processos para resistir ao modelo hegemônico que avança em escala regional, nacional e internacional, por meio da economia da destruição ambiental, movida por empresas transnacionais, governos nacionais e subnacionais. E como as economias da sociobiodiversidade são imprescindíveis para o enfrentamento à crise climática no Brasil e no Mundo e os principais desafios a serem enfrentados para superar os retrocessos recentes da politica ambiental no Brasil.
Jose Ivanildo – Tesoureiro do CNS (moderador)
Maria Socorro – Vice-Presidente CNS
Vanessa Ferreira – COIAB
Joaquim Belo – Secretário de Relações Internacionais CNS Angélica Mendes – WWF Brasil
Keli Réggias Dias – Pacto das Águas Eduardo Ganzer – GIZ
12h00 – Almoço
14h00 as 17h00 – Mesa 4. O papel das mulheres na defesa, gestão e governança nos territórios.
O papel e importância da mulher na luta para garantir a defesa dos territórios de uso coletivo e o protagonismo na implementação, gestão e governança dos territórios tradicionais. E o processo de organização das mulheres no enfrentamento das ameaças as violações de direitos e modo de viver nos territórios.
Silvia Elena – Secretária de Direitos Humanos do CNS (moderadora) Maria Nice – Secretária de Mulheres CNS
Nome COIAB – a definir
Nome Conaq – definir
Nome Jovem – a definir 16h00 – intervalo
17 – Encerramento
19h00 – Sarau Cultual – documentário “Borracha Para a Vitória”, dirigido pelo cineasta Wolney Oliveira, que resgata a história do segundo ciclo da borracha e da dívida social do estado brasileiro com os nordestinos.
3o Dia: 24/11- Quinta-Feira.
08h30 – Mesa 5. O papel e importância da comunicação popular ativista para o fortalecimento da luta e resistência em defesa democracia e dos direitos de povos indígenas e comunidades tradicionais na Amazônia e outras regiões brasileiras.
Karla Martins – Casa Ninja/Mídia Ninja (moderadora) Luciana Oliveira – TV247
Mônica Prestes – Gota
Thanne Degasperi – Mídia Ninja
Raphael – IEB
Danielle Rodrigues – ANMIGA
13h30 – 1o Oficina. O uso das redes sociais na defesa e proteção dos territórios. (Facilitadora:
Thanne Degasperi – Mídia Ninja).
16h00 – Encerramento da oficina (jogo da seleção brasileira na Copa do Mundo) 19h00 – Noite Livre
4o Dia: 25/11- Sexta-Feira.
08h30 – 2o Oficina. Fortalecer as redes de comunicação ativista em defesa das lutas
socioambientais na Amazônia (facilitadora: Luciana Oliveira – TV 247)
11h00 – 3o Oficina. Designer na comunicação popular (Facilitador: Henrique Miranda – Mídia Ninja)
12h00 – Almoço
14h00 – 4o Oficina. Uso de ferramentas digitais para elaboração, edição de imagens e vídeos
(Facilitador: Thiago Araújo – Miracena/WWF-Brasil)
16h00 – Intervalo
16h15 – 18h00 – Práticas e Exercícios de comunicação e produção audiovisuais
19h30 – 22h00 – Sarau Cultural (Apresentação PPE EFAC)
5o Dia: 26/11- Sábado
08h30 – Ato Público da Juventude da Floresta. Participação do governador do Estado do Amapá ( local campo de futebol da EFAC).
12h00 – Almoço
14h00 – Plenária de encerramento
Letícia Moraes – Secretária de Juventude do CNS. Facilitadora
Júlio Barbosa – Presidente do CNS CONAQ – a definir
COIAB – a definir
Rede Pantaneira – a definir
18h00 – 23h00 – Sarau Cultural de Encerramento do Encontro (Mazagão Velho)
13h30 – 1o Oficina. O uso das redes sociais na defesa e proteção dos territórios. (Facilitadora: Thanne Degasperi – Mídia Ninja).
16h00 – Encerramento da oficina (jogo da seleção brasileira na Copa do Mundo) 19h00 – Noite Livre
4o Dia: 25/11- Sexta-Feira.
08h30 – 2o Oficina. Fortalecer as redes de comunicação ativista em defesa das lutas
socioambientais na Amazônia (facilitadora: Luciana Oliveira – TV 247)
11h00 – 3o Oficina. Designer na comunicação popular (Facilitador: Henrique Miranda – Mídia Ninja)
12h00 – Almoço
14h00 – 4o Oficina. Uso de ferramentas digitais para elaboração, edição de imagens e vídeos
(Facilitador: Thiago Araújo – Miracena/WWF-Brasil)
16h00 – Intervalo
16h15 – 18h00 – Práticas e Exercícios de comunicação e produção audiovisuais
19h30 – 22h00 – Sarau Cultural (Apresentação PPE EFAC)
5o Dia: 26/11- Sábado
08h30 – Ato Público da Juventude da Floresta. Participação do governador do Estado do Amapá ( local campo de futebol da EFAC).
12h00 – Almoço
14h00 – Plenária de encerramento
Letícia Moraes – Secretária de Juventude do CNS. Facilitadora
Júlio Barbosa – Presidente do CNS CONAQ – a definir
COIAB – a definir
Rede Pantaneira – a definir
18h00 – 23h00 – Sarau Cultural de Encerramento do Encontro (Mazagão Velho)